
Benfica-3-Belenenses-1
Mais uma vez o tempo aliou-se com o jogo que ditava o fim da Liga, algumas gotas precepitaram-se do céu anunciando a triste despedida, confundidas com as lágrimas nos rostos azuis pelo doloroso castigo infringido, contrastando pela euforia de quem assegurou a manutenção, foi assim mais uma época assinalada no nosso pequeno e emocionado país. Claro que a maioria da nação já há muito conformada com o destino, assistiu impávida, com um nó na garganta, mas há mesma amargurada, desesperada, gritando alto, pedindo de alguém a crucificação…
Cerca de trinta mil ainda foram assistir, imunes à intempérie que se abateu novamente na Luz, parcela duma multidão ansiosa de vitórias, mas que nem sempre acreditaram ou já tinham atirado a toalha ao chão. Mais uma partida de 3-1, diga lá outra vez, desta feita após termos entrado a perder, onde demonstrámos um q.b de eficácia e dignidade...
Cerca de trinta mil ainda foram assistir, imunes à intempérie que se abateu novamente na Luz, parcela duma multidão ansiosa de vitórias, mas que nem sempre acreditaram ou já tinham atirado a toalha ao chão. Mais uma partida de 3-1, diga lá outra vez, desta feita após termos entrado a perder, onde demonstrámos um q.b de eficácia e dignidade...
Recuando 29 jogos atrás, ao começo hesitante mas esperançoso, dum grupo de trabalho renovado que foi crescendo e fazendo acreditar, foram sucessivamente pesando as altas expectativas diante das responsabilidades, faltou um pouco mais de acerto na UEFA, para nos dar um tónico suplementar, veio o desaire fortuito da Taça, falhámos numa altura crucial da Liga, para nos destacarmos na frente, adquirir outra confiança, e apareceu um ou outro jogo menos concentrado que nos empurrou para este desfecho …
Foi então que os adeptos começaram de novo a julgar, a querer dar a táctica e a melhor posição de cada jogador, a emitirem a sua já avalisada opinião técnica resultante da sua já longa carreira de espectador, e não há santo que resista a tão agitada manifestação popular.
Mas, mais uma vez, se calhar a última, o Mister Quique demonstrou ter carácter, cumprimentou cada um dos derrotados adversários, dirigiu-se com frontalidade e simpatia aos adeptos, deu mostras de ser um grande senhor; quem lhe atirou a primeira pedra e lhe aponta defeitos não quer ou não sabe reconhecer que também é pecador, apenas quer a mudança como reflexo duma exigência para a qual também não soube ou não quis retribuir.
Foi então que os adeptos começaram de novo a julgar, a querer dar a táctica e a melhor posição de cada jogador, a emitirem a sua já avalisada opinião técnica resultante da sua já longa carreira de espectador, e não há santo que resista a tão agitada manifestação popular.
Mas, mais uma vez, se calhar a última, o Mister Quique demonstrou ter carácter, cumprimentou cada um dos derrotados adversários, dirigiu-se com frontalidade e simpatia aos adeptos, deu mostras de ser um grande senhor; quem lhe atirou a primeira pedra e lhe aponta defeitos não quer ou não sabe reconhecer que também é pecador, apenas quer a mudança como reflexo duma exigência para a qual também não soube ou não quis retribuir.
Claro que é muito fácil despedir, arranjar um novo factor de estímulo, mas o trabalho árduo, profundo e estruturante que é preciso numa equipa não se consegue impor. Claro que é muito fácil dizer que o Quique não estava adaptado ao futebol e às peripécias nacionais, que não tem a força suficiente para continuar, mas a sua motivação foi-se desmoronando na nossa impaciência e frustração. A maneira como olhou e se comportou no final do jogo deixa antever um último aceno, mas se assim for, ele quis que fosse um olhar sentido e respeitador, e afinal sempre foi coerente e digno até ao fim.
O Rui e o Vieira é que não souberam ser convictos das suas decisões, seguir um rumo, os abraços e a recepção calorosa e expectante do Verão passado deveriam ter tido continuidade, um firme apoio, deveriam já, fosse qual fosse o desfecho desta liga, ter proclamado a sua permanência, terem saido em sua defesa, como parte integrante de um rumo que é preciso conservar.
Resta-me já pouca fé para contrariar este cenário, a aposta noutro protagonista parece ser inevitável, mas quem vier vai ter que ter uma moral e sorte inabaláveis, a sapiência é sempre relativa, só a reunião de uma série de factores, alguns imponderáveis, vai conseguir proporcionar as desejadas vitórias; uma mentalidade divina, uma rectaguarda muito forte, a maior estabilidade possível no plantel, apetrechado de alguns experimentados e sólidos jogadores, o apoio incondicional e serenamente empolgante dos adeptos…
Este jogo veio provar que no futebol não existe nenhuma regra, são tudo factores aliatórios, são as vitórias que dão moral, a consistência e a procura do resultado, a ambição em cada jogo, a superação e a qualidade, o espírito empreendedor e unificado de uma equipa, tudo qualidades que fortaleçam um grupo, resultem num maior número de jogos ganhos, galvanizem e façam acreditar que é possível alcançar o sucesso.
Neste jogo ficaram vincados estes diversos aspectos, uma equipa que sem merecer marcou o golo que lhe poderia salvar da despromoção, um Benfica que apesar de tudo conseguiu dar a volta ao resultado, uma hora depois, mas com mais um jogador deixava antever que pudesem surgir mais facilidades, até pelo jogo positivo que o Belenenses teria que procurar, em busca do golo, mas não foi isso que fez com que ganhássemos com mais facilidade, porque os do restelo também se aplicavam, queriam muito contornar o inevitável. Por outro lado vimos malta nova que tem muito valor, assim encontrassem uma equipa mais estruturada e sólida para se irem adaptando, um ambiente mais favorável, e poderiamos ter um plantel muito mais valioso.
Mas são as vitórias e os títulos que decidem carreiras, que fazem brilhar ou ofuscar qualidades, subir ou descer a quotação e a consideração. São os campeonatos que vão amadurecendo uma equipa, os próprios adeptos, se vão consolidando projectos e ideias num clube.
Mais uma vez adiámos o futuro, o sucesso passou ao lado, o mesmo filme da tetra, carregado de bazófia, abusando de falsa modéstia, sobrando tacanhez, que fez sair para a praça, numa folia exuberante, uma multidão a gritar slb, slb, filhos da fruta, slb…; mas se eles precisam desta alegria para crescer como comunidade, desenvolver uma região, para se afirmarem como gente, então que se cumpra a história, para glória de Portugal, parabéns aos vencedores, honra aos vencidos, que para o ano há mais!
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