domingo, 17 de fevereiro de 2013

Futebol feliz vence autocarro académico!


Benfica 1:0 Académica

Um amanhecer azulado despertava o branco orvalhado do parque quando atravessamos as portas do final de semana...

Mas um espesso nevoeiro enamorou-se pelas lameiras e veio abraçar a cidade, até a tarde voltar a desvendar o cenário quotidiano...
O entardecer acendeu candeeiros, depois da reunião escolar, noite fora, pelos arrabaldes de Lisboa, até ao luzente futebol, corpo focado no cansaço, lua confidente no acalmar…  

Sábado, uma cortina nublada debruçou-se sobre o Tejo, contemplava o treino do rapaz no monte do Cristo libertador.

Acertámos as contas do condomínio, antes da separação vespertina dos irmãos, pelas diferentes disputas e locais de competição...
Lançamentos e pontapés certeiros, atrás da ambição, pois o resultado coletivo não era da sua exclusiva preocupação...
Dividimos os incentivos, cada qual com a sua convicção, vieram reforços para o novato, a avó e o primo, e recolhemos ao conforto caseiro, ao  infinito bem estar da mansidão...

O Domingo atraiçoou com chuva a desenvoltura matinal, mas o almoço do primo estava marcado, aniversário de prata, com exausto beberete e convívio levado à exaustão...
O rigor do inverno foi por água abaixo, ainda vimos as manchas rubras do ocaso a pestanejar à noite, felizes no sombrio regresso, antes da cegueira da Luz intensa me atingir o olhar...

A pé e discreto, levantei voo até ao ninho da águia, reunião rapina no coração da cidade... Cheguei com dez minutos de jogo, a Académica aguentava o resultado, batia-se com aprumo e personalidade, o Benfica agastado com as andanças, alterações de tempo e causas, andava à procura da sua condição e felicidade...

Os homens de negro não davam confiança nem espaço, apostavam no tempo e na ansiedade... O Benfica imponha a presença, tinha posse e vontade mas não  desvendava os caminhos do golo...
O Rodrigo está sem dinâmica, não tem a agilidade do Gaitan na beira da área, não desequilibra, o André não tem a disposição física do Enzo, pois este tinha que fazer de Matic, à sua maneira voluntariosa mas mais precipitada...

A Académica quis poupar o relvado e jogavam todos unidos só com a missão de não sofrer golos...
Ao intervalo abandonei o sofrer coletivo e poisei na intimidade do lar...
No mesmo palpitar acelerado dos ponteiros, depois de fazer a clandestina ligação da net, encontrei o jogo já com 55 minutos ao lado dos zeros do marcador...

Indefesos a outra semana, deitamos o visor na cabeceira e fomos seguindo as peripécias do encontro, eu e o adepto mais novo, divididos entre a resignação e o clamor...

Saia Ola John entrava Kardec, era preciso por jogadores de área no meio do ataque, mas os académicos continuavam com a lição bem estudada...
Alugava-se meio campo, briosos mas inofensivos, já se sabia que corriam o risco de não terem um final feliz..., antigamente havia muitas histórias que acabavam assim, crescia a ânsia encarnada e a querença coimbrã..., nós os dois quietinhos, partilhávamos emoções...

Entraram em simultâneo o Martins e o Gaitan, para os lugares do André e do Rodrigo, este saiu danado, talvez com a sua fraca produção...
O Martins entrou possante e interventivo, apesar do pouco ritmo, o Gaitan veio logo com o turbo ligado, tentando desconcertar o adversário, abrir brechas ou furar redes...

O Ola John atira ao poste, Kardec consegue cabecear nas alturas mas direciona mal a bola, o Melgarejo remata quase em cima do golo, mas a bola não queria entrar…

O desespero crescia nos adeptos, o minuto noventa ficava para trás, faltavam mais cinco minutos ou, numa jogada de sorte, a bola acabaria por entrar como nos finais felizes dos contos...
Uma mancha negra inundava a área, até o Artur teve que vir quase ao grande circulo, o Luisão e o Garai eram os primeiros atacantes, até que num raide aéreo, a bola vai cair perto da pequena área, onde aparece o Gaitan na cara do guarda-redes, a ser puxado pelo defesa...

Faltavam dois minutos para acabar a partida, os jogadores da Académica tiraram o autocarro da frente da baliza e o Lima, frente a frente, orando ao Senhor, eu, lado a lado, de mãos dadas e a rezar, festejámos o golo, o fim mais feliz que se pode desejar..., vitória, vitória, acabou-se a história...

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