domingo, 30 de dezembro de 2012

Só havia uma bola, teve que se dividir!

Moreirense 1:1 Benfica

A semana meteu-se por labirintos e arrastou o Outono para um beco sem saída.
Sexta-feira, sobreviveu ao cataclismo e puxou o Inverno tímido para as largas avenidas da cidade, iluminadas para o Natal...

Gaiatos em casa ao pequeno almoço, mulher no shoping para café e ultimas compras, noite de futebol com os comparsas, bar de apoio antes do desabamento do firmamento...

Sábado de alvura prateada a realçar o trabalho outonal, o colorido da folhagem, o bulício do Natal, Cristo-Rei ditoso no aclarar do horizonte, precavendo a adversidade invernal...

Num tempo que apraz, absorvemos a paz e o cheiro a fritos que se entranham na frescura do campo, partimos amêndoas e nozes e voltamos para o silêncio tonificante do lar...

Levamos os catraios à missa no Domingo que alumiava o Natal com quatro candeias, passeamos pelo comércio enquanto foram ao cinema e regressámos à doce manjedoura do lar onde esperamos um milagre de amor...

E o Natal foi desenrolando as imagens de amor e esperança, o menino foi renascendo, o vermelho do Nicolau foi espalhando magia, a fé de Jesus foi crescendo no coração dos homens...

Mesas compostas, família reunida, meninos felizes a desembrulhar presentes, banquete e convívio que foram desbravando  o espírito festivo, e veio a frescura da manhã espalhar a boa-nova...

O dia seguinte, silencioso, tempo frio, trabalho à espera da nossa desenvoltura enquanto as crianças ficavam na quentura dos sonhos...

Dias lentos, para diluir o açúcar e o colesterol, doçura que sabe bem à medida que queimamos as calorias e ganhamos balanço para outro festejo...
Fui à futebolada na outra margem, no frio da noite, instantes gelados sobre a relva e sobre a mesa antes do cobertor convidar ao quebranto...

E amanheceu o fim da semana, últimos dias do ano, o sol resplandeceu a 6ª-feira, caminhamos pelo entardecer ao interior da cidade, deslizamos na humidade dos passeios, ladeando as luzes das montras que vão tentando suster a mágica dos acontecimentos...

O último Sábado acordou a preguiça com uma estrondosa trovoada sobre o estendal mas aos poucos o azul do destino foi sorrindo ao ambiente e fomos à biblioteca alugar histórias de encantar...
Fizemos um jantar festivo para a despedida do ano já velhote, prestes a fazer 365 dias, convívio salutar com familiares, para embriagar a azáfama da vida, preparando motivação para outras sementeiras...

E veio o Domingo derradeiro, Eucaristia matinal para alimentar o espirito antes do alimento corporal, com sobremesas doces e espirituoso elixir...
Demos uma escapadela ao campo para acertar o réveillon e rapidamente estava de volta ao sofá central com vista privilegiada sobre um pedaço de Moreira de Cónegos, onde o vermelho sobressaia na relva e nas bancadas repletas de animação...

O Benfica entrava com uma equipa forte, Paulo Lopes era o guardião, os centrais Garay com Jardel estabilizavam a defesa, com Melgarejo e Almeida, a zona nevrálgica era entregue ao Matic e ao Enzo, os alas eram de gala com Sálvio e John e a dupla goleadora Lima e Cardozo...

O Benfica começou a dominar e confiante da sua capacidade, ocupando o meio campo ofensivo, no entanto os visitados começaram a libertar-se do sufoco, com rápidas manobras de ataque e apesar do poderio encarnado, pertenceu ao Moreirense a melhor ocasião com um cabeceamento à queima roupa para defesa instintiva do Paulo.

O jogo ficou então dividido, o público ansiava com tranquilidade que o Benfica chegasse ao golo mas na verdade não eram muitas nem ostensivas as oportunidades criadas, com uma defesa muito coesa, os da casa iam sustendo as investidas, em última instância o guardião demonstrava apuradas capacidades…

E naquele adormecimento do jogo, sem profundidade na frente nem a objetividade do meio campo, eis que num lance rápido, um jogador isolado (em posição limite!) acabaria mesmo por desfeitear o experimentado Paulo, colocando o Benfica em desvantagem a poucos minutos do intervalo.

O segundo tempo começou com o mesmo ritmo, talvez o Benfica mais afoito na procura do empate, mas a combatividade do Moreirense continuou a equilibrar a contenda, até que numa jogada mais corrida o Lima esgueira-se pela área e é tocado pelo guardião, conquistando, por mérito próprio, o direito a uma penalidade. Mas o guarda-redes estava inspirado e adivinhou as intensões do Lima, apostado em fazer o golo, por consentimento do companheiro de ataque, habitual artilheiro destes livres na área…

O Moreirense começou então a jogar com o relógio, sem pernas para aguentar tamanho ritmo, e o Benfica a olhar para o relógio com o marcador desfavorável, pela primeira vez, em jogos nacionais. Ainda entraram o Rodrigo, ainda um pouco enferrujado, para o meio do ataque, Nolito para o lado esquerdo e o Kardec mesmo a acabar o tempo, mas havia de ser já no começo dos 5 minutos de compensação que, através de outra penalidade, desta feita com o Cardozo como vítima e protagonista do lance a conseguir alcançar o merecido empate.

Ao contrário do que o comentador ia dizendo, ao retardador e solavancos, a igualdade acaba por e ajustar ao desenrolar dos acontecimentos, o Benfica mais maduro não soube impor o seu poderio com abrangência e eficácia perante a tenacidade e a motivação Moreirense mas é o resultado mais ajustado à realidade do jogo, não castigando em demasia o esforço caseiro, nem penalizando os forasteiros e os adeptos presentes que ali foram constituir um ambiente de festa…

Depois da passagem de ano, dois dias depois, o Jesus tem que armar mais uma equipa, fazendo a rotatividade possível e dispondo a estratégia mais adequada para seguir em frente na outra  taça, ganhando ao Aves, que vem à luz disputar mais uma eliminatória do tradicional troféu do Portugal…  

Nenhum comentário: