Benfica 2:0 Sporting
Depois da tristeza provocada pelo desfecho da eliminatória na noite diabólica de Liverpool, terminado o sonho europeu com um derradeiro grito em anfield, o fim-de-semana chegava derrompante, envolto de calor e luminosidade, fazendo brilhar o esplendor da Primavera...
O Sábado trouxe a corrida, depois do corte de cabelo, feita pelo circuito de manutenção, por entre os plátanos cada vez mais portentosos, atravessando o bosque pelo meio das estevas, sargaças e outros arbustros floridos que emergem na cumplicidade do pinhal…
Pela tarde fomos às piscinas, para prática da respectiva modalidade. No entardecer passámos pela assembleia religiosa, com a convicta predisposição de testemunhar o (re)aparecimento de Jesus, ávidos duma certeza que, mesmo sem ver, nos faça reciclar a esperança. Já com o pôr do sol à vista seguimos para uma festa de aniversário, com o intuito de comemorar a felicidade da vida, o dom que nos abençoa em cada dia, exultando a fraternidade numa autêntica e salutar partilha de sentimentos…
No Domingo, a temperatura continuava exorbitante, demos uma volta por Lisboa, visitámos mais um fresco e airoso parque, com água e arboredo, situado no meio da cidade, preterindo a procura avassaladora da Costa, o movediço areal das praias da Caparica.
Entretanto, as horas escasseavam antes do recomeço duma nova semana de trabalho, um novo período escolar e, quase sem darmos conta, a Segunda-feira entrava pela janela, numa forte luz solar, disposta a afuguentar a preguiça, trazendo a energia para abrir a porta e superar os desafios que houvessem para enfrentar.
A terça-feira chegou, as rotinas iam-se impondo, as alterações metereologicas foram prevalecendo, mesmo que pela manhã apenas se vislumbrasse um céu enevoado e farrusco, o sol ainda haveria de romper, pela espessa camada nebulosa, depois do almoço, só no final da tarde apareceu a chuva fina mas persistente, refrescando o solo e refrigerando o ambiente…
Mas nada me fazia refriar os ânimos em dia de derbi no sul, com um jogo capital, por ordem de razões inversa, o Sporting para estancar a sua depressão, manter a sua dignidade, o Benfica por ambições maiores, reparar o orgulho, uma alma com tanto para conquistar, de tal modo, por de trás do esmorecimento temporal, conseguia alcançar um panorama deslumbrante...
Antes de entrar pela noite, com a lua oculta na negrura do véu soturno, a viatura de casa veio apanhar-me no trabalho, uma vez completo o quadro familiar, fizemos a última etapa até aos confins do sagrado refúgio, local privilegiado para visionar mais uma emocionante partida de futebol…
Depois da Janta, das tarefas caseiras dos mais velhos, dos trabalhos de casa dos mais novos, um reencontro a três na sala da tv, com uma fatia de bolo partilhado. O Jogo era de resultado imprevisivel, desde logo pela entrada do Eder que fazia prever menos fulgor, depois, porque o desenrolar da partida trouxe uma maior indefinição, gerada pela aguerrida postura leonina ou originada pela manifesta impotencialidade encarnada.
A emoção aumentava e eclodia pela sala, em forma de gesticulação e vocabulário, a impaciência era em proporção inversa da acutilância do adversário ou da nossa passividade, a disputa era aguerrida no meio do campo, a bola apenas sobrevoava com perigo as áreas, maioritariamente na marcação de livres, foi de canto em canto que chegámos ao apito intercalar; o score favorável aos visitantes, que foram para o descanso com 7-6, era merecido, pela atitude demonstrada, até por aquela reveladora superioridade.
O Benfica não conseguia segurar a bola, fazer o jogo estonteante e massacrador habitual, o Fábio e o David foram dos mais inconformados, o Luisão cumpria serviços mínimos, o comboio dos duros, Ramires, aguentava muitos dos embates, o Javi, foi talvez, dos que sentiu mais dificuldades com a dinâmica adversária, mesmo que todos mostrassem empenho, não vinha ao de cima um grande acerto colectivo...
Mas como o catedrático Jesus referiu no final, as "pilhas" do Sporting não podiam durar 90 minutos, com a entrada estudada do Aimar, soltou-se a magia do futebol, seja pela quebra física do colectivo leonino, seja pelas melhores capacidades técnicas e maior robustez mental do Benfica, o jogo começou a pender para os encarnados, a bola começou a rolar, os passes a sair, as vistosas jogadas a aparecer, a equipa a catapultar para uma boa exibição, os adeptos a acordar para mais uma noite maravilhosa, cheia de luz, vibração e cor…
Nem mesmo a chuva que quis participar no evento, que fustigou os jogadores quase durante todo o encontro, foi motivo para uma noite de futebol menos exuberante. No final, com uma alegria imensa, depois do grito ruidoso provocado pelo lance do primeiro golo, uma jogada magnífica do Ruben Amorim, que provocou a assistência fatal do Fábio para o encosto fulminante do Cardozo que, mesmo ao pé cochinho, passou novamente para a frente dos melhores marcadores.
Depois disso continuamos a praticar bom futebol, o Aimar a pautar o jogo e a fazer jogar, até que num lance de insistência, o Ramires desmarcou o Aimar, este isolado, puxou dos galões, driblou o guardião e fez um magnífico golo, "espetando o ferro" já num atordoado leão, pondo a sua chancela na vitória, com toda a sua mestria, festejando e enaltecendo a sua importância nesta frutuosa caminhada...
Se foi o Sporting que baixou ou se foi o Benfica que subiu de rendimento, se uma equipa joga o que outra deixa jogar, depois de uma parte dividida e repleta de ansiedade, alcançámos uma saborosa e merecida vitória, demonstrámos, mais uma vez, porque estamos à frente e bem posicionados para seremos os justos e dignos vencedores deste campeonato.
A faltarem 4 jogos (12 pontos), é certo que ainda temos muito que sofrer, correr e lutar, mas passada esta barreira psicológica com distinção e legitimidade (lambida alguma ferida aberta pelo desaire do último jogo), ficámos ainda mais convictos e motivados para ganhar a próxima batalha, na cidade de Coimbra... centro de uma Pátria que precisa do alento desta alma... de um Benfica campeão!
Força Benfica!
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