Benfica 1:0 U. Leiria
Quis a mágoa afogar no Ave outro sonho, rio abaixo, em Vila do Conde, antes de voltar à cidade grande...
2ª-feira abandonava o Abril do tempo inconstante, o sol brincava com as nuvens, gotas de chuva faziam a primavera florir em lume brando...
3ª-feira, trouxe o Maio de Maria, das flores, o sol continuou tímido e de pouca fervura, o colorido enfeitava as ruas dum bairro da periferia, Almada das tradicições, na festa da Maia...
Banda e solenidades passadas, aplausos e latidos mais tarde, nem a chuvinha faltou ao cortejo, voltámos ao nosso bairro, para a familiar alegoria...
Ainda fomos à superficie comercial, miudos ao rubro, refeição calorica com vista sobre o Cristo-Rei nos varandins panoramicos do Forum, fizeram as delícias dos catraios e nós agradecemos... O entardecer foi então caseiro, de estudo e playing, serenidade para o espírito enfrentar o resto da semana...
4ª-feira madrugou a bater nos estores, chuva e vento ainda estavam de manhã à nossa espera, nada serenos, para lembrar o Maio das trovoadas, acompanhando-nos ao longo do dia...
À noite, depois de passar por todas as tarefas, ainda fui a tempo de ligar a Bilbau, ver as emoções do Mourinho, lançado ao ar, os gestos reativos do Ronaldo, que lhe traçam o perfil vencedor...
5ª-feira, o vento apressava as nuvens e assobiava pela chuva, acariciando a folhagem, o sol era ator secundário, guardando o calor para outras oportunidades...
O entardecer foi devolvendo as pessoas aos dormitórios da cidade, eu deambulei pelas estradas ao encontro da fadiga fisica do futebol, contando que isso aliviasse a mente... e foi uma tremenda chuvada que apressou o banho e a magrugada do ultimo dia...
Mais uma 6ª-feira que nos levaria até ao cais doutro final de semana, passado o mar revolto do trabalho, o el dourado do ocaso, mesmo que os filhos não sejam a excelência escolar, eis a vida, aliciante, lição de ensino...
Sábado, futebol para começar energético no alto panorâmico da cidade, nuvens ao além, sol de Maio demasiado oprimido, festa de aniversário de arromba, meia idade do primo, meio século da irmã, primas de comunhão, porco no espeto, muita alegria que nos fez entrar pela noite num apoteotico convívio…
O futebol ficava para segundo plano, ditada pelas circunstâncias dos festejos e pela importância dos resultados, todavia o projetor na parede para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos…
Perante alguma intermitência, o jogo do Dragão foi passando, a raça leonina ia esbatendo a moral do dragão, o ambiente porém foi envolvendo os jogadores, os da casa não queriam desiludir os apoiantes, e foi mesmo o Hulk, numa demonstração de força, a abrilhantar o espetáculo…
Em rodapé o Benfica aparecia a ganhar por um golo, a expetativa era só uma, bastantes golos, do artilheiro mor Cardozo, ainda com um título para conquistar… Mas, inexplicavelmente o resultado foi-se mantendo e este era um bom indicador da prestação daquele jogo…
No regresso tardio, ainda fui espreitar algumas imagens do jogo, jogava a equipa principal, com as ausências do trinco habitual, jogava o Witsel, e na esquerda entrava o Luís Martins. O Jesus, inesperadamente, afinal parece não ser imune às críticas, remeteu o Emerson para a gaveta, voltou a tirar o Capedevilla e deixou de fora o Gaitan (quem sabe evitando a sua despedida), para apostar no Yannik…
A cabeça já não estava ali, mas o trabalho de um treinador é arranjar sempre motivação para correr, a qualidade virá por acréscimo, e motivos até havia, levar o Cardozo a melhor goleador. Mas nem os seu colegas de outrora, Saviola e Aimar, lhe valeram, por incrédulo que me possa parecer, com todas as limitações do Leiria, que lutava apenas pela dignidade, não conseguimos marcar mais nenhum golo, para desalento do público presente e de toda a massa associativa que sempre espera a excelência e o orgulho dos atletas quando vestem a camisola encarnada…
E foi assim, já com o anúncio de uma morte anunciada, com os festejos dos outros, que vamos caminhando para mais um final de temporada, até a chuva se veio juntar ao clima de tristeza que assola todos os benfiquistas… Mas o tempo irá mudar, o horizonte irá alargar mais as vistas e a confiança no futuro, vamos todos acreditar: no divino: estamos no mês de Fátima, e por via da estabilidade e da força que o Benfica tem granjeado nestes ultimos anos, que alcançaremos o título de glorioso…
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