
Benfica 1:2 Chelsea
O domingo abafou a
tristeza, sarou as feridas, evocamos o Senhor que subia em definitivo para
junto do Pai, oramos à sua Mãe, auxiliadora dos despojados peregrinos...
Ainda apanhei na
Benficatv, a limpinha supremacia no Voleibol nacional (ou foi uma repetição), e entramos na sucção do
tunel que atravessava o serão para nos levar ao raiar duma nova semana...
2ª-feira, dia de Nossa
Senhora, que há alguns fez aparições no lugar de Fátima, Esperança que não
dorme à sombra da fé, horizonte cheio de espírito que nos eleva para além das
coisas terrenas...
3ª-feira, a manhã vinha
agarrada a uma aragem fresca, outro dia de Maio que nos impingia a rotina... Na sombra da tarde, o
rádio dava conta das manobras em direção a Amesterdão, da importância para o
universo benfiquista saciar tamanha laceração ou ambição...
52 anos depois de Gutman, ou 23 anos depois, ou 4 dias depois do Porto, com os focos acesos numa montra mundial, os jogadores
ambicionavam mas tinham pela frente uma equipa traquejada e com a mesma
ambição...
Quando o entardecer veio
pousar na pressa do vento gelado, nuvens dispersas à boleia da viagem da noite,
fui com o futebolista ao relvado cimeiro, onde as vistas se perdem no rio
grande e o pensamento se perde em devaneio...
Fomos para o refugio, onde
nos sentimos protegidos na magnificência do Cristo
4ª-feira, manhã chorosa,
as nuvens pairavam sobre a casa, ensombrando os trajetos habituais, mas o sol
brilhava dentro de mim...
Atribulado labor, os
jornais e televisoes respiravam o Benfica, o pais suspendia mesmo com noticias
más sobre a economia, a alma suspirava por uma lufada de ar fresco que
refrigerasse os pulmoes...
A tarde descongestionou o
ceu, apesar do vento se fazer ouvir, algumas nuvens para brincarem às
escondidas...
E o regresso feliz ao lar,
na arena central de Amesterdão, na cratera da emoção, no epicentro duma partida
que faz tremer o corpo e provoca um tsunami pela alma…
O ambiente estava
maravilhoso, a coreografia colorida das tulipas num jardim, nos países baixos
da europa, a expetativa em alta, depois da fulgurante carreira do Benfica, a
nostalgia das grandes finais, dos palcos da europa…
A família ocupou os
lugares dianteiros da televisão, a bola seguia do Benfica, a excitação começou
com o primeiro pontapé na bola e nunca mais parou, sempre em crescendo a
disposição tática, a vontade dos jogadores, o nervo do Enzo, a presença física
e a disponibilidade técnica do Matic, edificavam uma muralha no meio campo o
meio campo e ao mesmo tempo lançavam ataques fulminantes sobre o reduto inglês…
Jogadas espetaculares,
domínio do jogo, uma ambição que se foi alicerçando no apoio esfusiante dos adeptos
e simpatizantes do glorioso, que foi eletrizando na paixão e na fé de todos os
que ali quiseram marcar presença e que foi contagiando todos os que assistiam
pelo écran…
Mas o Rodrigo, mesmo que
entrosado no ataque, parte ativa da avalanche ofensiva não era tão eficaz e
mortífero como o Lima, todavia era a equipa que Jesus escalonou e era esta que
nos estava a levar pelo sonho…
O Lampard ia pondo água na
fervura, de resto, o Chelsea estava completamente aniquilado nas suas intenções
de construção, não conseguia impor o seu poderio, nem a sua facilidade de
chegar à frente com todos os seus atributos técnicos…
A primeira parte chegou
com tudo em aberto, com uma exibição soberba dos encarnados, mesmo que o
resultado fosse inconsequente. A segunda metade prometia o cumprimento do
sonho, mas era preciso saber dosear o entusiasmo e a racionalidade…
O Benfica apareceu com a
mesma motivação mas claro que o Chelsea começou a habituar-se à estratégia e ao
desenrolar do jogo. Mas quis a sorte do jogo, que numa jogada inofensiva, a
bola lançada pelo guardião, colocou o Torres com espaço para correr para a
baliza, passar pelo experiente Luisão que se deixou intimidar e contornando o
Artur feriu de morte o Benfica.
Foi o melhor período do
Chelsea, deu-lhe confiança, o Lampard quase fazia deitar por terra toda a
esperança, com um estrondo no poste…
Mas o Benfica conseguiu
reagir, com todas as forças e alcançou o golo do empate, através da marca de
grande penalidade, o Cardozo repôs a igualdade e os índices de confiança em
todos nós que queríamos a vitória…
Mas a apreensão nos rostos
ingleses, as mãos postas, a louvar a Deus, o barulho empolgante dos portugueses
não foi ainda suficiente para chegar ao almejado título, e quis os desígnios da
história que no ultimo minuto, no último remate à nossa baliza, uma cabeçada trespassasse
o nosso coração, fizesse sanfra a alma de desilusão…
A bola ainda chegou perto
do risco da outra baliza, pelo ar, mas desmoronou-se no ultimo apito, no ultimo
folego, o esférico caiu sobre a relva, no meio da relva e explodiu de tristeza,
por não ter seguido o destino anunciado e desejado…
Só se consegue dobrar o
Bojador se conseguirmos superar a dor, depois de ultrapassado este sofrimento, seguiremos
confiantes rumo ao grande objetivo…
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