domingo, 22 de novembro de 2009

Um fantasma desfez-nos um sonho!


Benfica 0:1 Guimarães

Depois da jornada lusa, garantidos os bilhetes para os confins de Africa, onde vamos estar com grandes expectativas para disputar o Campeonato mundial…, mais de 500 anos depois temos que dobrar mais cabos e tormentas se quisermos regressar com mais conquistas, continuar a dar largas aos horizontes e ambições dos antepassados. Fomos deixando por lá uma vasta comunidade patriota, mas toda a lusofonia africana vai concerteza trasmitir muito alento e vibração, em troca do orgulho alcançado… (afinal somos os 5º cabeças de série).

Enquanto isso, vamos caminhando para o Inverno, as ruas começam a ficar iluminadas e frias, os enfeites coloridos contrastam com o tempo soturno, a chuva vai conquistando terreno, boicotando planos, mas o sol ainda não se sente completamente destroçado, apesar do progressivo arrefecimento nocturno, e voltou, neste Domingo, com um sorriso tímido mas confortante, depois da tempestade diluviana do dia antecessor.

Este final de semana, assinalava também o regresso da vida à normalidade, depois de uma semana com algumas baixas no quartel, os soldadinhos de chumbo tiveram que se ausentar da escola e alteraram todas as rotinas mas, eis que voltaram com toda a pujança para nos despertar de novo para a invariável mas linda realidade…

O Futebol também estava de volta e logo com um jogo altamente competitivo, de taça, que ditaria o afastamento desde logo, de uma equipa que seria digna da final. Enquanto os directos concorrentes se entretinham com adversários hieraquicamente inferiores, ora perdidos em novelas caseiras, sobre estados de terreno somenos, ora fazendo filmes sobre a miséria dos Pescadores que tiveram uns dias (e uns minutos) na ribalta.
O nosso Benfica tinha que se desenvencilhar da excelente armada vimaranense. Claro que seria uma vantagem começar desde logo a ganhar ritmo e altos índices de rendimento para os jogos que se seguem, mas existia sempre a possibilidade, mesmo que remota, de sermos eliminados.

O Benfica, apesar de tudo, apresentou a sua melhor equipa, o onze titular, com excepção do jovem atacante Keirisson, muito franzino e pouco acutilante, mostrava a sua força, e disponha em campo os melhores elementos do plantel. Mas num jogo de futebol, num só encontro, tudo pode acontecer, e o inevitável fim juntou-se com inesperada surpresa, o imprevisível desfecho amantisou-se com enfadonha tristeza e tudo acabou ali em pouco menos de 100 minutos de futebol.
O Coentrão mal suou o último apito, foi o primeiro a demonstrar o desgosto, prostrado por terra mas, desde logo se abateu sob o Estádio da Luz um silêncio desolador e um vazio percorreu o coração de todos os benfiquistas. Um fantasma vestido de branco, passou por ali, e num ápice, cortou-nos as asas dum sonho, numa noite de terror!

O David Luiz mostrou que tem suficiente qualidade e maturidade para assumir a chefia da defesa, o Sidney notou-se falta de confiança, mas colaborou sempre dentro das possibilidades; o Saviola, mesmo sem jogar mal, tem vindo a perder alguma fogosidade, se calhar pela habituação ao Cardoso, o Aimar ainda quis pegar no jogo, é dos poucos que consegue infiltrar-se na densa teia contrária, com a bola nos pés, mas, faltou em geral, mais entrega e velocidade no jogo. O Di Maria esteve pouco inspirado, ainda por cima demasiado tempo no lado oposto… e o diamante Ramires andou algo discreto, o mesmo tempo demorado do lado oposto da linha, apesar de ser, a par com o Coentrão, o mais incoformado na procura da bola.

O Guimarães limitou-se a defender, povoando o seu reduto defensivo, desempenhando o melhor possível o seu papel, com o Assis e o Desmarets para segurar a bola no meio campo, acompanhando o Targino nas suas cavalgadas libertinas.
E havia de ser o seu jogador mais faltoso, já amarelado, que, com uma cabeçada certeira, perante o fraco confronto do Javi, haveria de colocar o Guimarães em vantagem, num lance de canto inesperado...

-Se o Luisão dava mais estabilidade à defesa? Mas também não haveria de ser pelo fortuito golo permitido, ou pela cabeçada ocasional do Assis, logo a seguir, para as mãos do Moreira, que perdemos este jogo, assim não tivéssemos permanecido em branco.
-Se com o Cardoso tal não viria a suceder? Mas também uma equipa não pode ficar dependente, mesmo do pé quente, de apenas um jogador. Se calhar teria sido boa ideia ter posto o Nuno, mais experimentado e merecedor de renovadas oportunidades, mas também isso é mais fácil apontar no final, depois do descalabro.

O Benfica tem que se capacitar que todas as equipas, tirando as que se queiram afirmar pelo seu poderio, jogando de igual para igual na procura da vitória, se vão resguardar, vão fechar-se em copas, aproveitando todas as migalhas, tentando aproveitar o nosso esmorecimento, gizando táticas que sejam merecedoras de sorte ocasional ou de felizes contra ataques.
Mas o Benfica tem que se mostrar sereno, paciente, não cair na tentação de chegar ao golo a qualquer preço, temos que trocar mais a bola, chamar o adversário, ganhar confiança para numa oportunidade avançar na certa e facturar.
Mas claro que dizer é bem mais fácil do que fazer, e neste jogo, apesar de alguma moderação na sua abordagem inicial, pouca dinâmica e impetuosidade (o interregno talvez não justifique tudo), o que é certo é que fomos nós que tivémos as despesas da partida e não se pode atribuir falta de entrega e motivação, faltou talvez alguma força suplementar, mas o Guimarães teve a sorte de marcar primeiro e depois soube aguentar a supremecaia encarnada.

No Computo geral, e para terminar este já exaustivo comentário, ou tentativa frustrada de exorcizar este deprimente sentimento, resta-me a consolação de pensar que tudo na vida é um momento, que os jogadores foram uns dignos vencidos... tal como depois da doença, voltamos mais robustos, uma vez perdido o sentido do Jamor, com o sabor amargo da derrota e o afastamento da Taça, temos que regressar mais coesos e unidos, para alcançar outros e mais importantes objectivos: a recuperação da nossa estima e grandiosidade, ao nível nacional, com o alcance do título maior, e um percurso brioso e prestigiante pelo continente europeu...

E para isso, para continuarmos na senda desses objectivos, é muito importante ganhar em Alvalade, no próximo Sábado à noite, sem grandes euforias nem rivalidades, nem tão pouco porque gostamos de ver os outros sofrer (também nós já tivémos o nosso quinhão), mas porque só a vitória nos interessa, para manter vivas estas esperanças, desforrar a mágoa sentida por tamanha desilusão.

Nenhum comentário: