sábado, 12 de dezembro de 2009

Não soubemos dançar o corridinho!


Olhanense 2:2 Benfica

Com as interrupções sucessivas no ritmo de trabalho, as pausas serviram para uma travessia ainda mais rápida do tempo, por pontes e sinuosos percursos no activo e laborioso desempenho profissional, ficámos à beira do meio do mês, a escassos dias do feliz dia da proclamada salvação...

Progressivamente o frio começou a fazer-se sentir aproveitando a acalmia das névoas enfurecidas e da chuvosa revolta, o azul regressou aos olhares altivos dos que sempre esperam vislumbrar esperança no horizonte, ou alguns raios de sol para aquecer as suas vidas, ou o brilho noctígavo de alguma estrela para lhes iluminar o caminho...

O espírito de natal aproveita para viajar com a arrefecida atmosfera, para se instalar na cidade, em todos os corações, mas as luzes mais intensas e os astros maiores que se avistam dos imponentes centros comerciais vão desviando os olhares e os passos na direcção de todos estes sinais. O consumismo está para durar, as luzes e o que simboliza toda esta alegria, são cada vez menos visíveis nas varandas, as pessoas andam demasiado ocupadas com o valioso presente que hão-de dar, já não têm tempo para espreitar na janela, para se debruçar nos varandins, para andarem pela rua, viajam de garagem em garagem, sobem e descem elevadores, atarefados em estranhos rituais…

Para contrariar este marasmo, sentir a brisa húmida do tempo impregnada do espírito de Natal, nada melhor que começar o fim de semana com uma estafada correria pelo parque, ao som do My Christmas do Bocelli. Já com o sentido no jogo que iria decorrer na noite algarvia, acerta-se a agenda com as tarefas do dia, enquanto o controlo familiar e a ausência de imprevistos o permitem, salvaguardando o possível repouso e disponibilidade nocturnos, para visionar mais um jogo do nosso glorioso.

Depois da visita a familiares, da passagem acostumada pelo complexo da Luz, do necessário auxílio e abnegada cooperação com os progenitores (temos que retribuir com tempo e dedicação todo o investimento que nos foi proporcionado), eis-nos chegados ao conforto do lar. Até à hora do jogo, os catraios ocupam sobremaneira o espaço, abrem a janelas 12 do Calendário de chocolate, açambarcam o televisor até ao limite, com filmes de animação, e como se não bastasse, como rejubila com esta época a pequenada, mandaram vir uma pizza para o serão, claro que para assistir ao jogo, não é petisco que diga que não…

E foi assim que, depois do frágil rugido do amansado leão, já no lusco-fusco da capital, as atenções se viraram para o sul, na longínqua cidade de Olhão, onde todos os benfiquistas ansiavam por mais uma bela exibição e categórica vitória, para ficar a salvo de qualquer imponderável no último e mais importante jogo do ano.

Mas quando todos esperávamos que o Benfica surgisse com uma boa atitude e deslumbrasse mais uma vez com o seu futebol, foi com alguma surpresa que se viu uma equipa desgarrada, algo nervosa, com algumas ausências e trocas no plantel. À parte alguma sorte na obtenção repentina do golo (o Maxi também não tem nada que fazer de atacante), sem que ninguém o esperasse, depois de um livre duvidoso, o que é certo é que houve um erro de casting, com a posição do Di Maria no meio. Como se já não bastasse não haver Aimar, como se já não bastasse não jogar o seu conceituado substituto natural: Ruben Amorim; o Di, como o Jesus lhe chamou, tem que saber soltar mais a bola, e está a passar por uma fase muito sombria, mercê da sua juventude e imaturidade.

O Saviola fez o que pode, mas sem o Aimar aparece menos, e quem estava a sobressair, Ramirez (o jogador que, para mim, poderia ser a chave deste jogo), saiu desolado e com uma lesão tamanha, depois de meia parte de grande empenho e sobriedade, principalmente no meio. Depois também viriam a sobressair outros, o Maxi subiu de rendimento, o Fábio Coentrão, o César esteve um pouco melhor do que habitual, mais confiante, o Saviola ainda tentou remar contra a maré, o Cardoso está no pico do seu orgulho, mas não teve o caudal de jogo habitual, nem muito espaço para dar nas vistas. O Javi foi o pilar e deu o rendimento a que já nos habituou.

Mas o bicho, um tal Jorge Costa, que aparece a falar com muita temperança e contenção, antes e mesmo no buliçoso final dos jogos (quem diria, com aquele feitio, que tivesse medo de ficar de fora ou de desembolsar alguns euros) soube bem, em privado, acicatar os seus jogadores para uma autêntica batalha de faltas e provocações, seguiram a peito as instruções para anti-jogo e conseguir parar, a todo o custo, o seu grande rival de sempre.

Com a ajuda de alguns dragõezinhos, mas que também haveriam de comprometer a sua mais optimista aspiração.
O guardião Ventura deu duas fífias, e o Tengarrinha tremeram-lhe as pernas perante a hipotese da estucada final. O Castro andava endiabrado, o Miguel Garcia, quase todos empenhados e com muita motivação, e mesmo que pratiquem algum futebol, são muito sarrafeiros e indisciplinados, lá isso são…

E foi assim, perante as cenas lamentáveis dentro do jogo e fora dele, num jogo atípico, com um árbitro aparentemente calmo (quase paz de alma), que todo este cenário foi montado, fachadas de edifícios de mãos dadas com as 8.024 pessoas, assitiram nas bancadas ao triste e emotivo jogo de futebol. Mas o árbitro foi de olhão, conseguiu ver quase tudo na perfeição, o puxão de cabelo, os empurrões, alguns a mais, entradas em falso e reacções intempestivas; e mesmo que o David Luiz estivesse apenas pecado por uma única vez, o Miguel também o provocou, e até merecesse o amarelo, fez um excelente jogo sem qualquer mácula ou excesso, já o Fábio levou um cartão injustificado e inesperado que o retira de fora do próximo jogo...

Mas claro que foi culpa nossa, por vezes acontece, mas o Di Maria foi ainda mais responsável pelo resultado negativo, não está a saber reagir com todo este sucesso e focos apontados, e deitou quase tudo a perder. Mas todas as razões apontadas e descritas anteriormente foram empurrando o jogo para este desfecho inesperado. Depois o Weldon não entrou com a fugusidade que é costume, o Filipe apesar de tudo esteve bem, o Javi é um estratega valioso, um exemplo pela sua astúcia, disciplina física e saúde mental...

Depois do golo à meia hora, passados 4 minutos do primeiro empate, foi preciso andar 1 hora atrás de novo empate, alcançado de forma justa e com grande classe pelo Nuno Gomes, depois de um cabeçada do Luisão, e que veio repor alguma justiça no resultado, já que chegámos ao final com uma esmagadora vantagem na estatítisca e na obsessão…

A força que o Benfica tem demonstrado até aqui (veja-se o soberbo e recente jogo contra a Académica), tem que se assentar também, nesta fase já avançada do campeonato, a aproximar-se da viragem, numa grande atitude e concentração mental, não se pode perder de vista os objectivos maiores, a conquista da vitória, a obtenção de golos, alienando ou hipotecando essas hipoteses com despropositadas reacções ou precipitados lances, antes, adaptando-se a cada partida, moldando estratégias, com serenidade e confiança, para alcançar tal pretensão…

Agora ainda temos um jogo ao alto nível para afinar melhor a equipa, sem que se possa perder de vista o alto rendimento, mas sem a exigência do resultado, para aprimurar mais a estratégia e as performances individuais, unir e calibrar mais o colectivo para abordar com mais moral o jogo do próximo fim de semana. No final do jogo, o comentador disse que o Porto ia à Luz com um ponto de atraso, a ver vamos, como é que a 2ª equipa mais a sul do campeonato se comporta amanhã, na cidade já não tão invicta desta Liga, com o nosso directo rival.

Claro que o Ramires, o Aimar, o Ruben Amorim, o Fábio são peças fundamentais, mas no futebol, vamo-nos confrontando amiudas vezes com a imprevisibilidade dos acontecimentos e a contradição das teorias, veja-se este jogo, da jornada 13, que, num ápice, ao quarto de hora já estava completamente fora de controlo, para além dos piores vaticinios. Quem sabe se o Saviola, o Cardoso, porque não o Nuno, o Javi, a dupla de centrais, a raça do Maxi, a experiência e entrega do César, a segurança do Quim, o Meneses e o Weldon que já mostraram qualidade, com uma dose reforçada de empenho, não sejam os 11 bravos guerreiros capazes de derrotar tais arrogantes e malfadados rivais.

Vamos entrar na 3ª semana do advento, depois das 3 velas, da Oração dominical e comunitária, da íntima introspeção, enfrentamos mais uma semana, os catraios tem já a entrada assegurada para a viagem pelo mundo do circo e da ilusão, com o decorrer dos dias fica mais próximo o anúncio das férias de natal. Como alento para a ininterrupta labuta, temos ao 5 dia o jogo da consagração, para retomar as boas exibições e vingar o desaire conseguido na Grécia, mais uma noite que se espera luzidia, brilhante por uma estrela guia…

Um comentário:

Amt Benfica disse...

Sempre ConTinuAmoss em PriMeirooo!!!!
bom blogue!!

Saudacoes Benfiquistas..!