sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Como treinares aquele Dragão!

Porto 2:2 Benfica

A semana seguiu acalorada o suficiente, indiferente ao equinócio e à brisa que precipitava a vinda do entardecer e o findar do Verão…

As árvores estafadas de luminosidade, vão alienando a imponência a troco de algumas folhas amarelecidas, pincelando a debilidade e as cores do Outono…
Depois da cambalhota das estações, o sol tentou manter o vigor da temperatura, mesmo sabendo que o tempo ancião, vigilante, lá vá preparando o seu ditame…

Do mesmo modo, vagaroso e convulsivo, vamos entrando na rotina matinal para a escola, no desgaste dos locais de trabalho, na genica que exige a prática desportiva, mas graças a Deus, há sempre um abençoado regresso a casa para nos libertar de tanto cansaço, temperar a sofreguidão, regenerar o entusiasmo pela vida…

E foi assim, depois do regresso ao futebol, a meio da semana, passados os acostumados conflitos do quotidiano, que chegámos ao abrigo do fim-de-semana, com a porta de 6ª-feira a trazer o emocionante clássico do Benfica, aspirando eu que uma vitória me pudesse elevar a um reconfortante e admirável mundo novo…

Depois da fugaz introsão pela invicta, fazia já um mês, mesmo que tenha sido só pela beira do rio, a imagem vista do meio do Douro foi agradável, ficou uma aguarela graciosa da cidade, que não combina com a agrura com que os aficionados portistas acolhem o encarnado…
Portugal é tão compacto que temos que valorizar a nação, num universo cada vez mais descaracterizado, daí que o clima de acalmia em volta do jogo, foi uma benção que há muitos anos não se via…

Todavia, não nos livramos dum começo de jogo emotivo e nervoso, no acalorado Dragão em fúria, e eu, no meio da sala, solitário no sofrimento à volta da numerosa familia…
Fui vendo um Benfica constrangido, os jogadores do Porto asfixiantes, estrangulavam o futebol encarnado, e as jogadas não saiam, a bola andava num reboliço constante… Mas apesar da entrega e da luta incessante, não se notava muito o lustro azul, um especial brilho na frente, pois só o Hulk desiquilibrava, a restante equipa apenas destruia e nada mais de surpreendente…

Apesar das algumas picardias, das faltinhas caseiras, o árbitro não havia de descarrilar, o Benfica também tentava não desmoronar, mesmo quando sofreu o golo, quase ao findar da primeira parte, manteve uma atitude competitiva… o Aimar não tinha espaço nem tempo para segurar o jogo, o Gaitan ia tentando chegar à baliza, o Nolito descomplicava, mas a primeira parte, foi ganha aos pontos pelo Porto…

O ínicio da segunda metade, ainda eu andava pela cozinha, quando o gaiato me veio trazer a notícia do empate, eu incrédulo corri para a frente do televisor, e manifestei a minha alegria… então, colei-me ao chão, sob as bancadas repletas, colei o meu olhar à televisão e todo eu crescia em expetativa, mas alguns minutos depois, outro golo aparecia fulminante, e não houve tempo para saborear nem para esboçar reação…

O esmorecimento cresceu, mas a esperança é algo que só se alcança com um esforço merecido, e os futebolistas, sempre acreditando, ajudados pelo recuo caseiro, foram lutando até atingir o merecido prémio... festejado com um grito de alegria, um murro no chão e uma explosão eletrizante...

Finalmente, passados alguns anos de poderio mental, o fogo do Dragão, parece estar agora menos flamegante, temos que enaltecer a capacidade emocional para recuperar de duas desvantagens em terreno tão hostil, apesar do começo periclitante, alcançámos com toda a naturalidade, um empate no campo do nosso mais directo rival

Nota-se um Porto mais morno, dependente dum jogador, que não chega a ser um heroi, e apesar da genética entrega em campo, não se deslumbra um brilho muito intenso, ao contrário, nota-se um Benfica mais amadurecido, mais homogéneo e com outras soluções…

Foi um bom resultado, que nos deixa invictos nesta temporada, moralizados e ambiciosos, só temos que adicionar mais uma porção de trabalho e empenho, unir as mãos, para 3ª-feira, em terras "ciganas", podermos continuar a sonhar…

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