Domingo de alvura
fina acalorado pelo sol, germinando uma nova semana... Era dia da
Senhora do Rosário, vigília pelo serão ameno, mirando a Lisboa luzidia, com o brilhante Cristo ao
lado, ouvindo o melodioso mistério da voz de Teresa Salgueiro a despertar a leveza do ser...
A semana
trouxe a desditosa 2ª-feira, a quentura suavizava a tortura doutro calvário,
pequenos gestos e olhares foram adocicando a rotina...
As manhãs
submersas na rotatividade do planeta,
clareavam lentamente, aguarelas que pincelavam os dias de Outono... As noites
sucederam aos dias, horas extras para assistir ao dedo magoado, tarso que quase
pôs a pré-adolescência a ruir na urgência hospitalar...
Fui ao jogo
semanal, tirar esforço do corpanzil, a pensar no alívio da cruz, seduzido pela leveza
da jornada tardia... E mais uma
semana chegava à reta final, dobrava o Outubro, a Seleção não conseguiu
quebrar o gelo russo nem reagir com proveito ao golo permaturo...
O fim-de-semana
preencheu mais páginas coloridas, amanheceu ainda com a imagem das velas e esperanças reavivadas em Fátima, houve o futebol do gaiato, o começo da Catequese, rasgos
de sol, que empolgavam o cinquentenário da cunhada, os preparativos para mais
uma procissão, desta feita na Cova da Piedade, a mesma devoção à Senhora da
Iria...
Domingo com
muitas nuvens, fomos cedo para o campo, chegada anunciada com chuva,
almoço denunciado pelo cheiro e aparato do tacho, cozido que reuniu à mesa
uma família à portuguesa, animada com bom vinho, prendida pela conversa e festejo do meio século de vida...
E um ar
fresco apelava à agilidade ou reforçava o atrito para abordar a nova semana,
oferecia mais 5 viagens, com ida e volta, avatares duma saga, sem poder
hibernar, pelas aventuras diárias na selva da cidade... O dedo ia sarando lentamente, a temperatura ia espreitando justificações para baixar, esperando
aguaceiros, o metro espaçava as viagens nas horas de ponta, para forçar reivindicações
e atrasar utentes...
3ª-feira, Portugal
enxovalhado, não foi além dum empate caseiro com a Irlanda desnorte, sob forte intempérie,
fraca mentalidade e apenas alguma convicção no segundo período, que não
chegaram para impor o nosso estatuto...
No dia
seguinte, a chuva acabou por chegar à nossa cidade, do sul, manhãzinha, para
enxaguar a rua, antes do circuito citadino... O Governo
parecia preso por um fio: cada vez é mais difícil moralizar a classe
política e governar um país; ao contrário da América, cheia de moral, onde vemos debates de titãs...
5ª-feira, a
chuva atravessou a madrugada e roubou a luz da manhã, quebrou o silêncio do
Portas, mensagem digerida à cabeceira, anunciada em nome da estabilidade...
Freamunde
esperava uma visita empolgante, jogo de taça, disputa aguerrida num relvado nortenho...
A chuva deu
algumas tréguas, abrandou com o aceleramento da noite e do regresso a casa, passagem pela cozinha, antes do conforto e relaxamento da sala, em frente
do televisor…
O Benfica
alinhava com a segunda linha, o regresso do Cardozo, ao lado do Lima, as faixas
com o Salvio e o Nolito, o centro com o Martins, e a retaguarda com o Matic e o
Jardel, eram a espinha dorsal mais consistente, de resto a baliza estava bem
entregue ao Paulo Lopes, um prémio de carreira merecido, quem sabe não possamos
chegar ao Jamor, o regressado Sidnei como dupla central, as laterais entregues
ao esforçado Luisinho e sólido Almeida.
O jogo descaía
mais para o lado direito, o Martins fazia tombar mais a bola para este lado,
aproveitando a disponibilidade do Sálvio, de tal modo foram surgindo algumas
oportunidades, o Almeida também foi subindo quando podia, progressivamente a
posse de bola e o pendor ofensivo foram crescendo face à passividade do
Freamunde…
Nunca se vai
saber ao certo onde é que começa a fragilidade de uma equipa e o ascendente da
outra, mas o Benfica foi gerindo o jogo, com troca de bola, a permissividade do
Freamunde e a pouca agressividade e qualidade permitiram que o Benfica se
adiantasse no marcador, por volta do quarto de hora, num aproveitamento do
Lima, após a marcação de um canto…
A gestão
encarnada continuou, mas o segundo golo não surgia, os da casa foram
conseguindo encontrar espaço, mas esbarraram perante o experimentado guardião
as investidas. Quase ao cair da primeira parte, depois dos visitados enjeitarem
uma oportunidade, o Paulo pontapeou para o ataque onde o Cardozo tabelou com o
Lima e fez um golo de belo efeito, à entrada da área, preparando com um pé e
chutando com o direito para o fundo das redes…
A segunda
parte começou ao mesmo ritmo, mais estabilizado, apesar
duma oportunidade para o Freamunde reentrar no jogo. O Martins cede o lugar ao
Bruno, talvez já a pensar em Moscovo, e o Salvio, depois de ter feito o gosto
ao pé, depois duma boa jogada no lado esquerdo, com o Luisinho na assistência,
também saiu para dar lugar ao Rodrigo. Antes do findar da partida, entrou o já
famoso André Gomes, o menino com bom porte e toque de bola, que não desperdiçou
o momento para marcar um golo e mostrar um bom desempenho.
Até ao esgotar do tempo, houve troca de bola do Benfica, perante o desgaste físico e anímico do Freamunde, mais oportunidades foram surgindo sem um remate certeiro, e a festa, que foi
colorida, terminou com o Benfica a passar, com mérito, para a seguinte eliminatória…
Nunca sabemos
se o descanso é benéfico, é preciso ritmo competitivo, mas 3ª-feira é já ali,
temos uma viagem para lá dos Urais, de onde era bom trazer pontos e
muitoseuros, elevar a estima, quebrar o gelo, para isso temos que contar com a dedicação e a
competência de todos…
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