Benfica 2:1 Olhanense
Domingo foi o dia eleito para consumar a invasão metereologica e devolver a dignidade do Outono a esta parte ocidental do hemisfério...
As nuvens adensaram as muralhas pelo céu da peninsula, mesmo que o sol ainda resistisse à manhã, no Barreiro, onde fomos assistir a uma concentração de basquet, aproveitando para a oração dominical...
Pela tarde a chuva havia de forçar então à rendição, fustigando a rua, connosco, já no conforto de casa, enleados no estudo e no lazer...
A chuva fundiu o resto do dia, atravessou a noite, até ao começo util da semana, mas ao abrirmos as portas de 2ª-feira, deixou-nos primeiro refugiar nas escolas e nos locais de trabalho, vindo esporadicamente visitar-nos na janela ou fazer-se ouvir com mais impetuosidade, aliando-se ao vento, como foi no dia de 4ª- e 5ª-feira...
No meio da tempestade, ainda fui ao futebol, enfrentando a noite diluviana, para selar compromissos com o corpo, com os amigos e com os pensamentos... e a semana foi desbravando terreno ao encontro da bonança e do alargado fim de semana...
6ª-feira apagou as nuvens do do azul e pintou um sorriso de amarelo vivo, a cidade retocou o seu encanto e acolheu-nos com a tarde livre, até a noite veio com um sorriso de uma lua renovada...
Passava um ano depois do adeus do meu pai, o céu voltou a abrir-se para o poder espreitar, reinava a paz e a saudade...
E o fim de semana descobriu de novo as portas do sol, a estrada desafiava-nos para o passeio, ali para os lados de Leiria... antes do abandono da cidade, praticamos desporto, assimilaram a doutrina cristã, e seguimos sem defesas, para chegar ainda mais além, no nosso entendimento e satisfação…
Chegámos pela noite ao destino, a uma cidade no seio da pátria, arrumada e acolhedora, depois dum itinerário campestre, pelas paisagens e humanidade lusitana… o jogo da Luz estava prestes a começar, ainda ia no corredor ao encontro do sossego da sala de estar, quando o filho me veio anunciar a inauguração do marcador…
Instalado na poltrona, num ambiente estranho e sumptuoso, mas com a comodidade adequada à importância do acontecimento, cercado pela família, fui cogitando sobre o jogo, analisando jogadores e estratégias, o ritmo e a harmonia daquela partida de futebol…
Jesus fez poupar o Witsel, o Nolito, o Javi e o Saviola, apostando na entrada, inesperada, do Maxi, entregando a batuta ao Aimar, e pondo o Rodrigo como aprendiz do Cardozo. O Matic procurava uma maior rotatividade na frente dum repetido quintento defensivo… Na verdade, o jogo adequava-se a uma preparação para a Champions, o golo prematuro e a obtenção do segundo, por parte do Rodrigo, trazia tranquilidade, os forasteiros estavam "encostados às cordas", adivinhava-se que o resultado fosse ampliado, que a qualquer instante o Cardozo marcasse, o Emerson isolado, o Aimar ou o Gaitan, o cenário estava traçado para alcançar mais uma vitória por K.O técnico…
Mas com tanta hegemonia, um excessivo confiar no que estava para acontecer, fez com que a velocidade e a concentração caisse a pique, com o consequente esbanjar na finalização… Ao contrário, os jogadores de Olhão, sem nada a perder, vieram com uma dose extra de estímulo para a segunda parte, o que lhes havia de valer a vitória…
Também foi com alguma sorte, logo no reatamento, depois da saída do exuberante Aimar, para dar lugar ao deslumbrante Witsel, que o Olhanense havia de diluir tamanha diferença para o mínimo, curiosamente numa altura em que os comentadores pachorrentos já se deixavam levar pela onda do otimismo…
O Benfica acelarou mais um pouco, empurrado pelo meio estádio de adeptos, fez um forcing para dilatar o resultado, mas a bola teimosamente não entrava, o acerto ou o afinco não eram suficientes, e os visitantes lá iam acreditando cada vez mais que se não sofressem talvez pudessem marcar…
Entrou o Nolito, aumentou um pouco a acutilância no ataque, mas o jogo estava completamente dividido, mesmo que a bola andasse mais de 60% na posse encarnada, nem o Benfica marcava, nem o Olhanense desistia da sua sorte, afinal estava agora mais perto daquilo que parecia impossível acontecer…
Mas o relogio não parou, o tempo só atrasava lá mais pela madrugada, o serão já estava alto, o jogo foi-se arrastando para o final, a vitória já parecia não escapar, mesmo que o Djalmir, de má lembrança, à beira do fim, tenha tido um remate perigoso no interior da área, desviado pelo Luisão…
E foi com o sabor agridoce, contente pela vitória, mas com a sensação de que podiamos ter ampliado muito mais o marcador, ter feito uma exibição muito mais convicente (a competitividade e o fulgor devem voltar na 4ª-feira), que subimos para o rés do primeiro andar, a contar vindo do céu…
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