segunda-feira, 6 de abril de 2009

Nas trevas surgiu uma Estrela...


E. Amadora-1-Benfica-2

Finalmente chegou o dia de s. nervos à flor da pele, servidos miudinhos, repletos de ansiedade, um alerta geral ao aparelho circulatório, o coração saltitante a dar o peito, passados alguns dias de repouso, ao redobrado trabalho provocado pela descontrolada emoção…

Um dia primaveril, que até tinha corrido tranquilo, abençoado pela cerimónia religiosa do Domingo de Ramos, introspectivo o bastante, ameno de temperatura, nada antevia que ao repentino escurecer, a noite viesse acentuar a friura do tempo e o descalabro espiritual...

Mas nós, os mais afoitos, não recusamos fazer fileiras à frente dessa caixa de encantos, maravilhados com a magia de um jogo incerto, à espera sempre do sinal da ressureição, à espera de fazer a soma dos golos e a contabilidade resultante de tão distinta exibição…

Mas nem o Estrela era a equipa ideal para ressurgirmos das trevas (já sofreram demasiada desilusão para se deixarem abater pelas dificuldades) nem o Benfica parece conseguir soltar-se dumas amarras enormes que acorrentam os movimentos, duma rocha tão pesada que não deixa libertar o futebol.

Com as penalidades, quais estrelas que pareceram ter caido do céu, com a vantagem de dois golos obtida logo na fase inicial, tudo levaria a pensar que o Benfica pudesse ter um jogo mais descansado, pautar e segurar mais a bola, eventualmente vir a criar mais oportunidades… mas nem com um começo tão favorável e inesperado, o filme deixou de trazer à cena imagens repetidas, uma história já rodada, vezes sem conta, em campos de futebol, com as camisolas encarnadas como protagonistas…

As jogadas faltosas dentro das áreas, as que vieram a ser assinaladas, aceitam-se, porque o lance do David e do Yebda, fazem um só, se os compararmos com outros lances similares, e os do Nuno, apesar de existir a dúvida no primeiro, se é no limite da área, o outro, nem a veterania do Vidigal, conseguiu disfarçar… mas eu também sou suspeito para as analisar...

Mas em jogo jogado, foi bastante dividido e disputado, só que os jogadores da reboleira, multiplicavam-se em dois (tinham que lutar pela vida), corriam mais, ponham o pé mais vezes, foram uns verdadeiro obreiros, enchendo o campo, tentanto correr atrás do marcador, para amealhar os pontos ou a exibição individual que lhes permitisse sair do pantanal em que se viram mergulhados.

Chegado aqui, não posso deixar de referir o seguinte: claro que todos sentimos com tristeza o mau momento que os atletas Amadorenses estão a viver, temos que elogiar o esforço e a superação que tem demonstrado, (claro que neste jogo, faltou um Benfica mais poderoso, tudo o que já sabemos...), mas porque é que noutros jogos, alguns atletas são inibidos de dar o seu contributo, impedidos de ajudar e serem solidários com os colegas de profissão?! E se jogou bem o central do Estrela, emprestado pelo azuis e brancos, tal como acontece com muitos outros espalhados por esse Portugal fora...

Os do Benfica, com o dinheiro em caixa, as famílias a salvo dos infortúnios, só tinham que evidenciar a mesma atitude, solidários com os colegas, mas dignos da sua postura séria e humilde, lutadores pelo clube que representam, que lhes paga as contas, e o qual também têm que defender com o mesmo brio e galhardia…

Um jogador de futebol, tem que se adaptar ao futebol praticado, aos adversários, ao relvado… e este jogo exigia que houve mais luta, entrega, que corressemos tanto ou mais que eles, pois o orgulho e a sua vida feridos fazia-os correr atrás do seu sustento e dignidade. O único que se adpatou com mais facilidade a esta toada, foi o Maxi, talvez os centrais, não tanto na primeira parte, aos poucos foram estabilizando, mas claro que se notou a falta do gigante patrão. No meio campo, o Aimar esteve muito deslocado, as carraças do Estrela não o deixavam respirar, e depois, é o costume, o Cardoso e o Nuno Gomes, no futebol actual, tem que render muito mais, serem os primeiros defesas, não é ameaçarem que vêm atrás de um jogador e deixá-lo ir, não é estarem lá à frente, sem a bola lá chegar; o Katso e o Yebda são uns mouros de trabalho, nem têm tempo de ir lá à frente, a confiança é coisa que se incompatibiliza com a escassez do tempo, com a pressão imensa e o desgaste enorme de uma época de sonhos, que está a começar a chegar ao fim e a ficar longe do colorido horizonte…

Mas não basta dizer mal, nós se virmos esses jogos competitivos por essa europa fora, vemos equipas repletas de bons praticantes, o Benfica, apesar de ter um excelente plantel, sente muito a falta do Reys, de um Aimar com mais confiança, de um Martins com mais ritmo, que entrou bem, dum Amorim e dum Katso mais afoitos, de jogadores mais experientes que saibam segurar melhor a bola, criar jogadas de perigo, concretizar… o futebol moderno é feito de velocidade e de rasgos individuais…

Mas não podemos desanimar, apesar de tudo ganhámos, e este afinal ainda é o ano zero, é só preciso manter alguma estabilidade, alicerçada em vitórias, preferencialmente até ao final da época, e depois reforçar a equipa o que se puder, com jogadores maduros, apetrechar alguns sectores…

É nestas ocasiões que é preciso incentivar os jogadores, quando alguma descrença se começa a apoderar pelos inconsequentes objectivos, não os deixar cair anímicamente, quanto mais fortes e determinados formos ou soubermos ultrapassar os momentos difícieis, acabar bem este campeonato, mais preparados e confiantes estaremos para enfrentar a próxima época…

Na próxima jornada, mais uma página passada, depois dos momentos conturbados e da história assinalada no final da santa semana, e quase à hora da certeza do anúncio da esperança, da força redentora e da alegria do amor infinito que Deus tem pela humanidade... é preciso comparecer na Luz ao entardecer, prolongar a vigia nocturna, despertos para essa fortuna que são afinal toda a nossa felicidade...

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