sábado, 24 de abril de 2010

O Benfica unido, jamais será vencido!







Benfica 5:0 Olhanense

A semana prosseguiu destemida pelo Abril adentro, já com um cheiro a cravo e rosmaninho..., as asas dos aviões retomaram o desbravar dos céus, enquanto na terra se acentuam as atribuladas tensões sociais, na míngua de pão, tantas as reinvidicações ao mínimo fundamento…

Foi assim que abordámos mais um fim de semana, prestes a lembrar a efeméride da liberdade, como a gaivota que voa ao sabor do vento, crescendo livres como a flor silvestre, mas cada vez mais presos pelos ditames da europa, amarrados à corrente da civilização, dependente das estratégias e dos mercados mundiais…

O Sábado só amanheceu depois da reposição do sono acumulado nos dias uteis antecedentes, o almoço só foi servido depois da preparação física habitual. Sob uma ténue camada nebulosa, lá no alto, esmagando a bola de fogo, tomei o braço do vento para atravessar a espessa vegetação do parque, aplaudido pelo viçoso cenário deslumbrante…

A natureza já estava engalanada para a recepção do Maio florido, os ramos das Amoreiras já estavam revestidos da folhagem de seda, floresciam rebentos nas Pereiras, as giestas tingidas de amarelo vivo exalavam perfume, multicolores e aromas pintavam o relvado ou sobressaíam dos arbustos que se afastavam do caminho…

À tarde fui até ao Estádio da Luz, quais peregrinos duma Romaria, com paragem nas frescas Laranjeiras, visitando as imediações do Zoo. Sentia-se o calor filtrado no imenso branco em forma de véu, num matizado crescente de azul...
Depois da volta ao redor da Catedral, enquanto o mais novo se entretinha na piscina, regressámos à outra margem para nos juntarmos ao resto da família, antes de seguirmos para casa… já com o terno entardecer que envolvia a cidade, entrámos pelos aposentos, numa profunda cumplicidade, tempo favorável para partilhar sentimentos, um serão inteiro para trocar afectos, longe do mal, pelo amor fortalecidos…

A hora do jogo aproximava-se, inesperadamente não sentia qualquer ansiedade pelo desfecho, a envolvência dos espectadores presentes no estádio, a onda de optimismo contagiante que une os adeptos numa cadeia gigantesca de apoio e confiança à equipa, nesta altura, é tão forte, que era impensável as evidências não prestarem vassalagem às circunstâncias…

Por via das dúvidas, nada melhor que começar o jogo logo a ganhar. Numa jogada de ataque rápido, o centro do Weldon foi interceptado pelo braço do jogador do Olhanense e o Cardozo aproveitou a penalidade para por o Benfica a ganhar, desde o minuto três. Com este lance, lançada ainda mais gasolina sobre o ambiente escaldante da Luz, como se já não bastasse o avanço e a supremacia, os de Olhão ficariam sem um jogador, aí a partir do minuto 10, o que tornou muito mais simples a tarefa e o apuramento de toda a contabilidade.

Mesmo com as contrariedades, o Olhanense, como equipa aguerrida, não deixou de jogar um futebol positivo, sempre com a baliza em mente, com a bola de pé em pé, mas a juventude, que é muito acentuada, encontrou pela frente uma rapaziada muito mais madura e motivada, mesmo que nem sempre praticando um futebol vistoso, como já nos habituaram (talvez um pouco dislumbrados com todo o ambiente), mas com o Benfica a chegar e sobrar para alcançar mais uma conclusiva vitória…

Foi mais uma vitória com chapa 5, um resultado acostumado para estas bandas, com o Cardozo a saltar de novo para a liderança dos artilheiros. Os forasteiros, apesar de bem arrumados em campo, cedo se viram traídos pelo desenrolar dos acontecimentos, não conseguiram digerir a emoção do encontro, pois a entrega desmedida nem sempre é o garante dos melhores resultados, mesmo praticando um futebol objectivo…

É um regalo ver jogar o Di Maria, faz jogadas mirabolantes, rasga as defesas, entra pela área sem pedir licença, desequilibra qualquer adversário, faz dribles e assistências que são mais do que meio golo - se o Cardozo conseguir a Bota de ouro, ele é um dos grandes responsaveis por esse feito…

O Fábio está um primor, rápido e seguro defensivamente, tentando seguir as peugadas do seu conceituado colega à sua frente, ainda quis selar uma excelente época com um golo, mas já ninguém lhe tira o mérito atingido, está cada vez mais maduro e confiante para continuar a esplanar a sua classe ao serviço do Benfica, e quem sabe venha a ter a pridileção e o prémio do seleccionador…

O Aimar, quase jogava os 90 minutos, teve interveniente e com a classe habitual, no meio do campo, serviu o seu conterrâneo no lance do 2º golo, e saiu debaixo de um forte aplauso, para dar a entrada ao saudozo Nuno. O Maxi substituiu o Amorim, a tempo de demonstrar a raça e a dedicação que lhe conhecemos, sempre com grande atitude em toda a faixa lateral. O Ramires e o Javi tiveram prestações de bom nível, a exemplo da dupla de centrais, com o David a mostrar mais fulgor, no auge dos seus 23 anos; o Saviola, já se deu por ele, ainda a ganhar ritmo, para ver se consegue mostrar o trabalho distinto nos dois últimos jogos…

Enquanto escrevia a crónica, ouvia-se lá longe, junto da foz do rio, o estridente ressoar dos foguetes que estalavam no ar ao início de um novo dia. Passados 36 anos, o povo ainda sai para a rua, os filhos dos filhos, a malta que já não sabe o que foi o grito da liberdade, para comemorar as árduas batalhas a favor da livre expressão e da idealogia, travadas no lento e penoso passar do quotidiano
Num esmorecimento moral progressivo, um ditador só e triste, quis manter o país grande de território mas vazio de mentalidade. Não é que num destes dias, que antecederam o fim de semana, uma monumentral chuva de granizo se acumulou nas ruas da sua terra natal…

Mas esta época é propícia para o povo sair para a rua, aproxima-se o Maio dos trabalhadores  revoltosos, acicatando a bandeira das greves (o que dizer dos que já foram desprovidos do trabalho)...

Por isso, amanhã, pelas 20h, está já convocada, à condição, uma grande manifestação nacional, com epicentro no Marquês do Pombal, mas com aderência massiva em todas as Praças mais emblemáticas do país, pois podemos estar na iminência de festejar efusivamente mais uma conquista de Abril, fazer deste dia ainda mais histórico para portugal... ainda mais se nesse mesmo dia o Benfica se sagrar campeão da Europa em Futsal ou alcançar o título de Voleibol a nível nacional...

Como o Jesus disse, cada palavra proferida transparece a sabedoria do futebol, é uma digna passagem bíblica do desporto rei: "era melhor festejar o título com o Benfica a jogar dentro do campo", assim não vai ser tão impulsivo, afinal, quando o jogo na Figueira da Foz começar, vamos estar na posição de campeões, até que o Braga consiga marcar.

Realmente, não interessa que seja amanhã, ou que por circunstâncias casuais o seja em casa do actual campeão, afinal não haveria melhor maneira de fazer logo a entrega do ceptro e a passagem do testemunho, sem disprimor pela equipa da casa, no estádio do Dragão…

(Campeões), somos quase campeões!

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