terça-feira, 18 de outubro de 2011

Assalto ao ouro na Suiça...

Basileia 0:2 Benfica

O Sábado iniciava a segunda metade de Outubro, o sol mostrou sinais de fadiga e o nevoeiro aproveitou para descer à cidade, com visita demorada pelo alto do Cristo-Rei, onde o pequeno foi dar uns chutos na bola...

Mas aos poucos a mesma luminosidade escaldante veio desvendar a vasta peninsula e o imponente Cristo ali mesmo defronte...
Depois do treino esforçado, para merecimento do almoço, seguido da doutrina religiosa, para alimento da alma das crianças, estávamos preparados para viajar até ao campo onde estava marcado mais um evento familiar, o aniversário de mais um membro, quase no findar de meio século...

O encontro teve todos os condimentos, esplanada para temperar o calor, bicicleta para, num pequeno contra-relógio, queimar alguma reserva calórica, antes da avalanche do banquete... o marisco pelo entardecer e o churrasco para atear a noite com as febras e as cervejas sempre a abrir...

Depois dum Sábado longo e exaustivo, nada melhor que um domingo curto e descansado, no sossego do leito, longe da agitação...
Por isso, a semana chegou veloz, já na descida para o vale profundo de Outubro... com os acostumados horarios, só o adensado trafego ia variando, ainda com tempo propício para o diluimento do stress...

Na 3ª-feira, os jornais pendurados na papelaria aludiam ao grande jogo, a caça ao ouro voltava em terras helvéticas, com a esperança num bom resultado, era importante, pelo menos não perder para continuarmos ilesos e moralizados e porque mantinhamos intactas as hipoteses de apuramento com a mesma classificação...

A noite caiu rápido sobre a curta caminhada até casa, passo ligeiro ditado pela ansiedade, e pouco depois, passado o jantar desembaraçado, eis-me diante da caixa mágica absorto e contemplativo para me envolver com o jogo do Benfica…

A sala já continha quase todos os elementos da família, ainda pensei que seria gentilmente convidado a desertar para a frente doutro televisor, mas o meu interesse frenético pelo futebol ou ausência dum convite formal foi garantindo a minha presença, e ali fiquei arrastando todos comigo para uma incontornável inquietação…

Para refrear o impulso, o Benfica começou aos poucos a segurar a bola, a construir jogadas a toda a largura, com a bola de pé em pé, com o Aimar sempre na batuta e a profundidade veloz e tecnicista do Gaitan… o Bruno também aparecia muito em jogo, sempre com a ajuda atacante do Emerson, desta vez mais interveniente e rápido nos lances do que o Maxi… no eixo da defesa mantinham-se as torres gemeas e o guardião bastião Artur… voltava o Javi nas tarefas de trinco e o Witsel era o pendulo entre a defesa e o ataque, sempre com um estilo apurado e eficaz na ocupação do espaço e distribuição da bola, quer a defender quer na jogadas mais ofensivas…

O Rodrigo, lá ia lutando com todo o apego, provando ser opção válida para o lugar do Cardozo, e numa jogada de insistência, com o Gaitan a entrar do lado direito para dentro, depois duma tabela, à entrada da área, assiste o Bruno César, que aparece após simulação do Rodrigo, que deixa passar por debaixo das pernas, ao seu geito, com o pé esquerdo, a atirar cruzado para dentro da baliza…

Da minha posição de espetador, sentado no chão, o grito subiu bem alto e gerou uma fonte de alegria, audível por todo o casarão…
E o jogou foi evoluindo, com o Benfica a controlar, circulando a bola, mas quase no findar da primeira parte, depois dum esticão do Basileia, o Artur teve que intervir em várias ocasiões para negar o empate…

A partida recomeçou na mesma toada, com o Benfica a ter o domínio da bola, a criar jogadas de perigo, em acelerações pelos extremos, ora pelo Gaitan ou pelo Emerson, que esticavam o jogo, o Aimar ia temporizando a bola enquanto pode, com toda a técnica e primor…

Os da casa, tentavam arriscar e chegar ao empate, no seu estádio, com tanto apoio, iam conseguindo forças e motivação, e numa fase, em que as linhas não jogaram tão juntas, que a força começou a faltar: as caimbras do Gaitan, o esforço do Aimar e o estoiro do Maxi, tornaram o jogo mais dramático e os jogadores tiveram um esforço redobrado para aguentar o ímpeto caseiro…

Entrou o Nolito e o Cardozo, a lesão do Maxi obrigou à entrada do Miguel Vitor e a equipa, já sem o fulgor físico lá ia conseguindo estancar as investidas e tentando sair a jogar… o Nolito queria fazer muito e depressa, era o mais fresco, mas as coisas já não saiam na perfeição ao colectivo, sobressairam então os jogadores da defesa…

Entretanto, numa jogada de contra ataque, o Cardozo sofre falta à entrada da área, numa zona que ele tanto gosta de rematar. Eu disse alto e bom som, que o Cardozo já tinha marcado muito golos dali, e num remate junto à relva, com a barreira destroçada, a bola foi anichar-se no fundo da baliza, entrando junto ao poste, sem hipoteses de defesa

Era o golo que trazia algum descanso, a certeza que já não iríamos perder ou que a vitória estava já ao nosso alcance, por isso comecei a dar mais atenção ao filho, com um olho no jogo do quem-é-quem e outro no chuta-chuta…

Numa jogada rápida, o atropelo do Emerson valeu-lhe a expulsão, e noutro atropelo, o nervosismo excessivo do Jesus também havia de lhe valer ordem de retirada… foi pena que no melhor pano, numa vitória categórica, tenha acontecido este episódio, mas tal não desprestigia os incansaveis obreiros dentro e fora do campo, toda a estratégia e desempenho delineado para este jogo…

Ficámos na frente, a depender só do nosso esforço, para garantir, já na próxima jornada, no nosso estádio, com o apoio de todos, a passagem para a fase seguinte desta prestigiante prova da Europa do futebol… O equipamento dourado deu-nos sorte e fortuna...

Agora, temos que nos concentrar na Liga, para que não nos falte o alento, a genica e a união para ir ganhando cada confronto, já no próximo fim de semana, em Aveiro, temos que regenerar forças e mentalidade para levar de vencido o dificil e bem organizado Beira-Mar…

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