A chuva passou à manhã a fúria
da madrugada, intimando o Domingo à clausura domiciliária...
Reservámos o restaurante
panorâmico, com vista sobre a frescura do tempo, antes da tarde quente,
lúdico-televisiva...
A chuvosa veemência partiu
num instante de distração, incumbindo a noite de reconciliar outra semana para
os últimos dias de Novembro, nublada e com o acostumado mister e saber…
Terça, o sol que parecia
durar foi atraiçoado por nuvens passageiras e chorosas, aguaceiros que foram ao treino noturno com o filhote
guerreiro...
A semana continuou azul,
duas manhãs azuis, que se foram tingindo de nuvens, aragem que foi brincando
com a folhagem, cadência nos centígrados habituais...
À medida que a Liga se
aproxima do jogo decisivo, a troca de galhardetes verbais já começou de forma
dissimulada, lançando palavras à sorte e ao vento. Jesus, por enquanto não tem
descarrilado, as vitórias e a experiência tem lhe dado humildade, vamos ver o
desfecho...
A semana acabou mergulhada
em lágrimas gélidas que congelaram o dia e deram mais calor ao serão
familiar... Antes, ainda fui espreitar a sorte, não do Euromilhões, que não
jogo, mas da taça tuga, onde o 13 foi talismã.
O Sábado desvendou o
Outono sorridente, nada melhor que a correria do catraio no cimo do monte para
combater o frio enquanto eu me acariciava ao sol vindo do sul; sob o azul do Tejo
realçavam os contornos longínquos da Arrábida por cima dos telhados...
De tarde contornamos o rio
e fomos até à enseada do Seixal, para uma partida de basquetebol...
À noite, depois duma
viagem pelos corredores do hipermercado, o repouso familiar numa sessão
cinematográfica que se prolongou pelo serão...
Domingo, 1° do Advento,
caminhada de esperança para compreender a vinda do menino, humilde e humano que
nos veio aproximar da salvação divina...
E a contagem decrescente
começou, o sol ainda despertou a cidade para outra semana, revelando o Cristo
dourado ao cimo, bebendo o orvalho do prado fundeiro...
O mês convidava-me a
vaguear na frescura da manhã, a entrar pela noite, galgando passeios, dando a
mão à liberdade, como quem anda perdido no tempo e no espaço, à procura de rumo
e do Metro...
Os dias vão rodando discretos e longínquos, algures na galáxia, do outro lado
da península, o Benfica jogava uma partida titânica com o colosso Barcelona...
Lusitânia atlântica contra a Catalunha mediterrânea, que ditava o acesso a
competições distintas...
A noite escondeu a cidade,
a chuva continuava ausente, levei o gaiato ao treino e entrei no café mais
próximo para assistir ao Benfica, deslumbrado pelo vermelho vivo que iluminava
a montra e a esperança...
A sala estava repleta,
cadeiras defronte do televisor, adeptos de pé, dividiam o ecrã a as emoções ao
segundo...
O Benfica começou a
pressionar alto, jogava o Nolito e o André Gomes, o Rodrigo no apoio ao ataque,
onde o Lima tentava aliar o seu instinto com a mobilidade… O Matic tinha a
espinhosa missão de segurar o meio campo, com o quinteto defensivo à sua
retaguarda. Do lado direito jogava o diamante holandês…
O Benfica entrou com uma
grande ousadia, esticou-se no campo, defendeu alto, encurtou o espaço, impedindo
que os menos calejados jogadores do Barça conseguissem explanar o típico
futebol de posse e ataque…
Os craques tinham ficado
de fora, o Messi só iria entrar no último terço, a equipa visitada estava
descaracterizada, apesar da qualidade dos jogadores, era o Benfica que começava
a ganhar confiança e a criar excelentes oportunidades para concretizar…
1- Num lance rápido, Lima aparece
isolado, na cara do Pinto, podia ter escolhido o lado, ou ter assistido o
Nolito, mas quis colocar tanto a bola que esta saiu a rasar o poste pelo lado
de fora. 2- O mesmo Lima, numa cabeçada à entrada da pequena área, a bola sai
rente ao mesmo poste. 3 - O John isolou-se, fintou o defesa, ficou na cara do
golo, mas quis meter pelo angulo mais apertado e não conseguiu evitar a defesa;
4 – O Rodrigo no coração da área, com espaço, quer colocar a bola em geito, mas
o remate sai por cima; 5 - O Lima em mais uma boa ocasião, à frente da baliza,
atira colocado com o pé direito, mas o guardião, com uma palmada, leva a bola
ao poste…
O desespero era enorme, as
ocorrências flagrantes de golo, em toda a primeira parte, eram mais que
suficientes para estar a golear em Camp Now, o jogo estava completamente do
nosso lado…
O intervalo ditava o
empate, o Benfica estava em segundo lugar com o empate o verificado na Escócia,
mas ainda faltava outro tanto sofrimento…
O Barcelona foi
equilibrando mais, o cansaço foi acumulando, o André Gomes tinha sido soberbo,
nem se notava a falta de rodagem perante aquela rotação europeia, o Matic
também estava enorme, todos os jogadores
estavam motivados, e cresciam em força, colmatando o cansaço, perante a
possibilidade, mais que merecida, de puder ganhar aquele jogo…
O Bruno rendeu o Nolito, o
André Almeida e o Cardozo substituíram o Rodrigo e o Lima, antes já tinha entrado
o Messi, motivo para uma maior posse e domínio por parte do Barcelona, a
partida ficou mais dividida, mas a confiança reinava no seio da equipa
forasteira, tão perto dum feito histórico, dum apuramento sofrido e justo…
Mais duma hora de sonho,
foi interrompida por que tive de ir ao encontro do filho, mas voltei para
observar o ultimo quarto de hora, o Messi deu o estouro, numa boa desmarcação,
bem os, foi contrariada pelo Rei Artur, e os últimos minutos, foi o tudo ou
nada, combatendo o cansaço, fazendo da ambição forças para conseguir chegar ao
golo. Nos últimos segundos o Cardozo vê-se sozinho, procura o pé esquerdo,
perde tempo, e foi o Maxi que, nos últimos segundos, pontapeou por cima da
baliza, num remate forte mas sem mira…
Tantos cartuxos secos, tantos
tiros ao lado, tanta caça graúda e voltámos sem troféu, de cabeça erguida mas missão
gorada…
O
próximo jogo continua a ser competitivo, em campo hostil, contra equipa rival e
ferida, que faz deste jogo apartida da sua vida. O Benfica tem que encarar o embate
com a mesma motivação e seriedade, apenas a vitória interessa para continuar no
topo da classificação, numa demonstração de querer e poderio…
Nenhum comentário:
Postar um comentário