sábado, 6 de fevereiro de 2010

Estivémos à beira dum bonfim!





V. Setúbal 1:1 Benfica

O tempo amainou, depois da noite em que andámos a cantar à chuva, para os lados de Benfica, o final da semana foi despontando com a cara lavada; alguns chuviscos ainda resistiram, mas a meia-lua que foi vista de supresa na manhã de 6ª-feira, dissimulada por entre os brancos salpicos que tingiam o céu, vieram por termo a qualquer indecisão...

O Sábado, apesar de tudo, deixou-se enlevar de novo pela preguiça, acordando no denso nevoeiro que se juntou na madrugada e que tinha amarrado o sol num denso e fresco veu. Lentamente, sai da toca, para me perder no tempo, não pudia desmarcar o treino físico semanal, tinha que encher os pulmões de ar, esticar as pernas, punir o corpo para compensar alguns excessos que o juizo da cabeça não perdoa. Antes, passei pela barbearia, a loja mais típica do bairro, para um corte de cabelo e um dedo de conversa e, sem mais demora, fui ao encontro da fresquidão e vida natural do parque.

O espaço aéreo estava mais reduzido, as gaivotas e os cisnes cancelaram alguns voos, era pouca a movimentação, o circuito fugia do alcance, mas não hesitei em percorrer o perimtero habitual, mesmo sem o olhar sobranceiro e fortificante do Cristo, a música espiritual de Enia ia atenuando a barreira visual, embalando nas asas do pensamento por cima do opaco horizonte.

Depois do almoço, o sol começou a desenvencilhar-se da penumbra, usou todo seu calor para trespassar e desfazer a arrefecida atmosfera e sorriu,mesmo com ar de pouca dura… Para cumprir mais um ritual desportivo, levámos os pequenos às piscinas da Luz. Nos pavilhões, ao lado, iriam decorrer outras modalidades e aproveitei para comprar os bilhetes para o Andebol do dia seguinte, antes do regresso a casa.

No adiantado entardecer, fomos a pé, ao encontro da noite, primeiro tomamos o metro e depois de mais uma caminhada, para sentir a liberdade da rua, fui visitar os queridos progenitores, prestar-lhe o apoio habitual.

Já com a noite cerrada, depois de ter ouvido no rádio, o “piu-piu” do Patrício (os desaires já não fazem moça no estado debil do meu pai, que denuncia a avançada idade, repleta de outras mais importantes agruras), e aos poucos também já se vão acostumando os demais aficcionados. Claro que não quero o mal dos outros, antes pelo contrário, tenho alguma simpatia pelo riscado verde, mas a mim o que interessava era o jogo da noite, na cidade de Setúbal… com o voo da Aguia...

Depois duma curta boleia, também não convém abusar da fadiga, fechei-me em casa e preparei-me para assistir ao jogo glorioso. As televisões transmitiam as diversas programações, vampiros, dysney e o tão empolgante futebol que se vai jogando por esse Portugal. O Benfica passava, pela segunda vez, o Tejo, e ia jogar à cidade azul, do rio com golfinhos, da arrábida montanhosa e do saboroso peixe na gastronomia...

O Benfica não tinha outra alternativa se não ganhar, cavar distâncias para os segundos, ganhar supremacia, através dos pontos da vitória e da moral do seu poderio. O Carlos voltava, estava numa fase boa, o Ramires tinha que se poupar, de resto eram os mesmos futebolistas que nos tinham brindado no jogo do meio da semana. O público não aderiu com muito entusiasmo, a mancha encarnada também não se fazia sentir perante os ruidosos vitorianos.

Mas desde logo se viu um Setúbal a defender com unhas e dentes, a cerrar fileiras, espreitando o contra-ataque pelo Keita e o Helder - os jogadores do Porto emprestados são mais do que muitos, podem não jogar no seu clube, mas vem ao de cima a injecção que levaram para ter mais força quando encontram o Benfica. Ainda assim, a posse de bola foi esmagadora, mesmo que em remates, ataques e auto-golos, a estatística estivesse dividida.

O Manuel Fernandes estava danado para fazer perder pontos ao Benfica, a sua genica e impetuosidade, os videos…, já em Leiria nos tinha feito suar as estopinhas, hoje com o mesmo Jorge Sousa, a assinalar o penalti que nos possibilitaria também ganhar, com todo o mérito, apesar de alguma ténue apatia, o que é certo é que temos que nos preparar também para estas estratégias mais destrutivas, e onde é que andava ainda este resistente e famigerado defesa do Bessa...

Viu-se um Aimar a querer entrar no jogo mas um Saviola demasiado escondido no emaranhado de jogadores sadinos que preenchiam o meio campo defensivo. O Carlos não teve no seu melhor, a bola não fluia, não circulava com a segurança e a rapidez aconselhada, talvez pela falta de espaço e de inspiração.

A segunda parte começou num grito de guerra, com o Aimar a incentivar os colegas mas apesar do meritoso esforço não conseguiam chegar com muito perigo junto do Felgueiras. Os de setúbal ia deixando-se cair, o Di Maria sobressaiu, com o apoio do Fábio, entrou várias vezes pela área, mas o cruzamento não sai fulminante nem certeiro, as recargas não atingiam o alvo, as torres da casa não permitiam grande veleidades às torres da luz e o jogo foi-se arrastando pelo tempo e pelo empate…

O Jesus apostou tudo, com a entrada do Nuno e do Kardec, mesmo sem o Maxi, o Saviola teve que aparecer mais na tarefa de transporte de bola, mas os centros não saíam, as bolas não sobravam, os da casa estavam cada vez mais confiantes perante o crescente esmorecimento encarnado…

Eis que no último minuto, quase à beira do fim, tivemos a chance de termos um final feliz, com o lance de penalti sobre o Kardec. Já se viu que o Cardozo não é um jogador muito estável mentalmente nstes lances decisivos, porque é que não apostaram na classe e na segurança de outro jogador?! Nem mesmo a corrente de fé e oração que fiz com os meus filhos, a evocação da importância deste golo para as contas do campeonato, para continuarmos mais firmes na frente visando a conquista do título, foram suficientes sentidas ou concedidas por Deus...

A dupla soberba de comentadores da RTP, sabem tudo, acham-se muito bons, e depois dizem disparates do género "o árbitro volta a decisir um jogo do Benfica, apontando uma grande penalidade", e mais ainda que "o empate aceita-se, era injusto o Setubal perder", mas será que fui só eu que vi o caudal ofensivo do SLB, mesmo termitente, e a passividade, quase permanente, do VFC?!...

Mas não podemos desanimar, nem perder a fé, amahã é outro dia, afinal o Braga tem que ganhar todos os jogos, inclusive no FCP, e este não quer ficar de fora da Champions, e nós ainda temos que jogar com os dois, ainda vai correr muita água debaixo da ponte, ainda temos que lutar bastante física e mentalmente mas, a crença este ano é muita, só temos que agarrar a oportunidade, no próximo Sábado é importante irmos apoiar em massa o Benfica na Luz, para ajudar a alcançar outra importante vitória…

Antes, na 3ª-feira, espera-se que venha a ser um bom jogo, o Sporting de rastos, vai querer ressuscitar contra o Benfica, vai querer passar de cobaia para predador, vai ser a reedição da final do ano passado, no campo de alvalade, espera-se que o Benfica demonstre o seu ascendente, saiba impor a sua soberba e qualidade, mas à custa de muito empenho e humildade…

FORÇA BENFICA!

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