domingo, 8 de março de 2009

Marcar ou não sofrer..., eis a questão!


Naval-1-Benfica-2

Começo de semana solarengo, seduzidos e comprometidos pela esposa, é dia de agradar e fazer vénias à mulher! Foi com esse propósito que, pela manhã abençoámos o espírito na Eucaristia dominical; o corpo ainda precisou de se satisfazer com a dose de cafeína diária, antes do requintado banquete servido num salutar convívio familiar…

Mais tarde, não resistimos ao acalorado convite vespertino e ao apelo da pequenada, e voltámos ao ar livre, aquecendo a mente confortada pelo ambiente e pela brincadeira improvisada… a noite ainda caía lentamente sobre a cidade, quando recolhemos ao lar, doce abrigo, de coração palpitante, pela correria e pelo aproximar constante da hora do jogo…

Neste quadro harmonioso, tentava descontrair e preparar-me para mais um exercício solitário de sofrimento, acalmar ou contornar um inevitável estado de nervos efervescente, resistir a mais hora e meia de corrida desenfreada contra o tempo...

Nem o facto de entrarmos a ganhar, com um golo soberbo e oportuno do Aimar me fez diminuir o grau de alerta geral já desencadeado, pois o Naval começou a trocar a bola, o Benfica a deixar jogar, mesmo que a bola não chegasse com perigo às imediações do Moreira, o que é certo é que a posse de bola chegou aos 70% e o Benfica não tirava partido dos espaços deixados pelo balanço ofensivo do adversário…

Com a mudança do Di Maria e do Reis notou-se alguma melhoria, mas a ausência duma pressão mais alta e aguerrida foi deixando o relógio bater ao ritmo cardíaco duma eventual jogada fortuíta, à mercê de uma bola transviada…

O Cardoso neste tipo de jogo, com as características que o golo madrugador veio a suscitar, tem que ser muito mais batalhador, o primeiro defesa, mas o que vem ao de cima é sempre um alheamento confrangedor, mais atrás a organização também não é a melhor, o Aimar ve-se muito sozinho a recuperar sem uma ajuda mais efectiva e próxima dos restantes companheiros do meio campo, apesar dos reconhecidos méritos no trabalho defensivo e da entreajuda que todos demonstram, mais encostados à grande-área…

A segunda parte começou da mesma maneira, com o Naval cheio de fúria e acerto mas, mesmo que a troca do esférico fosse feita à alguma distância, nada garantia que o golo não viesse a surgir, como, fatalmente, aconteceu ainda antes da hora…

Ainda com um terço de jogo pela frente, não restava outra alternativa do que ir em busca do prejuízo, procurar o golo da vitória… imbuidos dessa atitude, começámos a rasgar mais o campo, a desenhar jogadas de ataque, nas quais haveríamos de estar muito perto da obtenção desse tento. Foi assim, no seguimento desse maior domínio, num lance de bola parada, com o Miguel Vitor a assistir, que o Katso voltou a marcar de cabeça, numa semana de condecorações, este veio a firmar-se como uma pedra basilar desta sofrida batalha, ajudando à conquista do ânimo e à reposição da nossa esperança…

Daí até final, fomos mantendo, com maior ou menor sobressalto, nada que o espírito já não domine, a permanência da bola ou a interrupção da mesma no adversário, de tal modo que chegámos ao final dividindo a percentagem da posse do esférico, mesmo sofrendo um maior número de cantos, acabando por equilibrar uma partida que, não poderia ter começado melhor, mas não soubemos deslindar ou encarar com melhor engenho...

Mais uma vez, tivémos de implorar a Deus que, mesmo com algum esforço acrescido, nos desse um empurrão ou alguma sorte para amealhar os três pontos mais importantes da nossa história contemporânea..., mas a Quarema serve para isso mesmo, para uma introspeção maior com o divino…

Para a semana, jogaremos em casa, no nosso reduto (antes que os outros), com a força dos adeptos, a onda de apoio que extravasa o estádio, que vai unindo as almas desavindas e os corações partidos, à procura do adiado apaziguamento, mais um capítulo de esperança, esperando libertar a alegria contida no humilde corpo, fundir a alma com o criador… continuar a viver a ilusão dum povo!

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