quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Mais uma tragédia grega!


AEK Atenas 1:0 Benfica

Sabe bem o entusiasmo sentido em dia de jogo, ajuda a enfrentar mais um dia de trabalho, as rotinas cumprem-se com menos tensão, ficamos mais dispostos para olhar os pormenores do quotidiano, darmo-nos mais com os outros...

Nesta fase, com tão altas expectativas, um crédito quase ilimitado de confiança, é normal que, anónimos e sofredores adeptos, comecem a acreditar em outras conquistas e resultados, mas, cada partida, não passa de uma árdua batalha, somatório de uma esforçada e compenetrada entrega, sem nunca sabermos, às vezes por pequenos detalhes, que nos escapam ou atraiçoam, se iremos ganhar a fundamental e tão desejada guerra no final…

A vida devia ser pautada pelo equilibrio, os sentimentos não deviam interferir tanto na maneira de ser, provocarem tanto descontrolo no pensamento, a dependência da emoção. Mas a ilusão e a êxtase só se atingem seguindo apaixonada e convictamente uma crença ou religião...

À medida que se aproximava a hora do jogo, a ansiedade foi crescendo, e foi com recurso à janela pequena e indiscreta do PC que acabei por espreitar o ambiente e as peripécias do jogo no caldeirão assombrado de Atenas. Sempre que me debruçava sobre as imagens, já o relato que soavam do rádio em fundo comentava o lance seguinte, acabando por não ser um exercício muito motivante, andar sempre atrás da voz. Mas só fiquei realmente zangado quando o grito de goolo, que ouvi no final da primeira parte veio anteceder aquela fatídica jogada de canto...

E foi assim, com o coração aos saltos, pela ousadia e pelo desgosto, com o aproximar do começo da 2ª metade, que saí apressado do trabalho em direcção a casa. Entrei pela doce casa adentro, passei pelo conforto da família, sem querer interromper as suas tarefas escolares, cheguei-me ao televisor, estiquei-me no sofá, ou antes adoptei um posição contraida, à espera do golo do empate...

Mas o tempo foi passando, a inspiração foi faltando, os artistas foram saindo e a eficácia não aparecia… e foi assim, aos repelões, minuto a minuto, que o tempo se foi esgotando, o jogo foi passando ao lado, sem nada de surpreendente, só à espera do que acontecia… do inevitável apito final

Foi assim, naquele cenário, inferno desolado, ambiente frio, terreno pesado, uma equipa com sorriso amarelo, defensiva, calculista, um Benfica pouco aguerrido e movimentado, demasiado à espera do que poderia acontecer, uma sorte madrasta que não quis dar uma ajuda, no minuto 13, e noutros minutos menos esclarecidos e decepcionantes

Uma bola por alto, para a torre mais alta, atacou-nos no coração, e tal momento de fraqueza foi crucial. O Ramires é muito bom a defender, mas não pode ficar amarrado à lateral, se não falta combate e soluções mais à frente. O Aimar e o Saviola não souberam deslindar com tanta perfeição aquela povoada defesa, não havia muito espaço, mas a criatividade e dinâmica empreendida ficou um pouco aquém do esperado, se pela relva, se pela bem armada estratégia defensiva, se pelo excelente guarda-redes contrário, se pela falta de sorte e clarividência no último remate, pouca movimentação…

Fica-se um pouco desconsolado, com o amargo da derrota, num jogo que poderíamos e demonstrámos ter argumentos para vencer..., mas a vida continua, temos que cerrar fileiras novamente para levar de vencido o Passos de Ferreira, antes do pequeno interregno, voltar às vitórias e mantermo-nos no cimo da tabela da classificação...


PS - Os Portistas são mesmo fanáticos, quando os portugueses da selecção, amigos do Bruno, Raul, etc… vão jogar ao Porto, com as camisolas dos clubes que lhes pagam para desempenhar com brio e profissionalismo o seu papel, são simplesmente axincalhados, como foi já o exemplo do Ronaldo (pé canhão) e agora do Simão (intimidado). Aprendem com o líder do clube que usa e abusa da ironia bacoca para se referir a todos os dirigíveis que entrem em rota de colisão, ou simplesmente de opinião diversa (cor avermelhada!), com o FCP…

Claro que a sua força mental invejável, já o disse por várias vezes, deve-se ao apoio incondicional e carinhoso do seu público, e os jogadores retribuem com entrega, luta e união, mas claro que se nota, nos dois últimos jogos, dos mais competitivos, apesar das vitórias, que a coesão e a dinâmica estão um pouco comprometidas com a saida do maestro Lucho e do irrequieto Lisandro.

Mas eles têm esse mérito, de transformar água em petróleo, tem que se lhe reconhecer o trabalho, Deus queira que esta temporada não seja o ano do dragão (nem do falcão), mas que a águia mostre todo o seu esplendor. Devia haver uma saudável alternância democrática na distribuição dos títulos e troféus, já que na política continuamos com a mão fechada, que eles abrissem a mão e permitissem aos benfiquitas, desta feita, comemorar com alegria, esteriorizar tamanha ambição…

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