sábado, 31 de outubro de 2009

Bruxedo, má sorte e desinspiração!


Braga 2:o Benfica

Fim de semana divido entre dois meses, começava com o dia das bruxas e ia acabar com o dia de todos os santos, uma semana que começava com um feriado usurpado à classe operária. O sol despontou com bravura, o caridoso Martinho este ano parece que nem vai precisar de ficar com metade da capa, também já não existem pobres mendigos que não se possam refugiar em confortantes albergues, pior estão os que perderam o emprego e sustentavam uma folgada aparência assente em dívidas que lhes consomia o ordenado mensal.

Com a percentagem de desemprego a aumentar, um governo que apesar de regenerado se mantém uma incógnita, dependente da flutuação exterior e conturbação interna, com a sociedade demasiado ansiosa, por um Inverno carregado de gripes, com o aparecimento dos primeiros casos perto da nossa casa, a onda vermelha, um Benfica assambarcador, um calor que teima em persistir pelo Outono fora, são ainda um consolo e um tónico muito estimulante para fazer face a toda esta angustiante e estranha forma de vida…

Mas quiseram as bruxas, toda a comunidade malévola e espíritos negativos, juntarem-se para acabar com toda esta alegria estampada no rosto, com a fervorosa crença que ia cimentando esta religião, com o orgulho recuperado, com a força que ia disfarçando este triste fado, a nossa ilusão…
Depois de uma noite destas já não restam muitas dúvidas sobre a sua existência, algures na américa, espanha ou simplesmente na imaginação! Claro que a maioria continua incrédula quanto à sua influência, esperançados que o Benfica possa voltar rapidamente às vitórias a caminho da sua glorificação...

O jogo não correu de feição, talvez o Benfica se tenha ressentido de alguma pressão exercida pela onda de um optimismo exarcerbado; num ambiente escaldante, os de Braga pareciam que estavam motivados até à exaustão; um Arbitro demasiado interventivo e exuberante em cortar as jogadas de ataque, descortinava à lupa lances de confusão na área, mas sempre a nosso desfavor, e não soubemos ter o controlo emocional da partida, muito por força do golo madrugador, que ainda veio dar mais acutilância e consubstanciar o trabalho e a humildade bracarense.

O Hugo Viana é o maestro da equipa, mas todos são obreiros, com a vantagem na mão, aumentaram os índices de confiança e souberam aplicar-se de forma determinada, de tal modo ganhavam quase todos os ressaltos e a bola ia sempre ter aos seus pés. O Quim praticamente não esboçou nenhuma defesa, foram poucas as jogadas que resultaram em canto, antes souberam ocupar o espaço e esperar pelas arrancadas, pela sorte de marcar em fases cruciais...

Não soubemos aproveitar, apesar de alguma luta e falta de oportuninade, mesmo que haja mérito dos opositores, o deslize dos portistas, antes acabámos a três pontos do primeiro e apenas acima do terceiro com dois à maior.

As bruxas não quiseram nada connosco, o ambiente hostil em redor, as escaramuças que começam a tornar-se habituais no intervalo, com prejuizo para o Benfica... O árbitro estava danado para expulsar alguém, mesmo com o jogo lutador mas honesto, surgia sempre espampanante na sua intervenção, apesar de ir dividindo o mal pelas equipas, até que arranjou forma de retirar o Cardoso da competição para garantir a sua abstinência…

O Golo foi um pouco consentido, descuramos a barreira, mesmo que haja muita classe do Viana, depois a motivação e o apoio do público tornaram o jogo mais favorável para o Braga, o Benfica ia tentando mas nada ia saindo na perfeição, embatia na muralha defensiva ou na falta de inspiração do ataque.

Nestes jogos mais dificeis, em circular a bola, arranjar oportunidades de finalização, temos que saber aguentar com mais paciência, fazer um jogo de mais contenção, esperar que o golo surja, mas jogando com o cronómetro e sempre controlando qualquer situação, se bem que os golos de bola parada sejam sempre imprevisiveis de evitar...

Não sei bem explicar, foi um balde de água fria, uma noite triste, assombrada, mas que pode acontecer aos melhores, só é preciso levantar a cabeça e fazer-nos correr ainda mais e trabalhar com mais afinco e determinação, para ir buscar um resultado positivo, já no próximo jogo em Liverpool.

5ª-feira, também vamos defrontar a equipa que divide connosco a classificaçção, mas temos de vencer para dar o salto, fazer um jogo mais aguerrido e inspirado, ter também um pontinha de sorte, para reconquistarmos de novo a estima e a motivação, continuar na senda das vitórias, recuperar a chama com uma já bem posicionada vantagem para prosseguir naquela prestigiosa competição…

Um comentário:

aguia da amora disse...

Meu caro, gostei mais da primeira parte da cronica, a que não fala do glorioso.
A que fala do jogo parece-me poeticamente triste. Omite o que obscureceu a exibição menos conseguida, mas suficiente para vencer.
Estou de acordo sobre o primeiro golo deles: houve má organização defensiva,apenas se defendeu o primeiro post. O gajo aproveitou bem.

Mas o resto... meu caro... o resto????? Ainda há quem diga que os arbitros não jogam...