Benfica 2:1 Celtic
O sábado estremunhou com chuva
tempestuosa a fustigar o beiral...
O futebol foi por água
abaixo, apesar das tréguas, o relvado encharcado não possibilitou o desporto...
Com o exterior vedado, abrimos as portas da biblioteca, para dar asas à
imaginação...
A luz do dia foi fugindo, resplendecendo
nos flashes das fotos natalícias, esmorecendo pelo interior da Arrábida, às
portas de Setúbal, onde fomos para um jogo de basquetebol...
As bolas no cesto afundaram
a noite e o regresso encestou a família no conforto do lar...
O Domingo prazenteiro, foi
refugio das distâncias e venturas da semana, laboratório de ensaio para mais uma
travessia, pijama, almoço debruçado sobre o casario com caricias de sol e amor,
dose exagerada de televisão...
E eis mais uma semana,
soalheira para espantar a preguiça e o sono, iludir a caminhada...
A 3ª-feira amanheceu de
cara farrusca, nas mesas do café a capa do jornal mostrava as duplas imperiais,
o retorno das torres na retaguarda, a dupla de lanças aguçadas no ataque…
A cinza que abrangia o
céu não se precipitou, foi apenas na humidade do anoitecer que a chuva
desceu sobre a terra, estávamos nós a entrar casa, subi as escadas ansioso e fui como uma seta para a frente do televisor…
Lá estava o écran imenso, as cores
vivas, a luz incandescente, à mercê duma vitória… O
dino Fernando ditava a equipa maravilha, o André fazia o lugar do Maxi, que
estava no banco, o Enzo regressava ao centro nevrálgico do campo, onde tinha o Matic
mais recuado, a ordem para voar era dada ao Jonh e ao Salvio, a missão de
marcar golos era confiada ao móvel Lima e ao estático Cardozo…
O jogo começou com
intensidade por parte do Benfica, o Celtic com a organização peculiar e a confiança
que advinha da vitória sobre o Barça, tentava resistir com firmeza e procurar o
ataque com sagacidade… Mas o Benfica também está numa fase auspiciosa,
os jogadores estão empenhados e unidos, começaram a pressionar, a desenvolver
jogadas e a criar oportunidades…
E o golo não demorou a
aparecer, na sequência duma jogada de insistência do Salvio, num centro junto à
linha de fundo, o Cardozo amortece e o John rematou com toda a convicção, com o
pé direito, para o fundo da baliza, fazendo o primeiro golo da partida logo nos
instantes iniciais…
Depois do festejo ruidoso, aberto o caminho, tivemos mais meia hora de alto nível, com jogadas
corridas, ora na direita com o Salvio diabólico, ora no outro extremo com o
John mirabolante, o Lima com uma pedra muito importante nas imediações da meia
lua, a gravitar para dentro da grande área, onde o Cardozo aluga o espaço a troco de golos…
O Enzo como obreiro valioso,
não teve grande chance para lançar com excelência o ataque, mas foi soberbo na
luta do meio campo, o Matic esteve excelente na manobra e na entreajuda
defensiva, os centrais nem precisam de apresentação, figuras de proa do centro
da defesa, dupla que mais tarde, veio a resolver o jogo, num remate potente e colocado do Garay, depois duma assistência de cabeça do Luisão…
Mas até lá, até que gritasse
de alegria, muitas foram as ocasiões desperdiçadas, os remates inconsequentes,
as defesas monumentais, os falhanços incríveis, pior ainda, o sofrimento do
golo do empate, que apareceu na segunda vez que o Celtic chegou à baliza,
através dum pontapé de canto, o Artur é traído por um jogador especado na sua área,
e o golo que não deveria aparecer antes da hora de jogo, para bater o seu
record, acabou por acontecer…
O Benfica apesar de tudo,
da moral que o empate proporcionou aos escoceses, do apoio frenético da sua
falange, continuou por cima, a querer disputar o resultado, a
demonstrar a sua superioridade, a pretender chegar à vitória...
Antes do intervalo houve
um acréscimo na luta pelo vencer, mas foi o
empate que persistiu até à segunda parte, tal como a chuva que ainda não tinha
parado desde o apito inicial…
Nos quinze minutos antes
do reinicio, cruzei a chuva, trouxe o filho do treino, ouvi no autorádio a
estatística avassaladora do Benfica, e voltei para a frente do televisor…
O ritmo continuava
intenso, o Benfica jogava que se fartava, perante o porte atlético e tático do Celtic,
a bola rolava com decisão, a técnica encarnada encantava, apenas faltava mais
um golo para atingir os aplausos, alcançar os propósitos traçados, conseguir a
vitória com toda o merecimento e legitimidade...
E foi então que surgiu no
meio de tantas jogadas de génio, de pontapés à baliza, o remate teleguiado do
Garay para o fundo das redes, ainda houve outros remates bomba, outros momentos alucinantes, que não tiveram a mesma sorte, ou esbarravam no instinto do
guarda-redes…
O Lima deu o lugar ao
Gaitan, soltou-se ainda mais a magia do Sálvio ao meio, o Maxi rendeu o Matic, estoirado
fisicamente indo o André ocupar as suas funções, e por momentos viram-se os
magos da bola argentinos pela direita, a laranja mecânica pela esquerda, uma equipa
coesa e com grande maturidade a ganhar com fulgor e preponderância ao seu rival
mais direto na luta pela qualificação…
Temos que fazer o mesmo
resultado do Celtic no último jogo; não fora a anormalidade da derrota do Barça e já estávamos apurados, agora temos que nos transcender ou fazer as contas no fim…
No sábado é o jogo da
família com os algarvios do Olhanense, noite de futebol que tem de ser de
vitória, numa semana que jogam as duas equipas rivais, temos que apostar forte
na competência e na seriedade, obter um resultado que reforce a liderança, que
consubstancie a nossa ambição e capacidade…
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