A semana meteu-se por labirintos e arrastou o Outono para um beco sem saída.
Sexta-feira, sobreviveu ao cataclismo e puxou o Inverno tímido para as largas avenidas da cidade, iluminadas para o Natal...
Gaiatos em casa ao pequeno
almoço, mulher no shoping para café e ultimas compras, noite de futebol com os
comparsas, bar de apoio antes do desabamento do firmamento...
Sábado de alvura prateada
a realçar o trabalho outonal, o colorido da folhagem, o bulício do Natal,
Cristo-Rei ditoso no aclarar do horizonte, precavendo a adversidade invernal...
Num tempo que apraz,
absorvemos a paz e o cheiro a fritos que se entranham na frescura do campo,
partimos amêndoas e nozes e voltamos para o silêncio tonificante do lar...
Levamos os catraios à missa no Domingo que alumiava o Natal com quatro candeias, passeamos pelo comércio enquanto foram ao cinema e regressámos
à doce manjedoura do lar onde esperamos um milagre de amor...
E o Natal foi desenrolando
as imagens de amor e esperança, o menino foi renascendo, o vermelho do Nicolau
foi espalhando magia, a fé de Jesus foi crescendo no coração dos homens...
Mesas compostas, família
reunida, meninos felizes a desembrulhar presentes, banquete e convívio que
foram desbravando o espírito festivo, e veio a frescura da manhã espalhar a boa-nova...
O dia seguinte,
silencioso, tempo frio, trabalho à espera da nossa desenvoltura enquanto as
crianças ficavam na quentura dos sonhos...
Dias lentos, para
diluir o açúcar e o colesterol, doçura que sabe bem à medida que queimamos as
calorias e ganhamos balanço para outro festejo...
Fui à futebolada na outra
margem, no frio da noite, instantes gelados sobre a relva e sobre a mesa antes
do cobertor convidar ao quebranto...
E amanheceu o fim da
semana, últimos dias do ano, o sol resplandeceu a 6ª-feira, caminhamos pelo
entardecer ao interior da cidade, deslizamos na humidade dos passeios, ladeando
as luzes das montras que vão tentando suster a mágica dos acontecimentos...
O último Sábado acordou a
preguiça com uma estrondosa trovoada sobre o estendal mas aos poucos o azul do
destino foi sorrindo ao ambiente e fomos à biblioteca alugar histórias de
encantar...
Fizemos um jantar festivo
para a despedida do ano já velhote, prestes a fazer 365 dias, convívio salutar com
familiares, para embriagar a azáfama da vida, preparando motivação para outras
sementeiras...
E veio o Domingo derradeiro,
Eucaristia matinal para alimentar o espirito antes do alimento corporal, com
sobremesas doces e espirituoso elixir...
Demos uma escapadela ao
campo para acertar o réveillon e rapidamente estava de volta ao sofá central
com vista privilegiada sobre um pedaço de Moreira de Cónegos, onde o vermelho sobressaia
na relva e nas bancadas repletas de animação...
O Benfica entrava com uma
equipa forte, Paulo Lopes era o guardião, os centrais Garay com Jardel estabilizavam
a defesa, com Melgarejo e Almeida, a zona nevrálgica era entregue ao Matic e ao
Enzo, os alas eram de gala com Sálvio e John e a dupla goleadora Lima e Cardozo...
O Benfica começou a
dominar e confiante da sua capacidade, ocupando o meio campo ofensivo, no
entanto os visitados começaram a libertar-se do sufoco, com rápidas manobras de
ataque e apesar do poderio encarnado, pertenceu ao Moreirense a melhor ocasião
com um cabeceamento à queima roupa para defesa instintiva do Paulo.
O jogo ficou então
dividido, o público ansiava com tranquilidade que o Benfica chegasse ao golo
mas na verdade não eram muitas nem ostensivas as oportunidades criadas, com uma
defesa muito coesa, os da casa iam sustendo as investidas, em última instância o
guardião demonstrava apuradas capacidades…
E naquele adormecimento do
jogo, sem profundidade na frente nem a objetividade do meio campo, eis que num
lance rápido, um jogador isolado (em posição limite!) acabaria mesmo por desfeitear
o experimentado Paulo, colocando o Benfica em desvantagem a poucos minutos do
intervalo.
O segundo tempo começou
com o mesmo ritmo, talvez o Benfica mais afoito na procura do empate, mas a
combatividade do Moreirense continuou a equilibrar a contenda, até que numa
jogada mais corrida o Lima esgueira-se pela área e é tocado pelo guardião,
conquistando, por mérito próprio, o direito a uma penalidade. Mas o guarda-redes
estava inspirado e adivinhou as intensões do Lima, apostado em fazer o golo, por
consentimento do companheiro de ataque, habitual artilheiro destes livres na
área…
O Moreirense começou então
a jogar com o relógio, sem pernas para aguentar tamanho ritmo, e o Benfica a
olhar para o relógio com o marcador desfavorável, pela primeira vez, em jogos
nacionais. Ainda entraram o Rodrigo, ainda um pouco enferrujado, para o meio do
ataque, Nolito para o lado esquerdo e o Kardec mesmo a acabar o tempo, mas
havia de ser já no começo dos 5 minutos de compensação que, através de outra
penalidade, desta feita com o Cardozo como vítima e protagonista do lance a
conseguir alcançar o merecido empate.
Ao contrário do que o comentador
ia dizendo, ao retardador e solavancos, a igualdade acaba por e ajustar ao desenrolar dos acontecimentos,
o Benfica mais maduro não soube impor o seu poderio com abrangência e eficácia perante
a tenacidade e a motivação Moreirense mas é o resultado mais ajustado à
realidade do jogo, não castigando em demasia o esforço caseiro, nem penalizando os forasteiros e os adeptos
presentes que ali foram constituir um ambiente de festa…
Depois da passagem de ano,
dois dias depois, o Jesus tem que armar mais uma equipa, fazendo a rotatividade
possível e dispondo a estratégia mais adequada para seguir em frente na outra taça, ganhando ao Aves, que vem à luz
disputar mais uma eliminatória do tradicional troféu do Portugal…
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