E é assim, que uma época mais está a chegar ao fim, longa, exausta e sofredora caminhada que não soubemos aproveitar…
Num clube desta dimensão, o sucesso catapulta para a ribalta, as vitórias arrastam multidões, o apoio empolga os jogadores, saindo reforçados o espírito de luta e de união de um grupo ou de uma instituição… ao inverso, os resultados negativos que se vão acumulando, levam ao desespero do público adepto, desmobilizam as falanges de apoio, os jogadores sentem-se tristes e derrotados, com todo o ambiente negativo que se gera em redor, uma pressão e intranquilidade que atrofiam os movimentos, geram o caos e o desgoverno de um clube ou organização…
Como em todas as vidas particulares e profissionais, o estado psicológico de um indivíduo, o seu equilíbrio mental, influenciam sobremaneira o seu rendimento e a sua postura no seio da sociedade… É a soma dos carácteres e personalidades de cada um, sob a égide de um líder astuto e motivador, que levam a alcançar os melhores resultados, onde cada um expõe o máximo das suas potencialidades… Como em qualquer jogo, neste caso colectivo, o que leva ao sucesso é sempre a persistência, a combatividade, mas também a harmonia, a confiança e a união que se instala num grupo e que vai crescendo com trabalho e alegria, de forma sustentada e eficaz…
É claro que tudo isto pode ser posto em causa, existem múltiplos factores que nos impedem de traçar certezas, o imprevisto encarrega-se de nos dar tantas excepções, que é imaturo ou aventureiro estar a esboçar uma explicação, estabelecer qualquer regra… para tudo aquilo que está a acontecer…
São tudo fases… cada época é vivida com as suas particularidades e circunstâncias, nem sempre estamos suficientemente esclarecidos sobre o desenrolar dos acontecimentos ou sabemos explicá-los… nem textos arrebatadores são suficientes para descrever o que quer que seja…
Chegado aqui, sem nada dizer, vou tentar ser mais directo na minha interpretação (ou talvez não), sobre o momento presente do Benfica:
Toda a grandeza que o clube representa para um país, apesar dos áureos momentos, que um país orgulhosa e pobremente só, enalteceu em demasia, contribuindo para o preenchimento duma alma imensa, aprisionada pela ditadura e pela ignorância, e que levou toda uma população a deixar-se atrasar em auto estima e desenvolvimento… por isso, feitos ainda mais heróicos, que surgiram desse enorme marasmo, fizeram do SLB, um Clube de respeito mundial, com uma massa adepta como não há igual…
Sobressaiu o Sporting, de Lisboa - cidade cosmopolita que representava uma nação, aglutinava todos os interesses; tudo o resto ia progredindo de uma maneira lenta e cândida, sobressaindo, desde logo o Porto, como segunda cidade, o que explica o aparecimento do FCP, como clube de uma considerável e preponderante dimensão… Mas os dois clubes da capital foram disputando e dividindo Troféus, com supremacia para o Glorioso, nunca o Porto deixando de se mostrar, intrometer na luta, conseguindo, apesar de tudo, alcançar alguns esforçados êxitos finais...
Se nos lembrarmos que na vida destes clubes existiram sempre longos anos de “travessia de deserto”, mais discretos desportivamente, se nos reduzirmos à realidade do alcance do futebol português, da relativa importância que representava (e ainda representa), se calhar todos os Benfiquistas seriam muito mais modestos de ambições, mais tolerantes com o insucesso, mais construtivos para fomentar a união e criar condições… “Et Pulribus unum”…
Mas claro, o arrastar do povo, ávido de emoções, é que faz encher os estádios, a incerteza de um jogo que queremos sempre penda ao nosso jeito e clamor…
Toda a turbulência e agitação dos últimos anos, desde que deixámos de ganhar campeonatos com alguma assiduidade, e que teve o auge em Vale Azevedo, explica, em boa medida, o percurso mais acidentado, o retrocesso evidenciado, até onde chegámos…
Hoje, nos último anos, habituámo-nos a ver no FC Porto um exemplo, uma máquina de produzir êxitos e rentabilizar os seus activos… Não querendo dar demasiada importância a factores externos, à cruzada verbal encetada pelo seu timoneiro, com uma avassaladora rectaguarda, constituída por uma ampla região, física e de interesses vários, a história de sucesso do nosso rival, assenta exactamente aí, no poder que resultou do apelo a uma facção, dita mais desprezada, pela criação de múltiplos “cavalos de batalha”, de muita persistência, de luta árdua por alcançar objectivos, estimulando e espicaçando todos a conseguir essa ambição… a lançar as sementes…
Por outro lado, a pressão mediática, a exposição tão exacerbada a que os clubes (ainda maiores) não se conseguem desenvencilhar, tornam mais vulneráveis o homem jogador, todo o barulho, a exigência de resultados, o estigma de sermos um clube nação, repleto de êxitos, provocam impotência, se não houver uma estratégia sólida, para reconstruir uma tão grande equipa…
Um exemplo disto é menosprezarmos as vitórias, quais etapas que temos que queimar, de que a conquista da Taça ao Porto de Mourinho, a chegada sistemática mais além na UEFA, lutando de igual para igual com o Liverpool, com o Barcelona… é mais fácil destacar que passados 3 jogos, fizemos o pior início de época sempre, que nunca empatámos tanto em casa; se calhar temos que descer ainda mais, para não andarmos sempre a falar da sombra do passado…
A estrutura base, ao nível de Complexos desportivos e de património, penso que foi bem conseguida, recuperámos um número significativo de apoiantes como Sócios, por isso, os resultados - se formos conseguindo subir novamente os degraus de uma forma gradual e consistente, acabarão por surgir, tudo dependerá da nossa astúcia, saber e combatividade...
Se todos, e cada um de nós, contribuir de uma forma mais veemente e saudável para o ressurgimento do BENFICA, com todas as armas dos tempos modernos, sem falsos endeusamentos ou medo de velhos barbudos do restelo (ou do dragão), vamos tornar esse UM cada vez mais forte… com a pujança que é preciso para ganhar em Portugal e por essa Europa fora…
Um comentário:
Quero dar-te os parabéns pelo o artigo, conseguiste colocar o sentimento de muitos benfiquistas de uma forma concreta, é claro que ainda se podia divagar mais pelo tema, mas foste sucinto.
Vamos agarrar o nosso lema... Et Pluribus Unum
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