domingo, 21 de março de 2010
Tão natural como a sede (de títulos!)
Benfica 3:0 Porto
Depois da satisfação de 5ª-feira à noite, pela espectacular vitória alcançada em França, corolário duma soberba e convicente exibição, havíamos de concluir a semana com mais um dia de trabalho, também o último de inverno, numa 6ª-feira instável, envolta de nebulusidade, mesmo que o calor se adivinhasse afagado nas entranhas do céu. Logo ao acordar os filhos vieram desejar-me um dia ainda mais feliz (Dia do Pai), como se já não fosse o bastante, trazendo consigo uma prenda valiosa, juntamente com um beijo e um sorriso (ocultando a cumplicidade da mãe).
À noite (o dia passou num abrir e fechar de olhos, mesmo com a fadiga e o absorto visionamento do écran), vieram as prendas mais emotivas, as ilustrações fantasiadas com lápis de cor, as frases escritas com a tinta do sentimento, veio o jantar em família, o abraço cheio de gratidão ao meu Pai. Os descendentes, também cumprimentaram o avô patriarca, débil mas altivo por ver a continuação da sua casta linhagem.
O fim-de-semana começou chuvoso, o sábado despertou com o barulho insistente das gotas que fustigavam o beirado. O inesperado aguaceiro não foi suficiente para estragar o desfile anunciado da Primavera mas obrigou-me a alterar o local da prática físico-desportiva. Sem sair, fui caminhando ao sabor do pensamento, ao som duma melodiosa sintonia, até que mais de 300 calorias depois, a troco dum banho retemperante recebi redobrada energia.
Já com estio lá fora, saimos finalmente da toca, fomos comprar as amendoas e os ovos recheados de chocolate, embrulhar os doces folares da Páscoa, cheios de saúde e alegria, para entregar aos amigos, família e com especial carinho aos afilhados.
A tarde foi preenchida com natação, a noite com a habitual visita familiar. A primeira noite primaveril estava com uma brisa amena, convidativa até para uma breve caminhada, depois do conhaque servido a ver o Inter marcar passo na revalidação do título italiano (afinal o Milan não fez melhor) e antes do regresso para o descanso do serão.
Quando voltámos à rua, na manhã de Domingo, ainda se notavam alguns farrapos de nevoeiro que encobriam o alto da cidade, ainda tinha pensado ir fazer a travessia pedestre da Ponte, com o filho mais velho, mas as condições climatéricas acabaram por servir de desculpa para a inércia e indecisão. Seguimos na direcção oposta, fomos antes preparar a passagem para a Páscoa, pedir a Deus as melhores graças em troca da sua glorificação, fazer uma caminhada frutuosa de arrependimento e conversão.
Claro que fomos os primeiros dos pecadores a recusar atirar uma pedra para a mulher pecaminosa, apesar de procurarmos seguir nos caminhos da rectidião, expondo a nossa alma à pregação divina, cantando hossanas a Nosso Senhor, Jesus Cristo, nosso Pai que está no Céu.
Depois de levantar o nevoeiro, o sol começou a despontar, mesmo sem raiar na sua plenitude, permitindo que os espaços de lazer, relvados e locais de diversão fossem muito procurados para a actividade desportiva ou momentos de relaxe e descontração. A meio da tarde também nós quisémos sentir a evasão e fomos ao Parque dar alguns pontapés na bola, tentar cansar o corpo, aproveitar o salutar reencontro com a natureza em geito de brincadeira e diversão…
Com o entardecer prestes a anunciar a noite dominical, passámos pela casa dos progenitores, para uma visita afectiva e paternal; e logo de seguida, tomámos o rumo de casa, onde já chegámos, em cima da hora do início da grande final algarvia.
O Jornal da tarde de conta de alguns incidentes, entre os ferrenhos adeptos, que seguiam numa extensa fila de Autocarros desde o norte do país. Desde logo se percebeu, do nervosismo instalado, exacerbado frenesi entre clubes rivais. Os diferentes maldizeres nos cachecois, de ambos os adeptos, a juntar com o maior rancor estampado no rosto dos portistas, que espelham o sentimento contra o encarnado. Toda esta tensão, inflamada pelos dirigentes e fazedores de opinião, que se agarram às passagens dos tuneis, à justiça dos respectivos orgãos, para explicar os maus resultados, condicionam o envolvimento e a abordagem ao jogo. No Estádio do Algarve, o ódio inflamado continua nos olhares circunspectos de todos os técnicos e dirigentes, acabando dentro das 4 linhas com o Bruno Alves, lançando chamas nas reiteradas asneiras e atitudes inconsequentes.
Mas os jogadores encarnados estão numa fase acima de qualquer rebuliço, imunes a estados de guerrilha ou simples provocação. Começaram o jogo concentrados, decididos a levar de vencida a partida, conquistar de novo o troféu. O Porto, apesar de algum favorecimento e “caseirismo” do Árbitro (em lances mais disputados ou não apitava ou arbitrava sempre em benefício do Porto), mesmo que tudo se desenrolasse mais no centro, até foi a equipa que começou melhor, mantendo sempre uma atitude muito competitiva e concentrada, mas o Benfica, numa excelente fase, respirando confiança, com uma grande capacidade, haveria de aguentar o ritmo, mantendo sempre o equilibrio, espreitando qualquer oportunidade.
E eis que, quando menos se esperava, depois dum pontapé do meio da rua, o grande líder espiritual do balneário azul e branco, não esteve à altura no desempenho profissional no terreno: saber defender as redes, sofrendo um grande “peru” (a ave maior da capoeira), numa das suas piores fotos da galeria; o Amorim, com muita fé, punha assim o Benfica na frente do marcador, com a taça ali tão perto.
Depois do golo, o Benfica conseguiu segurar melhor a bola, manter mais serenidade, sempre com o adversário a querer lutar, mas sem grandes possibilidades nem determinação, aliás, o desnorte está bem patente nos jogadores mais emblemáticos do FCP, que não conseguem disfarçar a perturbação que reina para os lados do Dragão. Só consegue ser humilde quem está seguro de si próprio, a arrogância não é para os que têm confiança em si mesmos mas antes é apanágio dos fracos de espírito e de intenção.
O Jogo foi muito aguerrido, o Quim apesar de tudo não teve que se aplicar muito, a bola rondou mais o grande círculo; afinal o Ruben Micael, não é um super heroi ou está acusar a cruz nas costas. Já no Benfica, o Airton mostrou, mais uma vez, o seu poder e qualidade, dominando no seu território táctico, o Maxi esteve muito compacto e interventivo, tal como o Aimar, e não merecíam a sanção amarela, pelos menos sem reciprocidade; o Kardec esteve muito bem, correu bastante, é muito mais volante que o Cardoso e tem grande presença na área, a mesma astúcia para o golo, mas o seu esforço, em prol da equipa, haveria de atraiçoar a sua capacidade física na parte final. O David e o Luizão estiveram ao seu melhor nível, o Fábio está cada vez melhor, é muito rápido, quer a atacar quer a defender, mesmo que às vezes tenha que ser ainda mais prático na defesa. O Carlos Martins esteve menos em jogo, mas marcou um golo portentoso, a mini barreira favoreceu o resultado mas o remate foi bem desferido e alcançou um golo de belo efeito, mesmo à beira do intervalo.
No segundo tempo, as cadeiras começaram a voar sobre a baliza do Quim, à falta de bola, os fervorosos super dragões, queriam marcar golos com o plástico, mas depois de alguma azáfama, sem grande resultado, resolveram dar mais uma oportunidade aos atacantes. O Ruben Amorim ainda melhorou na segunda parte, encheu o campo, está em crescendo de forma, é um polivalente, com maior à vontade no meio do campo, e o jogo foi arrastando-se até ao final, perante um progressivo entusiasmo do público, maioritariamente vermelho, que aplaudia e entoava a sua alegria quanto mais se antevia o efusivo desfecho.
Para terminar em beleza, em grande apoteose, ainda houve mais um golo, com uma jogada fabulosa do Amorim, e o golo da ordem do oportuno e goleador Cardoso, só para manter a pontaria afinada e o pé quente para o jogo que se segue...
O Rui Costa e o Jorge Jesus, mesmo depois de mais uma brilhante conquista, da revalidação do troféu, mantiveram um discurso sóbrio e objectivo, vincando a sua ambição na vitória da Liga, quase que assumindo com naturalidade mais esta vitória, perspectivando os jogos que se seguem na Liga, apontando para o sucesso esperado, festejar com redobrado regozijo e exaltação o triunfo no campeonato.
Apesar do desconforto, mau estar geral, nas hostes portistas, o Jesualdo até conseguiu ser simpático e calmo nas entrevistas no final, já o J. Jesus não disfarçou a comoção na hora de dedicar esta conquista, comovendo-se com a homenagem que prestou ao seu pai…
Depois da saborosa vitória, demonstração de valor e superioridade, hegemonia interna, temos uma semana para preparar o jogo com o Braga, com grande tranquilidade, para no sábado, perante a afluência massiva e calorosa dos adeptos, com grande voluntarismo e crer dos jogadores, podermos dar mais um passo importante na concretização desse glorioso objectivo, tornar real o sonho maior de sermos os campeões da nação!
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Um comentário:
Uma saborosa vitória. Mas quem diria que fiquei mais feliz eliminando o Marselha (e mais ficarei com um triunfo sobre o Braga) do que vencer o rival Porto? Votei no blog para o Superbock Awards; também concorro na categoria generalista e sou benfiquista... que tal um votinho? lol.. Continuação de uma boa sermana (especialmente um feliz final de sábado)!!!
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