sábado, 9 de janeiro de 2010

Por esse rio acima..., Portugal fora...!







Rio Ave 0:1 Benfica

Eis-nos chegados ao final da primeira semana da década, na qual tentámos adquirir o ritmo da acostumada rotina, metade ainda iluminada pelas luzes brilhantes que nos atenuavam as noites mais curtas e extenuantes, a do meio, com a passagem simbólica da chegada dos Reis a Belém para adorar o Jesus menino. O reinado do dia, trouxe aos ouvidos cânticos de louvor e bom auguro para o novo ano, os mais novos tiveram ainda direito a uma simbólica oferenda para relembrar a excitação passada e o empolgamento dos ascendentes, em mais um esboço abençoado pela familiar e cumplice reunião...

O começo trouxe chuvosos espaços temporais, perpetuando o inverno, afirmação assente na torrente dos caudais fluviais e das barragens, mas seguiram-se dias gelados, na segunda metade da semana, depois do apagão nas rotundas e vielas iluminadas com as cores das já saudosas e mágicas festas ancestrais...

Assim mesmo, balanceados e resistentes à tristeza do inevitável desfecho, depois do regresso à ribalta, às reuniões escolares, à catequese, ao cumprimento restrito dos apertados horários, chegámos ao refúgio do ancorado fim de semana, para recuperar o fôlego, enfrentarmos serena e destemidamente mais um ano de imprevisível destino...

Assim mesmo, com os dias soalheiros a ligarem o final da semana, apesar do ar fresco em crescendo, conseguimos aguentar o embate, recorrendo aos quilos de lã, aos agasalhos para salvaguardar as extremidades a descoberto. O Sábado amanheceu novamente com a luz amarela a espreguicar-se devagarinho pelos sete cantos, acariciando casas, beijando os rostos dos mais afoitos ou necessitados...

Retomei a habitual corrida pelo parque, aproveitando o raio prometido pelo sol, a clara luz doirada que envolvia a natureza, foi elevando o espírito em apoteótica ebulição. Pela mata foi cruzando com atletas, presenciando o bulício dos patos pelo intenso prado verde junto ao lago, pessoas pelo meio captando imagens a troco de migalhas e do deslumbramento das crianças, qual cenário maravilhoso para a banda sonora que entoava no meu mp3...

Depois do apuro da forma, nada melhor que o apurado repasto para perfeita sintonia e satisfação dos sentidos. Mais tarde, como é preciso por toda a gente a mexer, retomámos as actividades físicas aquáticas dos catraios, regressando ao princípio da noite ao confortado lar, depois da visita ao complexo da catedral da luz (não à Igreja, que isso deixamos para o 7º dia)...

Ainda antes da saborosa Ceia, a anteceder o excelente serão de futebol televisivo, foi preciso dar a assistência devida aos progenitores, serviço comunitário e familiar muito importante para nos ajudar a sentir uteis e reconfortados perante o reflexo dimensional que nos faz sentir o pulsar e a razão da nossa vida.

Chegados às 9h da noite, com o cachecol pendurado no pescoço, ninguém me conseguiu desviar o olhar embevecido do écran, só mesmo o pequenino que teimava em ter um parceiro para as cartas e insistia até à exaustão naquele desafio...
O Estádio dos Arcos, situado no alglomerado piscatório de Vila do Conde... estava repleto de público, com o gélido ambiente noctígavo atenuado pelos audazes e calorosos assistentes que, maoritariamente vermelhos, ocultavam o verde das cadeiras que despontam noutros jogos...

E que exibição de luxo, aristocrática noite, demonstração de poder, perante tão arrebatadora audiência, que o Benfica nos proporcionou nesta partida, conquistando uma merecida e nobre vitória neste Condado...
Diante de um adversário que sofrera pouco golos, que nunca tinha perdido no seu reduto, bem orientada e estrutarada para este embate, só mesmo um Benfica, paciente, empenhado, tecnicamente superior e eficaz o poderia levar de vencido. Assim foi, depois de uma primeira meia hora sem grande agitação, mercê da postura defensiva e recuada do Rio Ave, o jogo teve um grande safanão, com o Rio Ave a querer subir mais, a ganhar algum ascendente e confiança, ao mesmo tempo que ficava mais em aberto a contenda e o resultado final...

Na segunda metade entrámos praticamente a ganhar com mais um soberbo golo, pleno de astúcia e oportunidade, na sequência de mais um canto, com a bola a sobrar para o espaço onde surgiu derrompante o Saviola, ou foi o Saviola que sobrou para a bola, ou foi o espaço que sobrou para tão excelente execução…

O Rio Ave bem tentou, pela Ala direita (em mais de 20 vezes, o César perdeu algumas três ou quatro), mas o Peixoto teve ao seu mais alto nível, atacando sempre que pode, e interveio sempre com propósito, evidenciado a sua larga experiência. O Maxi, talvez pelo deslize da 1ª parte, apenas se quis reencontrar, não sobressaindo em demasia, tal como o Martins que não se soube impor com a acutilância e a mestria habitual. O Aimar entrou muito bem, para ocupar o seu lugar e a última meia hora viu-se um Benfica confiante, a jogar bonito, a todo o terreno, com futebol de primeira, empolgando o público presente, ou empurrados pela massa adepta, como o Jesus fez questão de frisar...

No final todos foram unânimes em reconhecer a superioridade encarnada, mais uma indubitável vitória, e mesmo que não bastasse a vistosa qualidade praticada, a estatística quantifica bem a diferença de potencial e justifica o resultado alcançado. Posse de bola a rondar os 57%, 9 cantos contra 1. Os goleadores-mor não estiveram inspirados, o Tomás não se viu, o Cardozo teve algumas bolas nos pés mas ainda não foi desta que alvejou a baliza, talvez daqui a quinze dias. O Ramires e o Javi, os dois colossos do meio campo estiveram ao seu nível, o diamante negro a ganhar forma e confiança foi crescendo no jogo, o Garcia sempre com a classe habitual. O Luisão foi imperial, e o Saviola pôs mais uma vez a invencibilidade na Sacola…

A sintonia (sinfonia) continua, os campos vão enchendo por esse portugal fora, continental e insular, pois que na Ilha da Madeira, esperamos também encontrar mais uma recepção calorosa e começar a 2ª volta da melhor maneira…
Antes, ainda temos que permanecer retidos no Minho, viajar até à cidade de Berço, que regressou precisamante do funchal, para defrontar o Guimarães, na 2ªjornada da Taça da Liga já na 4ª-feira. Anteve-se mais um jogo emocionante, o Vitória é sempre um adversário incómodo, os embates resultam sempre em partidas bem disputadas e esperamos conseguir um bom resultado aliado com a exibição. Para mais, depois do amargo da eliminação da outra Taça, temos que dar-lhes a provar do mesmo cálice.

Depois da viagem ao Jardim, onde esperamos também vingar o resultado infrigido na primeira volta, regressaremos a Vila do Conde, para mais um jogo de Taça, e voltaremos finalmente à CATEDRAL, já no final do mês, para jogar de novo, precisamente contra o Guimarães…

Um comentário:

Anônimo disse...

Belíssimo post!
Carrega Benfica!