quarta-feira, 15 de maio de 2013

Para ir mais além, é preciso ir além da dor...


Benfica 1:2 Chelsea

O domingo abafou a tristeza, sarou as feridas, evocamos o Senhor que subia em definitivo para junto do Pai, oramos à sua Mãe, auxiliadora dos despojados peregrinos...

Ainda apanhei na Benficatv, a limpinha supremacia no Voleibol nacional (ou foi uma repetição), e entramos na sucção do tunel que atravessava o serão para nos levar ao raiar duma nova semana...

2ª-feira, dia de Nossa Senhora, que há alguns fez aparições no lugar de Fátima, Esperança que não dorme à sombra da fé, horizonte cheio de espírito que nos eleva para além das coisas terrenas...

3ª-feira, a manhã vinha agarrada a uma aragem fresca, outro dia de Maio que nos impingia a rotina... Na sombra da tarde, o rádio dava conta das manobras em direção a Amesterdão, da importância para o universo benfiquista saciar tamanha laceração ou ambição...

52 anos depois de Gutman, ou 23 anos depois, ou 4 dias depois do Porto, com os focos acesos numa montra mundial, os jogadores ambicionavam mas tinham pela frente uma equipa traquejada e com a mesma ambição...

Quando o entardecer veio pousar na pressa do vento gelado, nuvens dispersas à boleia da viagem da noite, fui com o futebolista ao relvado cimeiro, onde as vistas se perdem no rio grande e o pensamento se perde em devaneio...
Fomos para o refugio, onde nos sentimos protegidos na magnificência do Cristo

4ª-feira, manhã chorosa, as nuvens pairavam sobre a casa, ensombrando os trajetos habituais, mas o sol brilhava dentro de mim...
Atribulado labor, os jornais e televisoes respiravam o Benfica, o pais suspendia mesmo com noticias más sobre a economia, a alma suspirava por uma lufada de ar fresco que refrigerasse os pulmoes...
A tarde descongestionou o ceu, apesar do vento se fazer ouvir, algumas nuvens para brincarem às escondidas...

E o regresso feliz ao lar, na arena central de Amesterdão, na cratera da emoção, no epicentro duma partida que faz tremer o corpo e provoca um tsunami pela alma…

O ambiente estava maravilhoso, a coreografia colorida das tulipas num jardim, nos países baixos da europa, a expetativa em alta, depois da fulgurante carreira do Benfica, a nostalgia das grandes finais, dos palcos da europa…

A família ocupou os lugares dianteiros da televisão, a bola seguia do Benfica, a excitação começou com o primeiro pontapé na bola e nunca mais parou, sempre em crescendo a disposição tática, a vontade dos jogadores, o nervo do Enzo, a presença física e a disponibilidade técnica do Matic, edificavam uma muralha no meio campo o meio campo e ao mesmo tempo lançavam ataques fulminantes sobre o reduto inglês…

Jogadas espetaculares, domínio do jogo, uma ambição que se foi alicerçando no apoio esfusiante dos adeptos e simpatizantes do glorioso, que foi eletrizando na paixão e na fé de todos os que ali quiseram marcar presença e que foi contagiando todos os que assistiam pelo écran…

Mas o Rodrigo, mesmo que entrosado no ataque, parte ativa da avalanche ofensiva não era tão eficaz e mortífero como o Lima, todavia era a equipa que Jesus escalonou e era esta que nos estava a levar pelo sonho…

O Lampard ia pondo água na fervura, de resto, o Chelsea estava completamente aniquilado nas suas intenções de construção, não conseguia impor o seu poderio, nem a sua facilidade de chegar à frente com todos os seus atributos técnicos…

A primeira parte chegou com tudo em aberto, com uma exibição soberba dos encarnados, mesmo que o resultado fosse inconsequente. A segunda metade prometia o cumprimento do sonho, mas era preciso saber dosear o entusiasmo e a racionalidade…

O Benfica apareceu com a mesma motivação mas claro que o Chelsea começou a habituar-se à estratégia e ao desenrolar do jogo. Mas quis a sorte do jogo, que numa jogada inofensiva, a bola lançada pelo guardião, colocou o Torres com espaço para correr para a baliza, passar pelo experiente Luisão que se deixou intimidar e contornando o Artur feriu de morte o Benfica.
Foi o melhor período do Chelsea, deu-lhe confiança, o Lampard quase fazia deitar por terra toda a esperança, com um estrondo no poste…

Mas o Benfica conseguiu reagir, com todas as forças e alcançou o golo do empate, através da marca de grande penalidade, o Cardozo repôs a igualdade e os índices de confiança em todos nós que queríamos a vitória…

Mas a apreensão nos rostos ingleses, as mãos postas, a louvar a Deus, o barulho empolgante dos portugueses não foi ainda suficiente para chegar ao almejado título, e quis os desígnios da história que no ultimo minuto, no último remate à nossa baliza, uma cabeçada trespassasse o nosso coração, fizesse sanfra a alma de desilusão…

A bola ainda chegou perto do risco da outra baliza, pelo ar, mas desmoronou-se no ultimo apito, no ultimo folego, o esférico caiu sobre a relva, no meio da relva e explodiu de tristeza, por não ter seguido o destino anunciado e desejado…

Só se consegue dobrar o Bojador se conseguirmos superar a dor, depois de ultrapassado este sofrimento, seguiremos confiantes rumo ao grande objetivo…

Nenhum comentário: