Benfica 2:1 Gil Vicente
E a semana deu mais um pulo,
a manhã de 3ª-feira escondeu-se atrás das nuvens, a tristeza refugiou-se no
sombrio do ser e iniciámos um novo periodo de afazeres...
Voltou a escola, as pedestres
incursões sobre a cidade, a chuvinha, aliada do tempo, para afogar a vida,
o trabalho, amarras da liberdade...
4ª-feira continuou com o céu enevoado,
sob o portal do ensino, nos caminhos de luz branca, a vida encarrilada no mesmo
vai-vem acostumado...
No derbi da outra capital
ibérica, o Madrid, do Ronaldo, mostrou a sua superioridade...
A cinza estendeu mais um véu sobre
5ª-feira, apesar dos tímidos aguaceiros, o Markl fazia o seu Cromo 1000, na telefonia
lá de casa, Na liga record (entre amigos) não há maneira de vencer
uma semana, e o dia longo de trabalho clamava por mim lá fora...
O dia terminou depois da reunião da Escola, das compras
desportivas, da tv, onde o presidente gilista falava de mais, a querer dar champanhe aos sem abrigo, uma afronta aos famintos ou demagogia para espicaçar
o Gil Vicente para a final...
Ainda fui ao futebol, atravessar o rio para o interior de
mim mesmo, para o esforço físico salutar antes do regresso ao quartel, ao
sossego das camaratas...
É 6ª-feira, depois da semana inteira, pequena pascoa duma
vida rotineira, e o Abril no seu auge a incitar, mesmo que a temperatura amena vai
aguentando o ímpeto do Verão...
No fim da tarde fui à escola primária, para a periodica
reunião, regresso ao passado, à carteira em frente do quadro de lousa, passando
pelo recreio...
A noite caiu com alguma precepitação, a mesma com que nos
precepitámos para dentro do escuro do cinema, para nos olharmos ao espelho, à
procura de melhorar a imagem e a estima no fortuito encontro de namorados,
enquanto a avó zelava pelo bem estar dos filhos no Castelo lá de casa...
O tempo chuvoso e inconstante apertou o cerco, e o Sábado
apareceu completamente dominado pelo vento e pelas nuvens de trovoada, pondo à
prova a convicção dos mini futebolistas...
A noite era de decisões, saber se o Jesus conquistava
mais uma Taça e o apoio da multidão, se o mais fraco se agigantava para
instigar a rebelião…
Ao contrário da opinião generalizada, este troféu tem
muita importância, chegámos à final depois de eliminar o Porto, o Maritimo e o
Guimarães; quantas taças de Portugal foram conquistadas com este palmarés!
A tarde passou com flashs de sol na penumbra, e nós, em
grupos de dois, passámos pelas salas de catequese e pelos corredores shopping, antes
do ingresso conjunto e apaixonado no lar…
A noite trouxe a hora do jogo, fui de cachecol para a tribuna
vip, acompanhado dos restantes elementos da casa. Em espetáculo já constitui um
dos maiores eventos desportivos, no momento que o anseio vislumbrava a conquista
da 4ª final…
O Eduardo tinha os holofotes do talento. O Luisão posto
de fora, deu ao Jardel a possibilidade de regresar ao lado do Garay, com o
Matic a trancar a defesa, auxiliado pelo Witsel, as laterais tapadas pelo Maxi
e Capedevilla. Na frente o feiticeiro Aimar jogava com os aprendizes Nelson e
Rodrigo, este descaído para a direita, enquanto o Bruno jogava pela esquerda…
O jogo começou rápido, com o Gil a pressionar, sem se
remeter em demasia à defesa do resultado, o Benfica aproveitou para mostrar o
seu futebol, girando a bola, mesmo que nem sempre com a clarividência mais
eficaz, ia conseguindo dominar em posse de bola e maturidade…
Os de Barcelos jogavam em ataque apoiado, não se
limitavam a fazê-lo no erro do adversário, mas a sua matriz não se adequa a
jogar com equipas mais fortes, com a vontade e a constância que um jogo deste nível
exige… daí que as linhas não se juntavam muito, no apoio aos avançados, com
medo o meio campo ficasse mais desprotegido…
Mas o Benfica tem mais algum traquejo, e jogadores mais
experientes, tal como o Paulo reconhecu no final, que estãos mais habituados a
estas andanças, apesar da motivação enorme dos gilistas, que puseram dentro de
campo toda a sua disponibilidade e vontade de vencer… e ter chegado a esta
final já não era para eles uma grande vitória?!
O Benfica, teve que se adaptar à velocidade, ir à luta, o
Aimar pos em campo toda a sua técnica e argúcia, no transporte da bola, o
Rodrigo bem tentava agarrar a confiança, o Nelson corria atrás da oportunidade,
mas era o Bruno que sobressaía em tecnicismo e rapidez de trás para a frente, o
Matic que enchia o olho da frente para trás, o Witsel que andava atrás e à
frente, como elo de ligação de toda a equipa…
Ao chegar ao terço de jogo, meia hora com sinal mais do
Benfica, o Maxi já podia ter faturado, a passe do Nelson, mas foi o Rodrigo,
com um toque de classe goleadora, a fazer o golo que o Bruno, numa jogada de
insistência e de recuperação de bola do lado direito, fazendo a bola atravessar
toda a área, deu para a radiante finalização…
O abalo não foi muito forte, mesmo que tivessemos ficado
mais por cima, com mais controlo da partida e outra moralização, mas não apertámos
o suficiente para resolver o jogo naqueles momentos subsequentes em que deviam
surgir as réplicas para a decisiva eclosão…
E o jogo foi andando, mesmo com o intervalo, no mesmo
ritmo, sem que o Gil arriscasse em demasia e sem que o Benfica acelarasse em excesso
com medo de ser apanhado em contra mão… Entrou o Gaitan para o lugar do Nelson,
ficou o Rodrigo na frente, quase marcava isolado, e o Aimar, estoirado com
tanto fulgor, deu lugar ao Cardozo, que trocava com o Rodrigo nas posições
dianteiras…
O Gaitan ainda quis aparecer, mas como não sabe cair aos
atropelos, o Capedevilla não deu muito nas vistas, o Cardozo mais uma vez não
acrescentou nada de novo, neste jogos de maior exigência física e redução de
espaço, parece uma unidade a menos, em contraste com os jovens que lhe disputam
o lugar…
Era o Maxi o sacrificado em entrega e disponibilidade, o
capitão tem que dar o exemplo, mas a pouco mais de 15 minutos do fim, numa
jogada de insistência, a bola é centrada para a entrada da área, onde um remate
errante invade o miolo, onde aparece o avançado gilista, no meio dos defesas, a
disferir um remate certeiro junto ao poste, fazendo o empate…
O Benfica, lentamemente foi aliviando a pressão, deixando
o tempo passar, já o Jesus queria por o Javi a defender, quando o golo acabou
por premiar a crença e o combate do Gil Vicente, ao mesmo tempo que nos fazia
franzir o semblante para a fortuna que nos podia falhar, com tudo para dar
certo…
Então entrou o suplente mais luxuoso do campeonato, Saviola
foi para o lugar do Rodrigo, fazendo a dupla atacante de outros tempos. O relógio
ia avançando, pela ultima dezena, quando por sinal o Cardozo teve que sair. O Maxi,
lançou da linha lateral para dentro da área, onde a bola andou de cabeça em
cabeça, naquele pingue-pongue foi parar aos pés do artista Witsel que ao
virar-se chutou para a defesa do guardião, mas esta ainda ressaltou para o lado
esquerdo onde o Saviola, rato de área, apareceu a chutar para a baliza deserta,
o guarda-redes ainda lhe tocou não conseguiu impedir de a bola entrar e do
grito sair das gargantas de todos os benfiquistas…
Foi mais um golo, no cair do pano, que gerou um tsunami de
energia, premiando o valor e supremacia do Benfica, e que arrasou por completo
com as expetativas do adversário… Foi o final mais suave para a forma dedicada
e meritória que o Gil Vicente imprimiu neste jogo e ao mesmo tempo ampliou a
alegria do Benfica pelo festejo de mais uma Taça, a 4ª consecutiva…
Agora vem a velha discussão, tal como o Rodrigo referiu
no final, se o Benfica perdesse tinha a importância da Champions, como o
Benfica ganhou é apenas a taça da carica. Mas alguém de bom senso, não acha que
este Troféu é importante, que os quartos de final da Champions é um sonho, a
perdida da Taça foi um deslize, a luta do Campeonato é dura e comprida, não
soubemos manter, na devida altura, o estatuto e a regularidade, mas que ainda
está em aberto, o segundo lugar é importante segurar, o Benfica está mais
forte, a soma das partes é que fazem uma época, e não é só uma parcela.
PARABÉNS BENFICA!
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