quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A chuva sentenciou a batalha!









Guimarães 1:1 Benfica

Ao 13º dia a chuva permanece obstinada a fazer parte do nosso quotidiano, a tormenta ressurgiu com o início da semana, inflamada pela brancura do frio e pluviosidade, as frágeis vidas dos homens vão se moldando aos contornos do tempo, enfrentando o gelo, as enchurradas e ventos intempestivos, mesmo nas mais curtas ou inevitáveis incursões pelas ruas…

Claro que também é assim que valorizamos mais a temperatura amena e o isolamento nos locais de hibernação, seja na selva do trabalho ou no esconderijo da toca chamada lar. É este clima persistente de alvoroço e austeridade que nos faz apreciar mais o sol radioso que espreita na acalmia do horizonte, o prazenteiro alvor que nos envolve na suavidade da luz e nos aquece até à balsâmica e tardia noite…

E havia de ser neste cenário de intempérie e chuva torrencial que se deu início ao 2º jogo para a Taça da Liga, na cidade de Guimarães… Desde logo se percebeu que iria ser um jogo de tremenda luta e combatividade, a bola iria ser muito mal tratada, vítima de muitos insultos e duros conflitos, o terreno iria ser um grande revés para se poder aplicar à letra cada finta ou a mais apertada lei, no final já só esperávamos que chegassem inteiros, que não houvesse nenhum precalço, e tudo o mais era o que pudesse ser…

Naquelas condições era natural que não se esperasse um jogo vistoso, com lances muito evoluidos técnicamente, somente as bolas que chuvessem pelo ar, poderiam resultar em perigo de golo ou em fortuitas oportunidades… o Benfica ainda tentou jogar pelo chão, segurar a bola, com o Aimar a querer dar o mote, mas a batuta prendia nas poças ou caía na lama e a melodia acabava sempre por esbarrar na confusão de pernas vimaranenses… Foi um jogo inglório para tantos craques e qualidade, num terreno propício para darem nas vistas os rambos e arrojados, apesar de tudo, todos tentavam heroicamente chegar com o esférico até ao fundo das redes…

O Primeiro a completar o duro exercício (a fazer as pazes com as redes) foi mesmo o Douglas, na sequência dum lance pelo ar, com a bola a tabelar no Maxi, num pontapé repentino e goleador do soldado atacante de serviço. Depois o Guimarães começou a ficar por cima, a partida estava a tornar-se demasiado desgastante, e ainda tiveram o ensejo de ampliar o marcador, noutros raides aéreos, numa jogada falhou a trajectória da bola que embateu na trave e noutra o Júlio fez uma boa defesa…

Mas quando já todos esperávamos que a lotaria tinha terminado (o Jesus e eu), que só com um pouco de sorte a reboque do crer e da audácia é que ainda poderiamos inverter o rumo dos acontecimentos, ou esperar alguma terminação, eis que o Benfica se começou a abeirar mais da baliza contrária, criando algumas flagrantes ocasiões…

E ainda antes do empate do Coentrão, a passe do Maxi (desta vez com boa direcção), este começou por fazer o empate em pontapés ao ferro, até que alcançou o tão desejado golo numa boa finalização; mais adiante o Maxi bem que se poderia ter redimido por completo se tivesse sabido aproveitar a jogada que desfrutou isolado na cara do guarda-redes, mas os da casa também poderiam ter marcado, nos últimos minutos, ou o árbitro ter sancionado outro golo ao Vitória...

Por todas estas incidências, entendo que foi justa a distribuição de pontos, talvez que os vimaranenses se tivessem adaptado melhor ou abordado o jogo de maneira mais incisiva, porque também mais decisivo, ou as condições verificadas favoreceram mais esse empenho em deterimento da melhor qualidade técnica dos encarnados… Mas no cômputo geral, pela mútua entrega às adversidades, pelas oportunidades criadas, este foi o resultado mais condizente, até como prémio para o desempenho e sacrifício de ambas as equipas…

Esperamos que o tempo esteja mais calmo no próximo fim de semana, que na ilha da Madeira comece já a florir a temperança, que o Benfica consiga espalhar o perfume do seu gracioso futebol ou alcançe mais uma saborosa e necessária vitória…

Ultimato ou desabafo ocasional
Se calhar é também chegada a altura de cerrarmos fileiras, mesmo que falte ainda outra metade do campeonato, pois os habituais contestatários (entenda-se PC / FCP), começaram novamente a sair a terreiro, a dispararem torpes e ruidosos pregões que visam o enfraquecimento do Benfica… invertamos também nós os papéis, façamos desta falaciosa propaganda motivo para nos unirmos cada vez mais, entrarmos firmes e convictos para dentro de campo como se fosse a última das finais…

Como é que, depois de termos demonstrado dentro do campo, de forma inequívoca, que somos superiores (entenda-se SLB 1:0 FCP), pelo menos até aqui (mesmo sem ganhar nada), e sabendo nós da forma escandalosa como é que eles passaram de "derrotados à saida da ponte, despojados da visita à Catedral ou à Igreja", para indiscutíveis vencedores de jogos por todo o país, taças no Jamor, troféus da Uefa - não retirando o mérito à persistência dos homens visionários e ao virtuosismo dos jogadores - quer-me parecer que era chegado o tempo de serem mais humildes e aceitarem que outros possam vencer…

Ou será que eles querem o estatuto de serem os eternos campeões, vitalícios ganhadores, esvaziarem a moral e a pujança de todos e reinar à vontade neste pequeno Portugal?! Se quiserem podem levar o Governo para o Porto, os Ministérios (a Sede da Liga), os Palácios, até o de Belém, todo o Poder... mas ao menos deixem-nos em paz, não se atormentem tanto com a possibilidade de ser o Benfica a conquistar este ano o troféu de campeão nacional…

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