domingo, 29 de abril de 2012

É difícil remar contra a maré...


Rio Ave 2:2 Benfica

O Domingo despertou mais um pedaço de sonho, o filho acordou praticamente dentro pavilhão, depois de atravessar a claridade empaneada do alvorecer, para disputar mais um jogo de basquetebol...
De resto, contámos com a visita carinhosa da matriarca, benção no lar, paladar adocicado da tarde familiar...
À noite rimos da graça do estado, dos pseudo-cantores portucalenses, antes de apagar a luz do fim-de-semana, aconchegados da friagem da noite...

Eis a ultima semana de Abril, dividida em duas partes, esvoaçando livre pela primavera... Um azul matinal deu-nos a ilusão dum sorriso, mas o dia voltou ao semblante cinzento, mesmo que o entardecer nos perseguisse com um raio de sol pela janela do metro, temperando o vento...

Nas vésperas da efeméride revolucionária, um austero véu branco filtrou o sol, os capitães da escola e os operários do trabalho, cumpriram o destino, antes da chegada ao quartel comunitário, no final do dia, com o sol raso, entrando no horizonte antes do tombo da noite...

4ª liberdade, amarras de trovoada, parada vespertina fustigada pela chuva... intempérie que só apareceu no fim do torneio de futebol matinal, antes duma divinal feijoada em ambiente acolhedor e familiar...
O resto do dia ficámos em prisão domiciliária, matando as saudades do inverno, a chuva a cair, decretando o lazer como atividade principal das nossas vidas...

A segunda parte da semana continuou com chuva, mais intensa no refúgio da tarde, apressando o recolher, depois do deslizar escorregadio e passo apressado entre destinos...
Em Bilbau o Sporting não aguentou a ganas e sucumbiu nas meias-finais, todavia o regresso apoteotico...

E o final da semana nasceu, quase nas mortalhas de Abril, devolvendo luminosidade ao casario e ao verde da natureza, a vida ia deslizando sobre a monotonia dos carris...A noite foi de futebol, disputa aguerrida num relvado noturno da cidade, onde mazelas, correria e alguns golos depois nos vão prolongando a juventude, o pequeno acompanhou-me na viagem entre as margens...

O sábado começou por se manifestar ruidoso, de chuva e trovões, antes do erguer entusiasta para enfrentar o dia... Depois da carga intimadora, dum Abril à antiga, de aguas mil, o catraio foi para o treino destemido e o céu rendeu-se à ousadia, desanuviando o tempo libertando a espaços o sol...

A tarde começou com a doutrina, seguimos as placas do sopé da montanha, local de aniversário para o mais gaiato, festa que bem podia ser a do seu avô (se fosse vivo faria 80 anos), e esperámos pela noite, promovendo o convívio familiar, antes que a trovoada nos desmobilizasse e fizesse regressar ao bulicio...

No Domingo seguimos o bom pastor, fomos à Missa em memória do patriarca, lugar de culto e junção de avó e netos...
Depois do almoço fomos em passeio saloio, até ao Montijo, pelas enguias curvas de acesso secundários, para levar o filho a mais um jogo de basquetebol…
Voltámos pelas mesmas encruzilhadas, terras alcançadas pelos tentáculos do Tejo, e a hora do jogo em Vila do Conde chegou quase ao mesmo tempo que nós…

Não estava em jogo nada de especial, apenas a dignidade e o caráter dos jogadores, tirando a incerteza de garantir o título de campeão ao velho rival, a conquista em definitivo do 2º lugar, era apenas mais um encontro sem grandes ambições, para cumprir calendário…

A equipa era a habitual, em relação à vitória do Marítimo, saia o Saviola e entrava o Witsel, mantinha-se a dupla espanhola na esquerda, o Matic à frente da defesa, o Cardozo, desligado da corrente na frente…

O Rio ave entrou a todo o gás, com uma disposição e vontade invulgares em que o titulo ficasse decidido e permanecesse a norte, o Benfica já se estava à espera, foi deixando o jogo correr sem ligar o turbo, esperando que fosse impôndo com naturalidade a sua superioridade…

Mas quando se deixa jogar e confiamos em demasia, como fez a defesa, por último o Luisão, aparece um pontapé e a bola acaba por entrar na baliza, foi assim logo nos primeiros minutos da partida, foi assim logo no começo da segunda parte…

Mesmo assim, a equipa foi conseguindo ter posse de bola, tentando inverter o rumo dos acontecimentos, e no findar do primeiro tempo, materializou em dois golos a sua capacidade ofensiva e a sua qualidade futebolística, finalizando duas das muitas jogadas criadas… primeiro Nolito a desferir um remate indefensável na sequência dum canto, e minutos depois num lance de penálti, com um potente remate do Cardozo…

Mas depois do intervalo não vimos mais o ponta de lança, sacrificou-se o Matic para entrar o Saviola e este bem merecia ter marcado, como prémio da sua excelente prestação, o Witsel jogou recuado até ao Aimar sair, por volta dos 70 mintos, e com a entrada do Javi, assumiu as funções do Aimar. Pouco depois entrou o Gaitan para o lugar do Bruno, e o ultimo quarto de hora, com um jogo mais aberto, o Rio Ave foi tentando chegar à baliza do Artur com mais espaço, mas couberam ao Benfica as melhores oportunidades para inverter mais uma vez aquele cenário de derrota, com uma boa atitude e vontade de ganhar…

Para o Rio-Ave, com destaque para o seu guardião, tudo fizeram para segurar o empate, soube a vitória, para o Benfica foi o culminar de uma estrondosa desilusão, pois a sensação era que poderíamos ser nós a festejar, e acabámos por deixar escapar essa oportunidade a duas jornadas do fim…

A imagem dum rapaz a choramingar é a emoção que fica, a tristeza dum resultado amargo que nos causa mágoa, mas também a sensação que com um pouco mais de combatividade e maturidade teríamos conseguido o tão desejado ceptro de campeão. 

É preciso não desmoronar a confiança, manter a estabilidade conseguida, manter uma equipa coesa e motivada, a salvo da perturbação sempre iminente quando se não ganha, pois nestes ultimos anos temos crescido imenso e é preciso continuar a acreditar, seguir um rumo, calcorrear as pedras que se pisam em todos os caminhos, onde no fim se vislumbra a glória!   Viva o Benfica!

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