segunda-feira, 4 de maio de 2009

Amo-te Benfica!


O Benfica tem vindo, ao longo destes longos e penosos anos (16 anos), tentando preservar um carisma uno e combativo, conservar uma mística legada pelos heróicos antepassados, procurando alcançar idênticos e prestigiantes êxitos, mormente títulos no futebol…

Ao longo deste conturbado período, passada quase outra década dum novo milénio, ainda estamos na ressaca duma luta intensa e desgastante encetada pelo poder do norte, encabeçada pelo FCP, que se tentou impor, por todas as formas, com múltiplas artimanhas complementares, para que, dentro do campo, à custa dessa avassaladora cruzada regional, os exércitos azuis e brancos (equipas) se fossem afirmando, com a convicção e o grito de guerra reiterados, conquistando títulos de forma astuta, destemida e açambarcadora.

Hoje ainda estão a colher os louros, na cerrada organização, rentabilizando o abnegado esforço dos atletas que recrutam para as suas fileiras, e ainda se sente um clima crespado, ainda não estão resolvidos certos vícios de um povo injustiçado que clama glória em prejuízo da classe burguesa da capital, mormente inveja do glorioso Benfica, notam-se recalcados complexos que transparecem de ironias e faltas de pudor…

O Sporting tomou um rumo diferente, foi-se habituando a lutar com o orgulho da prata da casa, contentando-se em estar atrás dos vencedores, mantendo os índices de competitividade q.b, todavia dando primazia ao controlo orçamental… mas ao menos seguiu uma delineada estratégia, mesmo que não se tenham obtido proveitosos resultados, souberam manter-se a um nível aceitável...

O Benfica, andou um pouco à deriva, louca e desesperadamente tentando evitar o sucesso dos rivais, aliciado pelo sucesso fácil, embarcando em cada nau que surgia perdida no horizonte, seguindo sempre pelo caminho mais curto, contratando contentores de jogadores, negociando treinadores salvadores, aliciando e vendendo ilusão aos adeptos…

Com a construção do novo complexo desportivo, com o novo Estádio da Luz, houve um novo fôlego, adeptos entusiasmados, conseguimos reunir, fugazmente, um salvador com carisma, um rival demasiado fraco, e chegámos ao tão desejado título após 11 anos de deserto.

Mas o mar continuou atribulado, o ancião, apesar de ganhador, quis partir, seguiram-se outros profetas, novos jogadores, sempre à espreita que houvesse algum acerto ou inspiração, que o treinador tivesse um ego e uma sapiência galáctica, lidasse com tamanha ansiedade, conseguisse a ordem no futebol para resolver o caos da direcção.

Mas tudo isto tem que ser complementarizado com o trabalho dirigente, com a entrada do Rui Costa, desempenhando funções de gestor do futebol, começou finalmente um trabalho mais profundo e estável, mas houve necessidade de reorganizar de novo a equipa, apetrechá-la com jogadores mais valiosos, um novo líder dentro do campo… de novo foi possível atingir grandes expectativas, as almas frágeis do povo são fáceis de mobilizar, quando as angústias quotidianas aprisionam os sentimentos, mas, mesmo que no campeonato fossemos bem, logo vieram os rombos e as desgraças das Taças, na Europa e Portugal que nos fizeram questionar e especular sobre o trabalho desenvolvido.

Apesar da brilhante e sofrida vitória na Taça da Liga, eis que paulatinamente, nos momentos chave, fomos tropeçando e tombando no Campeonato, e tal feito não teve o impacto suficiente para evitar uma crescente contestação.

Mas que ninguém duvide que o êxito só irá aparecer se formos estáveis e fortes mentalmente, se soubermos alongar no tempo os projectos, se soubermos blindar com mais intransigência e sapiência a vida interna do clube, se soubermos moldar de uma maneira mais calma, na mesma aguerrida, a grande falange de apoio que desfrutamos, unidas ao mesmo ideal.

Não basta, apelar à euforia, envolver os adeptos numa histeria infernal, entoando slogans e aplausos em cada jogo, vibrar com o voo da águia, se o santo não tiver a divindade e os méritos para tão estridente romaria.

Temos que ir com mais calma, a alegria exuberante acabará por aparecer se a equipa for vencendo, se o Benfica for crescendo sólida e sustentadamente, com ideias firmes e estruturadas…

Por outro lado é preciso haver uma oleada máquina de comunicação, seja através do Presidente, ou de qualquer membro da hierarquia, que de uma forma esclarecida e concertada, saiba moldar a opinião para o rumo que nos interessa, sem grandes sensacionalismos nem promessas, mas com uma convicção e coerência a toda a prova.

Se já somos grandes, apesar de algo adormecidos, então não é preciso fazer muito barulho, é apenas preciso trabalhar, encontrar formas de nos reerguermos, não com gritos ou formulas mágicas mas destrutivas, mas de uma forma controlada, clarividente e arrebatadora…

Nunca ninguém irá saber dizer, nem bloguers expontâneos, nem aprimurados artigos de jornal ou eruditos debates televisivos, onde só se fala exaustivamente da repetição, qual vai ser o futuro, quais vão ser as melhores decisões, ninguém sabe o tempo que vai ser preciso…, mas se dermos passos firmes e decididos, com ponderada paixão, chegaremos lá, seremos campeões, a vontade e a alegria do povo prevalecerá…

Também nos cabe a nós sermos mais comedidos e racionalmente apaixonados, cuidar deste amor para que não morra nos nossos corações, para que os nossos filhos não encontrem o vazio, a depressão de um mito que não soubemos alimentar o suficiente ou a insustentável leveza de um ideal que já não nos pode saciar…!

VIVA O BENFICA!

Um comentário:

Nuno@ disse...

A estabilidade é fundamental, sem dúvida, mas a questão é que sem competência torna-se dificil, a estabilidade. Os adeptos tem sido de uma paciência e condescendência nunca vista, por isso, mesmo sendo um ano zero era importante ver certos valores se imporem na equipa, dedicação, trabalho e orgulho.