sábado, 6 de outubro de 2012

O rapaz da bicicleta...!

Benfica 2:1 Beira-Mar

Meio da semana, prosseguiu o Outubro, ameno de temperatura e ambição, caminhadas lentas sobre o quotidiano, na vertigem do tempo...

As portas abrem em cada manhã, cadernos de esperança, trabalho de canseira, desemprego de angústia, velhice aguçada pela ansiedade de viver...

O Gaspar (zinho), dá com uma mão para tirar com a outra, medidas que se impõem, o dinheiro não estica, que o diga o povo, que não tem outro remédio para a sua cura...

5ª-feira azulada, as greves nos vagões e mais um desvio atrasam a volta matinal, o calor aquece a republica já centenária, pois que viva o fim de semana alargado...
A noite esconde os becos do bairro, troquei algumas sentenças com o barbeiro, a troco de cabelo, a escuridão encolheu as passadas até ao metro onde me deram as asas do fim-de-semana...

A bandeira defraudou a 6ª-feira, dia calmo, ao contrário da mudança de regime, passado no largo de casa, claustros da residência, atento ao frenético discurso social duma envelhecida e pobre republica...
Foi a noite que me libertou das amarras da clausura, pelas estradas de Sintra, para o momento desportivo semanal, elevar o corpo ao bem-estar físico para não deixar abater a alma...
Depois da louca correria, dos golos, da passagem pelo balneário, pela cervejaria, pela ponte, a outra margem, o consolo da fadiga nas delícias da madrugada...

O nublado esmoreceu a manhã de sábado e o gaiato que teve que escalar a colina para ir ao treino de futebol. Depois de almoço o regresso aos relvados, para participar num Torneio, já o sol apertava o ambiente e a persistência…

O entardecer trazia uma reunião familiar no reduto ancestral, a pretexto duma requintada feijocada. Na translação para a sala de fumos, ouvimos na rádio o atribulado mar, com o golo forasteiro… Já à frente do televisor, gelo na impaciência e no digestivo, vímos o Benfica a querer e a não conseguir, uma bola no poste e um penálti falhado…

Tínhamos apenas 45 minutos para darmos a volta, para manter a liderança, para chegarmos são e salvos à beira-mar… A equipa mantinha-se o esqueleto argentino Garay, Enzo, Salvio e Gaitan, com o Rodrigo lutador, tinha que correr mais para polir a imagem, o Lima também ia resistindo com tenacidade, era preciso aparecer um golo para deesembarcar m segurança…

Antes do quarto de hora, eis que numa jogada de insistência, que o Maxi acabou por partir o cântaro, num pontapé de bicicleta, no meio da área, qual ponta de lança no eixo do ataque.
Foi o melhor período do jogo, uma avalanche ofensiva, em que o pressing alto resultou em várias jogadas de perigo, num rasgo rápido, o Rodrigo tabela com o Lima e este serve em bandeja uma caipirinha ao seu companheiro de ataque, que só teve que encostar para o fundo das redes da praia da vitória…

Entretanto o Martins entrava para o lugar do cansado Enzo, e a equipa foi aguentando o resultado, o Beira Mar apesar dos rombos, não se deixou naufragar, nem o Benfica estava com o entusiasmo e a frescura para partir para uma goleada, apesar de procurar o golo deliberativo da partida…  

Os visitantes fora mantendo-se de pé, o Benfica quis desacelerar, segurar a vitória, mas alguma intranquilidade dos cerca de 30000 adeptos, que querem sempre a perfeição, não deixou o Benfica gerir a bola, e a incerteza permaneceu sempre até ao fim, pois nestas circunstâncias cresce sempre a ansiedade…

A cerca de 10 minutos do final houve troca de extremos, o Nolito e o Bruno não trouxerem especial inspiração, continua sem haver vestígios do Olá John, e a partida foi arrastando a expetativa o serão para um final feliz... Por coincidência, passava um filme, no canal 2, com uma história muito comovente, que tinha por nome: O rapaz da bicicleta.  

Agora ficamos à espera dos clássicos, da península ibérica, de mais duas batalhas lusas, para descobrir outra vez as terras de Vera-Cruz (a seleção visita Moscovo antes do Benfica), com a certeza dum Outubro meio vermelho, confiança num futuro risonho, docemente feito de travessuras…

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