
Benfica 3:0 V. Setúbal
5ª-feira revolucionária do fim de Janeiro, o nevoeiro percorreu a cidade, subiu comigo ao Cristo, já ia para tarde, pronúncio duma rendição soalheira…
O mesmo cenário de névoa descobriu
o Fevereiro na madrugada, mas fogachos de sol abriram brechas no azul taciturno…
O entardecer sucumbiu ao meu embrenhamento profissional, era mês de caminhadas, enfrentar o vento, confidências da lua e dos rostos das gentes,
mas desta vez, a família veio resgatar-me para o enlevo do fim de semana…
À noite pisámos o sintético,
para reaprender o futebol, correr contra o agastamento físico, antes de alguns tragos
de cevada,libertando memórias e o ego da banalidade...
Sábado, alguns chuviscos débeis
ainda embargaram a manhã dourada..., do planalto verde assistia ao futebol
infantil, perto de Cristo, exposto à radiação, seguia com lentidão as nuvens que
viajam para o sul, ensombrando a baía do Tejo...
A tarde começou cedo, com passeio
familiar aos confins da península, para fazer claque ao craque
basquetebolista... O péssimo começo impediu que saíssem com um desfecho
vitorioso, ficou o registo de entrega e o nível de conquista alcançado...
O sol afugentou de vez os
fantasmas chuvosos e abriu-nos o caminho de volta ao cantinho distrital,
onde o Cristo nos convidou à oração...
Entrámos na igreja, à
medida que o ocaso sobressaia os lampejos da rua e a alta luz vigia, rezamos à
Senhora das Candeias, luz para as encruzilhadas obscuras
do destino, ceámos com a matriarca em ambiente de amor, rimos com o hotel 5
estrelas e fomos para a suite, depois de experimentar o frio, subjugados ao
amor...
Domingo, dia de primeira
feira, de volta ao interior - Azeitão, no sopé da Arrábida, e reencontro conjugal para
uma almoçarada minhota, serrabulho e convívio familiar alargado, saboreando o
tempo tórrido, meio aquecido com álcool e amena cavaqueira...
Antecipamos o entardecer e
entramos na cidade para preparar o regresso à ribalta, digerir o excesso... Rapidamente
a noite acendeu os holofotes da Luz, foram cerca de 40 mil os iluminados, o Benfica recebia o Setúbal, com a
exigência de vitória, nota artística e fartura de golos...
A Sporttv continuava sem
sinal em casa, o remédio era enfiar-me no frio da rua e procurar um
televisor... Enquanto não cheguei ao ninho da aguia, pelo caminho, os fones de
um senhor anunciavam o golo de Enzo, a vantagem madrugadora do Benfica...
Finalmente, quase 10
minutos depois, encontrei o vermelho e o verde a correrem atrás da bola, que
lindo, era uma partida de futebol...
O Setúbal, à imagem do
mister Mota, lutava com hombridade e sacrifício na disputa da bola, num largo
momento não deixou o Benfica jogar...
O Benfica começou então a
serenar o jogo, passadas algumas cabeçadas e pézadas, a ter mais posse de bola,
o Rodrigo andava lento, sem espaço, e as oportunidades não abundavam... A primeira parte terminou
com o Benfica a pressionar mas sem resultado...
A segunda parte manteve a
mesma toada, o Benfica mais dominador, precisou de 3 minutos, numa desmarcação
rápida do Lima, o Luisão coloca-lhe a bola a jeito, para fazer o 2º golo, ao
seu estilo, dando sequência ao seu empenho e qualidade… 8 minutos depois, aos
56 o Rodrigo pega na bola, tabela com o Lima que entra na área e assiste com
galhardia o mesmo Rodrigo, que só teve que encostar a bota para fazer o 3º
golo.
Pensava-se que outros
golos viessem em catadupa, tal o tempo que ainda faltava para o fim, mas tal
não viria a acontecer… muito por culpa do pouco caudal ofensivo e das poucas
ocasiões flagrantes criadas. O Benfica não quis acelerar, o Setúbal fechava-se
e tentava amornar o jogo com paragens progressivas, o Benfica deixou o tempo
passar, despreocupado com a quantidade de golos…
O Enzo encheu o campo, a
fazer de Enzo e Matic, e saiu para ser aplaudido, de cabeça partida, já na
parte final, por troca com o Urreta; o André Gomes esteve a bom nível, por que
tem que se lhe dar tempo e relativizar a exibição, para o crescimento ser
efetivo e consistente, o Luisinho também esteve muito ativo e interveniente,
sem deslustrar o seu companheiro da outra lateral, e a dupla de torres centrais
esteve irrepreensível, seguros e impenetráveis, a defender o seu rei Artur. O Sálvio
é que parece estar a perder ímpeto (também não pode estar sempre a carburar, e
se nos tem valido em muitos jogos), mas temos suplentes de luxo, seja o seu
compatriota Gaitan, que entrou para o seu lugar, ou Ola John que foi fazer o
seu corredor, com toda a arte e mestria…
Ainda entrou o Aimar para
o lugar do Rodrigo, mas o ritmo e o entrosamento com os colegas, o seu poder de
infiltração ainda não é o mais apurado, mas tem que começar a aparecer para dar
mais qualidade à manobra ofensiva… E nos instantes finais, alguns minutos para
o Urreta que substituiu o incansável Enzo...
O Setúbal ainda teve
forças para ameaçar, nos últimos quatro minutos da partida, e ficou a sensação
que, se o Benfica tivesse forçado um pouco mais teria alcançado mais golos, mas
tem que se dar mérito à coesão e atuação dos sadinos que também abrilhantaram
esta incontestável vitória…
Estamos no topo da
classificação, temos que pensar num jogo de cada vez, na próxima semana temos
uma deslocação difícil ao Funchal, temos um rival com toda a pujança, temos que
esperar que a competitividade externa interfira nesta saudável guerrilha
interna, temos que acreditar nas nossas capacidades…
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