Chelsea 2:1 Benfica
A festa da Luz acabou tarde,
na verdade chegámos a casa um mês depois, alegres o bastante para ainda
resistir ao sono, até assentar a emotividade dum sábado à noite, feliz...
O Abril nasceu num Domingo mentiroso e cansado, com cara de trovoada, corpo de primavera, aroma de rosmaninho e
oliveira, ambiente campestre para a chegada triunfal...
O calor foi temperando o
amontoado nubloso, tal como o amor da anciã veio dar mais significado ao dia
familiar, imaculado de afetividade...
Eis mais uma semana, santa,
2ª-feira ainda nebulosa e branca, uma luz liquida que nos acompanhava nas
caminhadas de Abril, travessias de metro, pés no chão, sem obstaculos
rodoviários, observando os costumes e os rostos da civilização...
3ª-feira, continuou com a alvura
das amendoeiras em flor, espessas nuvens plantadas no horizonte... Na rádio
falaram da viagem para Londres, onde estariam 3000 a par do azul, talvez um
central, mais de 6 milhões a apoiar…
O tempo de almoço, circunspecto,
subi até aos pés do Cristo redentor, os filhos tinham ido para Lisboa, brincar
às profissões, talvez nas que quisessem ser quando fossem grandes...
O fim do dia estava fresco, a
comitiva foi resgatar-me ao trabalho, regressados diretamente da Kidzânia para dentro
da nossa terra de sonhos...
4ª-feira, santa, continuou
cinzenta e fria, face de tristeza, coração quente... Na hora de almoço o sol
fugaz descia pelas brechas, numa clausura intermitente, no ATL celebrava-se a
Pascoa, enquanto a natureza crescia em pujança por entre o gelo resistente do
inverno...
Na caminhada do final do dia,
viam-se ilhas dum azul abandonado pelo sol, em casa esperava-nos o embate do
Benfica que media forças com o Chelsea para ver quem jogaria com o Barça a
semi-final.
O jogo já se adivinhava difícil,
pelo golo de desvantagem, em ambiente adverso, mas as contrariedades da defesa acentuaram
ainda mais a descrença num final feliz… mas, subitamente, os 11 jogadores que
entraram em campo começaram a demonstrar todo o seu caráter e disponibilidade
para superar as dificuldades e discutir a eliminatória…
O Javi e o Emerson faziam a
dupla de centrais, exclusiva, jogava o Capedevilla na esquerda com o
Gaitan, o Max à direita com o Bruno, o Matic enchia a frente da defesa,
libertando mais o Witsel para ajudar o Aimar na complicada tarefa de ludibriar
a defesa e servir o Cardozo…
O Benfica começou a ter mais
bola, com o Gaitan em destaque, o Capedevilla com um traquejo enorme na
retaguarda, do outro lado o mesmo empenho do Bruno, que veio a realizar um jogo
soberbo, dos melhores que lhe vi no Benfica, com o Maxi a ajudar… O
Chelsea só tentava atacar em rápidas desmarcações, de resto era o Benfica que
ia tendo o controlo do esférico, trocando a bola, mesmo pelo centro, era o
Aimar que pautava o jogo, com uma entrega extraordinária, com a classe do
Witsel em destaque, o Matic um gigante, em esforço e dedicação…
Os centrais iam cumprindo em pujança
e antecipação, mas num desses lances picados, o avançado ataca a bola e o Javi
aparece a dar uma carga fora de tempo que se poderia aceitar como carga de
ombro ou antecipação, mas a favor dos azuis, não há dúvida: penalidade, por
volta do minuto 20, que daria golo (o Artur quase defendia), sem que o Benfica
o merecesse…
No computo dos dois jogos, em
110 minutos era o Benfica que jogava, e o Chelsea que ganhava por duas bolas a
zero. Mas, uma vez mais, não nos deixamos abater, o Javi compôs-se, rubricando, até
ao fim, uma enorme exibição, o Emerson não comprometeu (até fica melhor num
espaço mais reduzido, quando não têm que avançar em demasia), o Bruno foi em
crescendo ganhando destaque, o Aimar ainda tentou de livres, na sequência dum
canto há um remate defendido sobre a linha, mas vinte minutos depois, com o Benfica
a controlar, o Maxi numa disputa de bola, vê o segundo amarelo e deixa o Benfica
a jogar com dez…
A segunda parte ainda se
esperava mais impotente, com menos uma unidade, o cenário era cada vez mais
ingrato, mas a galhardia e a valentia dos jogadores veio mais uma vez ao de cima,
com o Benfica a lutar pelo jogo, na procura do golo, o Cardozo tentou, o Aimar levou
a bola às malhas, de resto o Cech parecia que tinha as mãos magnéticas para
atrair a bola.
O Chelsea com mais espaço foi
também fazendo pela vida, saindo no contrapé com o Mata muito interventivo na
circulação da bola, e o Ramires combativo, e foi por um triz ou pelo artur que
a bola não entrou, por várias ocasiões podíamos ter sofrido mais um golo…
Mas o
tempo foi avançando, o Benfica ia conseguindo manter a postura combativa, O
Nelson foi para o lugar do Cardozo, e a bola já mexeu melhor nos pés, entrou o
Yannick para o lugar do Gaitan, e este lutou muito, a ajudar a defesa e a
aparecer na frente, o Rodrigo entrou por ultimo, já com uma rotação e acerto
quase perfeitos, e o Jesus voltou a dar uma lição de estratégia e de tática com
a ajuda da atitude dos jogadores, nem parecendo que estávamos a jogar com 10 no
campo adversário…
E foi depois de muita
insistência e bolas na área, de muitas jogadas de ataque que, depois dum canto,
apareceu o Javi nas alturas, mesmo à boca da baliza, a empurrar a bola para
dentro da baliza, fazendo o golo do empate, mais que merecido, faltavam apenas 6
minutos para acabar…
De repente estávamos a um
remate certeiro ou milagroso do sonho continuar vivo, e ainda tivémos forças
para ir à sua procura, construir jogadas, levar a bola até à area contrária,
mas já na reta final dos descontos, num livre marcado por Aimar para dentro da área,
a bola sai curta e é devolvida, o Meireles ganha a disputa com o Aimar
e parte pelo meio campo deserto, apenas o Emerson vai atrás dele, e ao
chegar à entrada da área desfere um remate indefensável, acabando com tudo…
O Benfica não merecia a
derrota, nem mesmo perder a eliminatória, foi patente nesta partida, com todas
as adversidades, um arbitro demasiado rigoroso, com um jogador a menos,
discutimos o resultado e a passagem até mesmo ao fim, mostrando que não somos inferiores,
que nos faltou outro desfecho no jogo da Luz, que nos faltou acreditar mais um pouquito
nas nossas capacidades…
Parabéns Benfica pelo desempenho soberbo, todos os jogadores merecem uma aclamação, que continuemos a
acreditar no seu esforço, para ganhar em Alvalade, para continuar no pelotão da
frente para os ultimos quilometros, dar mais uma alegria à massa associativa na
zona central do país na conquista de mais um troféu, uma Páscoa feliz, também
Jesus teve que morrer para nascer com todo o esplendor para a eternidade!
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