sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Levantar a cabeça, contra tudo e todos!






Guimarães 2:1 Benfica

Depois do reencontro com o trabalho, com um rol de tarefas e imposições num controlado horário, semanas que vão vincando o míster e a rotina, chegou lentamente a saudoza descompressão, num entardecer quente mas lesto dos últimos ocasos de Verão. Estava agendada a reunião escolar do filho, antes do recolhimento definitivo nos claustros do templo.

A ensolarada temperatura, companheira das férias, não se comoveu com o aceno de despedida, continuou a espraiar radiosa a luminosidade, talvez solidária com abertura tardia dos estabelecimentos de ensino, talvez decidida em defender o afamado estio até ao findar da estação.

Com o fim de semana, imaginavamos já passeios e ocupações, as expectativas e o entusiasmo pareciam evocar as frescas lembranças vividas, dias de lazer e diversão… e mesmo que fossem só devaneios, depois da apresentação na Escola, local revisitado, trinta anos depois da meninice, a noite haveria de assinalar o reatamento da Liga de futebol, com toda a ansiedadde que trazia o jogo do Benfica, desta feita no reduto do Guimarães...

Mas as responsabilidades devem estar acima da paixão, as emoções também precisam de intercalar com a mais requintada racionalidade, de tal forma não pude impedir, depois da longa exposição sobre o 5º ano escolar, que chegasse já noite escura ao meu sofá, companheiro de tanta inquietude e comoção.

Depois de estacionar a viatura, que tinha vindo com a rádio muda, foi apressadamente saber notícias no café, sem pensar receber tamanha desilusão, com o anúncio da derrota cedo consentida...
Mas quando pensamos que tudo de mau já aconteceu, algo ainda pior está prestes a acontecer; se já não bastasse os maus princípios, que ninguém gosta para os filhos, tudo parecia indicar uma galvanização e um crescendo de forma, ou resultados, com a conquista da última vitória.
Mas eis que o destino teima em fazer desmoronar a nossa ténue auto-estima, pois ninguém merece sofrer um golo logo nos minutos iniciais. No desporto, como na vida, os indices moralizadores, são factores imprescindíveis no desempenho físico e mental, o equilibrio é dificil estabelecer, nesta inconstante vulnerabilidade humana e colectiva…

Nesta encruzilhada, de resultados negativos, que afectam estados anímicos e levam ao desespero milhares de adeptos, só existe, porventura, uma solução: batalhar muito dentro do campo, correr mais do que o adversário, fazer de cada jogo um duelo de vida ou morte, trabalhar muito, com espirito guerreiro e solidário, para conseguir alcançar a vitória, a qualquer custo, sem ter a preocupação da exibição…

Só as vitórias consecutivas nos podem devolver a esperança e a alegria de poder voltar a sonhar, mas antes temos que percorrer uma dura via sacra, com sacrificio e dor, em busca da dignidade e do brilho deslustrados…

Claro que eu podia falar, como o Rui Costa, com toda a postura e racionalidade, dos cartões em exagero, das faltas descaradas, dos fora-de-jogo mal assinalados, mas eu não atribuo o descalabro em exclusivo ao árbitro, antes à onda de pessimismo e vulnerabilidade que se instalou no seio da equipa, ainda não conseguimos estabilizar a confiança, estancar o desassossego acumulado, encontrar uma formula, uma estrela, um empenho continuado que nos faça voltar novamente às exibições brilhantes que tivemos no recente passado.

Neste jogo, pelo visionamento da segunda parte, acreditando que a primeira foi dividida, nas palavras insuspeitas do Machado, o Benfica nunca se mostrou muito implacável e afoito na tentativa de virar o resultado, mas não se pode acusar os jogadores de falta de atitude, o Fabio está noutra galáxia, mas o Luisão demonstrou garra, o Aimar correu bastante, falta um pouco mais de velocidade, um pouco mais de pressão na recuperação da bola, um Jesus mais interventivo e inflamado, menos pensativo, enfim, obter mais do que uma vitória consecutiva…

Mas, eis que entretanto, no serão que já vai longo, nesta escrita e desabafo que nunca mais acaba, dei por mim a pensar no fim-de-semana que ainda tenho pela frente, apesar do assolo de tristeza... nos filhos e na mulher que dormem na quietude dos sonhos, no ânimo que rejuvenesce em cada alvor, num sol luminoso de esperança e alegria… numa paz duradoura que perdure até ao seguinte fim de semana, em cada ancoradouro, qual abrigo para a nossa vida…

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