quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Noite de luz, glória e união!
Benfica 3:0 U. Leiria
Depois da ressaca de sábado à noite, o abençoado oitavo dia serviu para restabelecimento e descompressão, apesar da tímida luz soalheira não elevar muito o espírito, tentamos equilibrar o ânimo com a religião. De repente, chegou-nos o convite para outra semana de trabalho, mascarada já de Fevereiro, com um cenário primaveril, para aliciar a vista, apesar da inevitável resistência ao ar arrefecido do inverno...
Para quem se aventura ou é forçado a calcurrear os passeios, vagueando a pé ou pelos rectilíneos carris, é preciso enfrentar o ambiente, o corpo retribui energia em proporção da exaustiva marcha e o tempo radioso ajudou a desbravar o caminho. Os dias aproveitam para se espreguiçarem mais um pouco antes da noite abençoada pelas Candeias de Nossa Senhora, que nos alumia a esperança, nos conforta no enlevo de um serão cheio de luz e amor… mesmo que fosse de má memória para os leões, que pela sua tenra fragilidade mental, fizeram acordar o Dragão…
Com dois dias majestosos de sol, mesmo prevenidos pelo provérbio religioso "o dia a sorrir adivinha um inverno ainda para vir", as repentinas alterações de sumbissão solar não se fizeram esperar e um volte face abrupto haveria de transformar a 4ª-feira num dia cinzento e transfigurado. E a tristeza não haveria de ficar só pelo céu, o esmorecimento na terra foi ainda maior quando, logo de manhã, numa pequena e inofensiva transgressão rodoviária, para encurtar a distância da escola e ludibriar o tempo que faz soar a campainha, as pressas se transformaram numa valente reprimenda da autoridade, com direito a perseguição, auto de contraordenação, multa pecuniária, um abanão geral...
A seguir à punição e penitência matinal, antes ainda do chuvoso desgosto que apareceu depois da pausa para a refeição e da lufada de ar fresco, eis que haveria de surgir uma boa notícia para me ajudar a aliviar a tensão, a oferta de um bilhete para a bola. A tarde continuava chorosa, mas a alegria estava a reconquistar aos poucos o meu coração, os maus momentos tem que ser relevados e a ansiedade é um bom tónico para essa regeneração...
A precipitação suspendeu a actividade, antes da noite cerrada, quando entrámos na Capital, em sentido contrário das enormes filas que seguiam na direcção da Ponte e fomos estacionar na periferia do luzidio monumento da Luz. Seguimos o foco de luminoso que denunciava a Catedral, fizemos uma breve passagem pelo Colombo, o grande navegador que deu o nome ao centro comercial adjacente, e fomos de encontro ao grande palco, para visitar a outra armada, quase invencível, que está a desbravar o campeonato, com grande galhardia e determinação, tentando conquistar novos títulos, alcançar a glória nacional.
Entrámos no campo, ainda meio despovoado, com uma alegria enorme, uma chama imensa, no relvado verde já treinavam os craques, os top jovens e os internacionais… tudo sobre o olhar atento do Almirante Jesus. A vibração foi gradual, com o speaker a apelar à sintonia, o voo da águia emocionante, o colorido berrante, o cântico do hino…
O jogo começou a um ritmo lento, os leiriense, sem claque nem audácia fechavam-se a sete chaves, o guarda redes pontapeava as bolas pelo ar para chegar ao outro meio campo, apesar de tudo, mesmo sem fazer qualquer jogada corrida, foram conseguindo alguns cantos mas, os jogadores encarnados trocavam a bola a seu belo prazer, lá atrás, procurando pausadamente a confiança ou alguma jogada mais certa numa brecha forçada ou existente…
Eis que de repente, com 10 minutos decorridos, o Saviola resolve vir à esquerda, pega na bola, no seu jeito característico, entra pela grande área, sempre em progressão, faz uma tabela com Aimar e centra para a cabeça do goleador Cardozo, colorário de uma magnífica jogada de futebol: “espectáculo!”, gritei eu... Depois o Luisão, o Cardozo e o Di Maria ainda poderiam ter feito mais um golo, o Leiria limitava-se a defender a margem mínima...
A segunda parte começou com mais um forcing na procura de outro golo, para dar mais tranquilidade, e quem mais, Saviola, depois de um passe do Fábio, para desfeitar a baliza da União… seguiram-se mais jogadas de perigo (o Benfica é uma máquina de fabricar golos), o Leiria tentava esticar mais o jogo, mas quem chegou também foi a chuva miudinha, abençoada, logo a seguir ao 2º golo, para fazer parte da diversão, assistindo com envolvência até ao apito final...
Antes, ainda tivémos que tirar o chapéu ao golo do Ruben Amorim, bater palmas ao homem do jogo: Saviola, ao Ramires e ao Aimar e, já no final, os agradecimentos merecidos e calorososos para todos os protagonistas, num derradeiro grito de guerra para exteriorizar a satisfação…
Como a chuva não acalmava, tentei ainda, em vão, agarrar a bola pontapeada pelo Fábio, mas a inevitável e lenta despedida teve que ser percorrida com improvisados resguardos, num passo acelarado, ziguezagueando por entre pessoas e obstáculos, com sentido no aconhego do carro… finalmente chegava à quentura da casa, atingia o prazer e a paz plena com o reencontro da família…
No Sábado à noite, na pensínsula de Setúbal, na cidade do Sado, vamos jogar mais uma final - já só faltam 12 batalhas para o Benfica erguer mais alto o seu nome, enaltecer a bravura deste povo atlântico, humilde e ambicioso, magnânima alma que anseia por mais este feito de exaltação…
Eu, amo o Benfica...!
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