quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Puxar o lustro e o brio da vitória!


Everton 0:2 Benfica

Mais uma jornada de Liga Europa, os dias começam a deixar-se conquistar pelo Outono, com a noite a anunciar-se cada vez mais cedo. Esta 5ª-feira amanheceu com tonalidades cinzentas a apoderam-se do seu raiar, as névoas permaneceram ao longo do dia impávidas e serenas, o sol ainda espreitou muito envergonhado, por entre as súbitas e escassas brechas que realçaram o fundo azul e deu ainda para perceber a inesperada presença da redonda, branca e esbatida lua que se descobriu no rasgado céu…

Com todos os astros presentes, a natureza a desempenhar o seu costumado papel, na média luz reinante, a temperatura amena suavizou o semblante, depois, o simples facto de jogar o Benfica, eleva-nos a mente, a boa disposição é generalizada e todas as imagens percorridas, faces cruzadas acabam por nos transmitir alento…

Depois do lesto passar do horário laboral, de atravessar, a voar, toda a cidade, para recolher a família dispersa, após breve passagem pelo celeiro (a quantidade e proximidade dos mercados abastecedores, criam-nos a ilusão que estamos sempre necessitados), estava finalmente a salvo de qualquer imponderável do quotidiano, em pleno estágio ou retiro espiritual, preparando-me para visualizar o jogo de Liverpol.
Depois das apressadas e imprescendíveis tarefas domésticas (o stress já faz parte da nossa vida), cheguei a escassos segundos do apito inicial ao abandonado e confortante sofá em frente da TV, para saborear e deliciar-me com mais um jogo de futebol da equipa encarnada.

Na antevisão magicada no meu pensamento, antes do jogo, já sobreavisado que iriam haver algumas mexidas no onze titular, previ que os relvados em Inglaterra costumam estar em bom estado para a prática de bom futebol, o que seria um factor positivo, depois, mesmo que o Aimar não jogasse de início, o Ramires daria provas através do seu voluntarismo inesgotável que solidez não iria faltar no meio do campo...
Depois do começo da partida... deu logo para perceber que os três centrais estariam lá para o jogo nas alturas, os exuberantes extremos, novos, enérgicos e criativos, penetrariam pelas laterais, o Saviola remataria e componha o ramalhete na frente, com o Cardoso nas imediações para o que desse e viesse…

O jogo começou muito competitivo, como é para aquelas bandas, apesar da fase menos propícia dos visitados, mas o Benfica soube sempre aguentar e controlar qualquer ímpeto inicial que lhes desse confiança; apesar de se notar a falta da batuta do maestro Aimar no meio; porque o Di Maria e o Coentrão afinal não estavam muito inspirados e acusaram em demasia o impacto daquele palco…

Mas, apesar de não possuirmos muito tempo o esférico, construindo jogadas longas e rápidas, estivémos sempre aguerridos pela sua posse e disputa, tentando chegar com perigo ao último reduto, faltando alguma calrividência nesse final, ou sorte na cabeçada do Ramires...
O grande Ramires acabou por ser a chave da 1ª parte, incansável a subir até à área na busca do golo, e a correr atrás da bola pelo campo fora. Também foi ganha a aposta do David que assim pode fazer de 3º central, o Sidney, esteve sempre discreto e eficaz, mesmo que não jogasse há muito e de alguma ansiedade inicial.
Com a lesão do nº8, o jogo na 2ª parte, não me parecia estar perto de se resolver, o Ruben, que também não esteve muito exuberante no primeito tempo, mesmo sem comprometer, soltou-se mais um pouco na sua posição natural, mas havia de ser com a entrada do Aimar, com o seu perfume e a sua classe, que toda a equipa se viria a evidenciar.
O Ruben voltou para a direita superior, mas a chave dos golos, foram os instantes mágicos e de mestria que se seguiram à entrada do Pablo, com a obtenção dos golos, efusivamente festejados por mim, mais o primeiro, brilhantemente alcançados, pelos atacantes de serviço, com uma execução irreprensível.
Ainda daria para mais, o Everton ressentiu-se, mas o Aimar não quis abrir o livro todo, deu oportunidade aos outros para se destacarem, o Di Maria jogou muito melhor na segunda parte, parece que precisa de aquecer primeiro para carburar, mas ainda falha muito no remate fatal ou na última opção mais correcta. O Julio César fez uma boa defesa, de resto a bola quase nunca o incomodou, tirando um lance no final em que apareceram vários jogadores livres no centro da área a cabecear ao lado, a muralha defensiva foi sempre suficiente.

O Benfica fez uma boa exibição, alcançámos 9 pontos, fizémos 9 golos, e agora é só ter confiança, assente em muito trabalho e determinação, para levar de vencida a equipa bielorussa, apesar do frio e da relva, e carimbar de vez o primeiro lugar do grupo, seguir em frente na qualificação...
Antes disso temos um jogo super dificil com a Naval, num encontro que dá aso a alguma descompressão após a ressaca da brilhante jornada europeia, mas que é preciso levar de vencida para continuar a cimentar ainda mais a confiança e a estrutura mental desta equipa, afinal é o troféu da Liga Nacional que nos interessa, que nos vai curar a auto-estima, sarar o ferido orgulho, medir a nossa frágil e incomensurável condição humana...

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