
Benfica 6:1 Nacional
Mais uma semana a somar à nossa vida, mais um dia de jogo na história do Benfica; numa longa e díficil segunda-feira a empurrar-nos para o regresso ao trabalho, pelo meio do nevoeiro matinal, ao ritmo lento do trânsito e da apatia habitual...
Apesar da cinzenta atmosfera, a fazer fé no provérbio, com o dissipar das névoas, o tempo ainda ficaria soalheiro, e já no final apressado das trévoas, na mesma cumplicidade da meia lua, chegaria alegre a casa, com o dever cumprido e pronto para assistir a mais uma emocionante partida de futebol...
Manhãzinha, depois do transporte escolar, enfrentando o ar húmido, ainda fui fazer uma corrida pelo parque, castigar o corpo do fim de semana festivo, antes de entregar a alma a mais uma jornada de trabalho, submergido por uma rotina demolidora, tentando sair vencedor…
À hora marcada, passada com calma a primeira etapa, da última semana de Outubro, tinha reservado o televisor só para mim, tive tempo para jantar descansado, ludibriar a pequenada com um filme prometedor, respirar fundo, com o cachecol ao pescoço, torcendo para que tudo corresse pelo melhor…
Na retina ainda estava o Nacional do ano passado e nunca sabemos o que podemos esperar dum jogo de futebol mas, numa primeira imagem, mesmo com a surpresa do Coentrão na constituição inicial e a inclusão do Maxi, a equipa titular entrava com a máxima força… Mas também não gostei do sorriso sínico do árbitro (suspeito), ou porque também não é fácil esquecer tantos dissabores já vividos, mesmo que estejamos numa fase goleadora, acho que só mesmo a conquista do título irá fazer atenuar e exorcizar todos os medos e frustrações…
O jogo começou muito dividido, embrulhado, com o primeiro quarto de hora sem atar nem desatar, sem chegarmos à baliza. A equipa insular fez jus ao seu estatuto e experiência europeia, tentando ganhar confiança com o passar do tempo, mas eis que surgiu o mago a rasgar a defesa, o Coentrão que tem andado danado para dar nas vistas, em posições conhecidas, a fazer a assistência para a tabela com o pé esquerdo do Cardoso. O Ramires, a sombra, o instinto, as pernas, já lá estavam no enfiamento, para o que fosse preciso…
Foi então que o Aimar se começou a soltar, com ele toda a equipa, ganhando mais ritmo e dinâmica. Mas o Nacional foi sempre apertando e tentando criar perigo, e numa jogada duvidosa (pois bem que siga), o Micael, um dos nossos carrascos da choupana do ano passado, também soube colocar com mestria a bola na passadeira do golo...
Mas eis que mais um centro sublime do Fábio, foi de encalce à oportunidade e à categoria do Saviola (a papel químico de Leiria), que apareceu repentino e com eficácia no meio da defesa, para facturar e levar de vencida a partida para o intervalo...
Sentia-se alguma tensão, o Nacional estava bem organizado, tinha jogadores acutilantes, o Kleber experiente tentava preencher o meio campo, o Patacas ia aguentando a lateral, o Micael armava rapidamente e com classe a ofensiva, os treinadores também não morriam de amores, e a primeira parte terminou muito aguerrida e equilibrada... mas parece que não havia razão para tanto...
Com a segunda metade, com o apoio frenético que veio ao de cima dos quase 50 mil espectadores, com o cansaço e tensão que se foram acumulando, o jogo viria a partir-se mais uma vez, inclinando-se com supremacia, qual jogo de boxe, para o lado encarnado, deixando a equipa adversária quase com KO técnico e um jogador na rua...
E não me venham dizer que não foram penaltis, por em dúvida a intensidade do toque, houve um indismentível contacto, se fosse fora da área ninguém contestaria a falta, e o Cardoso, aproveitou para angariar mais tentos, para disparar, a 140 à hora, para o topo dos melhores marcadores... (ai se ele chutasse com os dois pés, mas a perfeição não existe!)
Num jogo que parecia complicado, tudo se veio a resolver, mais uma vez, com uma goleada incotestável, meia dúzia de golos, apenas com um de resposta. Acho que não se pode por em dúvida o bom futebol, a hegemonia encarnada, por um ou outro lance mais duvidoso, houve momentos de muita classe, jogadas corridas, o Ramires e o Di Maria são incansáveis e completam-se na segurança e espontaneidade, ambos merecia um golo, e talvez o primeiro devesse ser poupado, apesar da sua juventude, energia e valentia...
O Martins, tinha tudo para aproveitar o espírito da sombra do Aimar, mas o corpo não quis corresponder, o nosso Ruben, aproveitou para fazer manutenção e mostrou estar operacional, o Maxi e o David também foram inexcedíveis na entrega, o Javi tenta sempre jogar com destinção (com os dois pés e cabeça), fazendo uso do porte atlético... estiveram todos bem, no computo geral (até o Luisão andou com fintas no ataque), conseguiram galvanizar uma vez mais o público presente, dar uma grande alegria à multidão de adeptos, espalhados em volta do rádio e da televisão...
Por falar em Tv, depois do jogo, com um resultado tão avolumado e esclarecedor, o pobre do comentador desportivo, qual comadre, arquétipo da nossa sociedade, queria era falar do que se passou fora do campo, dos desaguisados, de eventuais encontrões e bocas que se ouviram no intervalo, um pouco influenciado pelo dizer do Micael, quis que os treinadores falassem dos mexericos, ao que o Manuel Machado respondeu com postura e elevação (ficou-lhe mal o esquivo à sala de imprensa) e o J. Jesus com lizura e frontalidade...
Mais tarde, passo pelo trio de comentadores da SIC e logo na abertura, oiço da boca do Aguiar um inflamado discurso, quase a respingar fogo, de cenas lamentáveis que não vira, dum relato onde ouviu gritar mais alto os golos do Benfica, não disfarçando uma incontrolada azia... realmente, pagam a este(s) Senhor(es) (Doutor(es)), para dizerem tão pouco ou coisa nenhuma, só falam dos árbitros, dos lances dos opositores, das jogadas polémicas... uma embirração desmedida pelo encarnado... desliguei logo a televisão, fiquei com nauseas só de ver aquele ódio entranhado na fala, na carantona azul e carrancuda...
Para terminar, antes do Serão profundo e reparador, e em geito de conclusão, claro que são só mais três pontos, mas que nos elevam ao primeiro lugar da classificação, juntos de um Braga que finalmente empatou, e que vamos enfrentar já na próxima jornada, depois de 7 vitórias sucessivas... Vai ser um jogo emotivo, de grande tensão, que tem em disputa o primeiro lugar, o qual esperamos que possa ser bem jogado e o Benfica possa vir a sair como um justo vencedor...
É mais uma das Batalhas que temos que vencer, mas se calhar seria bom recorrer ao divino, ao Bom Jesus e a todos os Arcebispos que, concerteza, a fazer fé no provérbio popular, a haver um milagre será sempre para os que vem de fora...
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