sábado, 31 de janeiro de 2009

Recital à chuva com tenor surpresa!


Benfica-1-Rio Ave-0

Água, suor e glória... povo, fado e sorte... equipa, união e Mantorras... esforço, perserverança e vitória...

A pérola negra, jogador de fibra e de fé, que fintou um destino ingrato, com uma força sobrenatural, uma vontade imensa de vencer e lidar com o infortúnio… Um exemplo sublime de humildade, um golo que foi dedicado a todos quantos lhe têm encorajado no penoso caminho, aos filhos que lhe fazem acreditar que é possível haver milagres!

Um temporal que não permitiu que o jogo fosse mais desenvolto, que se esplanasse bom futebol, que se construissem jogadas vistosas e corridas (mas o que é isso para o Benfica), antes um jogo ao repelão, com a bola maioritariamente no ar, pontapeada para a frente, à espera que surgisse alguma jogada mais fortuita, um ressalto mais feliz, um remate mais certeiro.

Na primeira parte, na fase de adaptação às condições do terreno, o jogo foi também mais dividido, no inicio ainda tentaram levar a bola nos pés, mas a parte central do campo teimava em abortar as jogadas, não havia outra solução se não transpor aquela barreira, bombeando a bola para o outro lado da barricada…

Na segunda parte entrámos mais pujantes, mais decididos, enconstámos o Rio Ave às cordas, atirámos uma segunda bola ao poste, o Paiva chegava, apesar de tudo, para as escassas ocasiões que fomos criando

Mas eis que o Mantorras, o mito que não se deixou consumir pelas cinzas, bravo guerreiro disperso no meio de um pelotão, desafiando o tempo, deu a vitória numa desgastante batalha, fez vibrar de entusiasmo toda uma falange de apoio, toda uma nação, que no enxuto e conforto da sala, não evitou a emoção e a explosão de alegria…

Desde o começo do jogo, fomos tendo a sensação que estávamos por cima, mas a ansiedade acumulada duma angústia constante, que nos aprisiona os pensamentos e a euforia, a incerteza latente de algum lance incontrolado, faz-nos refriar os impetos, acumular tensões, o nosso estado de alma fervilha num inquietação palpitante…

A chuva abençoada, o recital possível, com a batuta do Quique Flores, que ia levantando os braços ao ritmo do temporal, devolveu-nos de novo o rumo, mesmo em mar agitado e atribulado, vamos seguindo confiantes o nosso destino, espera-nos, já para a semana, um duelo de gigantes. Vamos lá chegar, seja o que for que aconteça amanhã, de peito feito, com a moral elevada, para disputar o primeiro lugar…

Neste jogo, também se ganham campeonatos, já todos sabemos que no final ganhará quem for mais combativo e regular, o Benfica tem sempre que ser mais forte, porque o Porto tem os créditos da história recente a favor, o Sporting, nesta fase anda a marcar passo, mas ainda não se pode dar como vencida, existem ainda muitas batalhas pela frente…

O Maxi foi guerreiro, como sempre, o Cardozo lutou mais um pouco e merecia melhor sorte, o Martins viu-se empenhado, o Amorim nem o lamaçal lhe impediu de mostrar bom futebol, o David tem uma alma imensa, o Luisão qual comandante, o Sidney seguro, o Yebda mais discreto mas presente... e o heroi que surgiu decidido, foram protagonistas duma louvável atitude da equipa...

Demos o nosso apoio e contributo para o ressurgimento, lento mas consistente, deste incomensurável e insustetável amor que nos alimenta o efémero ser!

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