quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Do olé campeão só ficou a confiança na Europa...

Barcelona 0:0 Benfica

A chuva passou à manhã a fúria da madrugada, intimando o Domingo à clausura domiciliária...

Reservámos o restaurante panorâmico, com vista sobre a frescura do tempo, antes da tarde quente, lúdico-televisiva...

A chuvosa veemência partiu num instante de distração, incumbindo a noite de reconciliar outra semana para os últimos dias de Novembro, nublada e com o acostumado mister e saber…

Terça, o sol que parecia durar foi atraiçoado por nuvens passageiras e chorosas, aguaceiros que  foram ao treino noturno com o filhote guerreiro...

A semana continuou azul, duas manhãs azuis, que se foram tingindo de nuvens, aragem que foi brincando com a folhagem, cadência nos centígrados habituais...

À medida que a Liga se aproxima do jogo decisivo, a troca de galhardetes verbais já começou de forma dissimulada, lançando palavras à sorte e ao vento. Jesus, por enquanto não tem descarrilado, as vitórias e a experiência tem lhe dado humildade, vamos ver o desfecho...

A semana acabou mergulhada em lágrimas gélidas que congelaram o dia e deram mais calor ao serão familiar... Antes, ainda fui espreitar a sorte, não do Euromilhões, que não jogo, mas da taça tuga, onde o 13 foi talismã.

O Sábado desvendou o Outono sorridente, nada melhor que a correria do catraio no cimo do monte para combater o frio enquanto eu me acariciava ao sol vindo do sul; sob o azul do Tejo realçavam os contornos longínquos da Arrábida por cima dos telhados...

De tarde contornamos o rio e fomos até à enseada do Seixal, para uma partida de basquetebol...

À noite, depois duma viagem pelos corredores do hipermercado, o repouso familiar numa sessão cinematográfica que se prolongou pelo serão...

Domingo, 1° do Advento, caminhada de esperança para compreender a vinda do menino, humilde e humano que nos veio aproximar da salvação divina...

E a contagem decrescente começou, o sol ainda despertou a cidade para outra semana, revelando o Cristo dourado ao cimo, bebendo o orvalho do prado fundeiro...

O mês convidava-me a vaguear na frescura da manhã, a entrar pela noite, galgando passeios, dando a mão à liberdade, como quem anda perdido no tempo e no espaço, à procura de rumo e do Metro...

Os dias vão rodando discretos e longínquos, algures na galáxia, do outro lado da península, o Benfica jogava uma partida titânica com o colosso Barcelona... Lusitânia atlântica contra a Catalunha mediterrânea, que ditava o acesso a competições distintas...

A noite escondeu a cidade, a chuva continuava ausente, levei o gaiato ao treino e entrei no café mais próximo para assistir ao Benfica, deslumbrado pelo vermelho vivo que iluminava a montra e a esperança...

A sala estava repleta, cadeiras defronte do televisor, adeptos de pé, dividiam o ecrã a as emoções ao segundo...

O Benfica começou a pressionar alto, jogava o Nolito e o André Gomes, o Rodrigo no apoio ao ataque, onde o Lima tentava aliar o seu instinto com a mobilidade… O Matic tinha a espinhosa missão de segurar o meio campo, com o quinteto defensivo à sua retaguarda. Do lado direito jogava o diamante holandês…

O Benfica entrou com uma grande ousadia, esticou-se no campo, defendeu alto, encurtou o espaço, impedindo que os menos calejados jogadores do Barça conseguissem explanar o típico futebol de posse e ataque…

Os craques tinham ficado de fora, o Messi só iria entrar no último terço, a equipa visitada estava descaracterizada, apesar da qualidade dos jogadores, era o Benfica que começava a ganhar confiança e a criar excelentes oportunidades para concretizar…

1- Num lance rápido, Lima aparece isolado, na cara do Pinto, podia ter escolhido o lado, ou ter assistido o Nolito, mas quis colocar tanto a bola que esta saiu a rasar o poste pelo lado de fora. 2- O mesmo Lima, numa cabeçada à entrada da pequena área, a bola sai rente ao mesmo poste. 3 - O John isolou-se, fintou o defesa, ficou na cara do golo, mas quis meter pelo angulo mais apertado e não conseguiu evitar a defesa; 4 – O Rodrigo no coração da área, com espaço, quer colocar a bola em geito, mas o remate sai por cima; 5 - O Lima em mais uma boa ocasião, à frente da baliza, atira colocado com o pé direito, mas o guardião, com uma palmada, leva a bola ao poste…

O desespero era enorme, as ocorrências flagrantes de golo, em toda a primeira parte, eram mais que suficientes para estar a golear em Camp Now, o jogo estava completamente do nosso lado…

O intervalo ditava o empate, o Benfica estava em segundo lugar com o empate o verificado na Escócia, mas ainda faltava outro tanto sofrimento…

O Barcelona foi equilibrando mais, o cansaço foi acumulando, o André Gomes tinha sido soberbo, nem se notava a falta de rodagem perante aquela rotação europeia, o Matic também estava  enorme, todos os jogadores estavam motivados, e cresciam em força, colmatando o cansaço, perante a possibilidade, mais que merecida, de puder ganhar aquele jogo…

O Bruno rendeu o Nolito, o André Almeida e o Cardozo substituíram o Rodrigo e o Lima, antes já tinha entrado o Messi, motivo para uma maior posse e domínio por parte do Barcelona, a partida ficou mais dividida, mas a confiança reinava no seio da equipa forasteira, tão perto dum feito histórico, dum apuramento sofrido e justo…

Mais duma hora de sonho, foi interrompida por que tive de ir ao encontro do filho, mas voltei para observar o ultimo quarto de hora, o Messi deu o estouro, numa boa desmarcação, bem os, foi contrariada pelo Rei Artur, e os últimos minutos, foi o tudo ou nada, combatendo o cansaço, fazendo da ambição forças para conseguir chegar ao golo. Nos últimos segundos o Cardozo vê-se sozinho, procura o pé esquerdo, perde tempo, e foi o Maxi que, nos últimos segundos, pontapeou por cima da baliza, num remate forte mas sem mira…

Tantos cartuxos secos, tantos tiros ao lado, tanta caça graúda e voltámos sem troféu, de cabeça erguida mas missão gorada…

O próximo jogo continua a ser competitivo, em campo hostil, contra equipa rival e ferida, que faz deste jogo apartida da sua vida. O Benfica tem que encarar o embate com a mesma motivação e seriedade, apenas a vitória interessa para continuar no topo da classificação, numa demonstração de querer e poderio…

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