domingo, 18 de abril de 2010

Já vestimos a capa para o cortejo!





Académica 2:3 Benfica

Depois da cintilante noite de terça-feira em Lisboa, com a Luz rendida à magia da brilhante vitória, nem mesmo o dilúvio que se apresentou numa tão solene cerimónia para tomar conta do país, nem mesmo os sete pontos que ficaram a faltar para atear a derradeira centelha da emoção, amornaram tanto entusiamo e fulgor…


A chuva, nesse instante abençoada, haveria de instalar-se em definitivo com o decorrer da semana, com intensos aguaceiros e frequentes trovoadas a apanharem o mais prevenido dos transeuntes ou todos os incautos aventureiros que tinham que calcurrear as ruas da cidade.

Depois das reuniões escolares, das viagens pedestres para o trabalho e regresso ao dormitório, enfrentando as intempéries e o resfriado ambiente, chegávamos a mais um fim de semana, a contrastar com o anterior encalorado, já no desbravar da segunda metade de Abril, trazendo consigo uma instável e inconstante metereologia, já para não falar da "nuvem negra"!

De tal modo, o Sábado amanheceu tardio, a chuva embalou a preguiça com a melodia do beirado, a ginástica foi frenética mas em local abrigado, tentando reagir ao comódo bem-estar, ao conforto da estalagem e ao esmerado serviço de refeições (um suculento prato de arroz com sangue e coentros)...

A tarde trouxe consigo uma doirada carícia, focos luminosos que revelavam imagens distintas e alegravam o olhar. Saimos do cortiço e fomos zumbir para outro local, respirando a frescura da primavera, procurando o calor para nos aquecer, retomar a actividade no exterior…

Enquanto os pequenos foram às piscinas da Luz, no pavilhão anexo decorria o segundo jogo da final de Voleibol. Em redor já se viam os preparativos para a grande corrida de Domingo; há hora do regresso, o Benfica tentava recuperar dum desfavorável 2-0 mas, mesmo ganhando por 16-12, não esperava uma tão soberba recuperação. Mais tarde, em Hoquei, também em casa, o Benfica confirmava a sua presença na Final da Taça CERS.

O Sábado terminava na lentidão do entardecer, um bem-estar fortificante pelos laços de ternura estabelecidos com a família, pelo repouso alcançado no recolhimento nocturno, nas asas dum sonho qualquer. O sono seguiu pelas profundezas duma persistente chuvada matinal, ao ritmo vagaroso do tempo.

Porém, antes do almoço dominical, ainda houve tempo para uma saida comercial e uma visita domiciliária, com a respectiva ajuda parental e troca de afectos.
Pela tarde, com um sol tímido mas abrasado, fui assistir, com os mais novos, ao jogo de Basquetebol, com o Benfica a levar de vencida o Física, com um João Santos imperturbável debaixo das tabelas e a atirar ao cesto, por uns contundentes 91-62, atingindo o 20º triunfo, antes de terminar a primeira fase com uma visita a Ovar...

Sem demora, depois do excelente espectáculo, das bolas ao cesto, atravessámos a ponte de Abril, na direcção da outra margem, porque estava prestes a começar mais uma partida de futebol. Em Coimbra, no estádio central da pátria, ia ser o palco da 4ª final, rumo à consagração da capital, depois da visita marcada à segunda cidade do país. O cenário estava montado, o público tinha comparecido, o encarnado coloria as bancadas e as bandeiras defraudavam ao vento.

O jogo era propício para consagrar todos os adeptos residentes no centro de Portugal, mesmo com algum suspense no resultado, motivado pelo pressing bracarense, a onda de entusiasmo é muito grande para deixar os jogadores desamparados, para a equipa não conseguir demonstrar com garra e determinação todos os seus atributos...

Com a entrada do Weldon, o Ruben rendia o Ramires, o Sidney substituia o Luisão, o Jorge Jesus dispunha a sua esquadra de modo a supreender o adversário, confiando nos jogadores e na força em crescendo.

Depois do apito inicial, a Académica ainda tentou entrar no nosso meio campo mas a ganância de ganhar era tanta que, ganhámos a bola, fizemos dois cantos e dois lançamentos laterais, e a cabeçada fulminante do Weldon, passados 2 minutos, fez o primeiro golo da partida. Os da casa, apesar do desaire permaturo e da claque ruidosa, tentaram discutir o jogo, construir lances de ataque, até que, passada meia hora, num lance de insistência, com um pontapé do meio da rua, uma bola transviada haveria de fazer o empate. O Quim que já tinha demonstrado apurados reflexos num lance anterior não conseguiu a requerida elasticidade.

Mais uma vez o Benfica tinha que correr atrás dos dividendos, obter golos, alcançar a indispensável vitória; mais uma vez os jogadores foram empenhados, conseguimos encontrar os caminhos da baliza, os artilheiros estiveram de pontaria afinada... E eis que ao cair do pano para o intervalo, mais uma cena, com o Weldon em destaque, depois do monólogo Di Maria, fizeram rejubilar de alegria a assistência e os espectadores, com uma performance digna dos melhores actores...

O jogo estava a correr bem, na palidez da luz que começava a fraquejar, convidando a noite para preparar mais uma semana de trabalho, a pausa deixava antever, mesmo com a divisão de posse de bola, uma boa entrega ao jogo, que o Benfica mostraria argumentos para vencer o encontro, cumprindo o seu objectivo...

Mas eis que a Zon haveria de boicotar o sinal de televisão, um apagão completo impossibilitou a visualização da segunda parte, perante o meu inconformismo e perplexidade. Comecei por retomar o contacto com o encontro, através da emissão radiofónica, mas depressa recorri ao computador na ânsia de voltar a ver rapidamente as imagens. O dessincronismo entre o relato e o video fez-me abandonar o meio audio, mesmo que breves pausas fossem interferindo no improvisado meio visual.

Já com o Martins em campo, o Benfica segurava com mais firmeza e consistência o jogo no miolo, tentavamos chegar ao golo que nos permitisse algum desafogo, mas a Académica lutava com todas as forças, importunando o Benfica, procurando discutir o resultado. Foi neste impasse, que o Di Maria, mais uma vez, deambulou pelo lado esquerdo, mirabolante e esclarecido, centrando a bola para o pontapé certeiro do Ruben Amorim, que obteve um golo de excelente recorte técnico, para exuberância de todos os adeptos, deixando-me mais tranquilo e confiante no sucesso.

A equipa coimbrã não quis deixar a derrota muito barata e ainda conseguiu chegar ao 2º golo, na parte final, em mais um remate longe da área, com uma trajectória traiçoeira, atravessou a muralha de pernas vindo anichar-se no fundo das redes.

Mas o final chegou, os interpretes agradeceram a presença e o apoio do público em mais este concerto, galvanizaram-se ainda mais para os três ultimos espectáculos, retribuiram a energia e a alegria sentida por mais uma exuberante vitória que nos deixa num estado inebriante de euforia…

Na próxima partida, Sábado à noite, que se espera mais escaldante, esperamos já ouvir um grito esfuziante de liberdade, o mesmo que nos catapulte para festejar com grande alegria, o que todos esperamos, seja mais uma conquista de Abril, com uma sociedade eufórica na rua, revigorando com espírito luso a alma entorpecida…

FORÇA BENFICA!

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