quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Sai 1 bola de berlim sem creme!
Hertha Berlim 1:1 Benfica
A semana apareceu embrulhada em papel cinza, a chuva bateu na marquise anunciando a ocasião, um vulto furtivo e sombrio entrou pela janela encorajado pelo frio. Num cenário tormentoso, indiferente ao bulício citadino e ao entusiasmo carnavalesco, os dias foram ostentando uma espessa camada cinzenta, ora conservando o semblante gelado, ora rasgando os céus em largos períodos de chuva...
Mesmo que o espírito quizesse juntar-se à brincadeira, mesmo que o corpo pedisse diversão, o ânimo deixou-se abater pela emboscada do tempo, nem os dias de folia, nem o interregno no trabalho, serviram de consolo para disfarçar o inesperado e aborrecido acolhimento…
Mas há sempre alguém que não resiste à tentação, que se deixa levar pelo mistério e ousadia, sai mascarado para a rua à procura de alegria e excentricidade... Pessoalmente, gosto mais das tradições ancestrais que envolvem as pessoas em manifestações populares, como na Guarda ou em Ponte da Barca, em que cada um participa e gera uma corrente encadeada de energia, ao contrário de ficarmos impávidos e agasalhados, a olhar as lantejoulas, as pernas nuas e esguias ao som de um samba remexido.
Para lá das festividades, do começo da Quaresma - tempo de reflexão e recolhimento com vista a uma frutuosa revisão de vida, era uma semana de jogos na Uefa, com as três cores lusas mais representativas, a entrarem em acção. O resultado foi diferente, em distintas latitudes, apesar do magro pecúlio alcançado, mas todos esperamos que se confirme o pleno com a passagem à próxima eliminatória, depois duma conseguida e consequente segunda oportunidade.
Na verdade, mesmo com a vitória na mão o FCP não pode afrouxar na sua pretensão, e o SCP trazendo uma derrota mínima deve acreditar que é possível a inversão. Quanto ao Benfica, mesmo nem sendo preciso ganhar, um resultado folgado é o minímo que pedimos para passar à seguinte ronda. Mas eis a versão dos acontecimentos de Berlim na minha modesta opinião:
Depois de um dia extenuante, embrulhado no mesmo papel cenário, bucólico tempo do fim de Fevereiro, apanhei boleia para atravessar a escuridão da cidade e entrei mais rápido para a relaxante e íntima hospedaria. A refeição suculenta, rica em paladar e colestrol, batatas fritas com hamburguer, para gaudio dos acostumados clientes, antecedeu o jogo da noite gelada de Berlim...
A todos ouvimos a repetição exaustiva da estatítica dos últimos jogos em território alemão, que seria desta que mataríamos o borrego, perante a fragil carreira da equipa visitada. E o Benfica, concerteza, aceitou o favoritismo, estaria lá para demonstrar a sua superioridade, conseguir um bom resultado, arrumar de vez com a eliminitória.
E com tanto optimismo, perante o desolador ambiente, num estádio quase vazio, também nós assumimos a supremacia, para mais, com o golo madrugador, brilhantemente alcançado pelo predestinado Di Maria, goleador das terras germânicas, era incontornável não pensarmos num resultado vitorioso...
O Carlos desmarcou com grande classe o Di Maria e este finalizou com grande galhardia; o futebol do Benfica ia chegando para as encomendas e para os receosos adversários, mas os jogos só se ganham no fim e é preciso que haja sempre grande afinco e entrega para qualquer eventualidade...
O estado do terreno, as baixas temperaturas não servem de atenuante, é certo e sabido que estas equipas, qualquer uma, se começam a ganhar confiança, a esplanar o seu futebol, agigantam-se e motivam-se até à exaustão, por isso o Benfica não podia baixar a intensidade do seu jogo, não devia gerir o esforço, abrandar a atitude, e foi isso que começou a acontecer, com a repentina e facilitada vitória na mão...
Claro que o golo do empate, meia hora depois, foi alcançado com sorte, mas houve outro lance na 2ª parte em que, só por azar, não ficámos em desvantagem. Isto porque demos aso a que o Hertha pudesse galvanizar-se e jogar com rapidez. O Di Maria, depois do golo, desapareceu, nunca esteve numa cadência certa, reaparecendo mais no final. O Cardozo não deu uma para a caixa mas também as bolas não lhe chegavam em geito de finalização. O Saviola tentava furar, driblar, fazer jogar, mas esteve sempre muito desapoiado, parece que a equipa já não sobe em bloco e defende unida, existe uma maior dispersão e alongamento, e ao mesmo tempo parece que estão a surgir mais espaços na rectaguarda, junto da laterais, onde o César e o Amorim também não foram muito consistentes (o Ruben parece que ainda não apurou o físico), pois não basta só subir no ataque é preciso ajudar na defesa...
O Ramires pela sua bravura e impenho foi amarelado e vai ficar de fora no segundo jogo, mas não foi sancionada a falta sofrida na área, mesmo que pudesse ter tentado outra solução, uma vez que surgia sozinho, ainda asim, foi dos mais inconformados, num terreno que não era de eleição (não o era para nenhum dos jogadores mas tecnicistas encarnados), mas com a tarimba e a experiência adquiridas, deveríamos adaptar-nos com mais facilidade às exigências de cada partida…
O Benfica ainda está a crescer na Europa, ainda não está totalmente curado das feridas dos recentes desaires, a mentalidade ainda não está tão forte que permita enfrentar com brio e eficácia qualquer desafio além fronteiras, sente-se alguma quebra esporádica e momentânea na confiança, que devia acompanhar toda a equipa, em qualquer parte do continente...
Esse fantasma ou pressão dos antepassados, deve ser combatido com o orgulho de já termos demonstrado ser um grupo coeso e vencedor, antes enaltecendo e honrando o emblema estampado na camisola que apela à luta de todos por um - pela briosa Instituição.
O Aimar veio trazer mais posse de bola, um futebol mais largo, já o Filipe não entrou muito crente das suas capacidades, algo lento de movimentos e foi assim, com esporádicas chegadas à área, sem conseguir criar grandes oportunidades e pormos à prova a defesa contrária, que a espaços fomos impondo o nosso poderio, mas sem evitar um final mais pereclitante, já com o Miguel em campo, com a bola a rondar a nossa baliza, vítimas do nosso esmorecimento e falta de imposição em todas as fases do encontro.
Foi assim, num jogo gelado como o tempo, envolto na brancura da neve em redor do relvado, com alguma mágoa por não termos já tudo decidido, que entrámos pelos quartos adentro, primeiro deitando os catraios, lendo uma história bíblica - Bom Samaritano, tentando explicar que existe sempre um lado bom num ser humano, finalmente entrando pelo sonho e pelo encantamento da noite, com esperança que o alvor nos traga um novo dia…
Foi importantíssimo para nós termos antecipado o jogo com o Leiria, para termos mais dias de treino e descanso, prepararmos bem o jogo, fisica, tática e mentalmente para o embate de terça-feira...
Nessa perspectiva, todos os associados, simpatizantes e fervorosos torcedores esperam um jogo fulminante, isento de ansiedade, mas com uma grande postura e imensa vontade de ganhar, para fortalecer a nossa esperança, alimentar o nosso ego, estabilizar a nossa mentalidade, seguirmos em frente na Europa do futebol… Força Benfica!
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Um comentário:
BOm BLog
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Força Benfica
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