domingo, 24 de outubro de 2010

O desejado regresso à (quarta) vitória!





Portimonense 0:1 Benfica

Depois do desaire na alta-roda europeia, para a qual ainda não afinámos o preparo e a mentalidade, regressávamos ao campeonato caseiro, mais acessível, para esplanar as nossas potencialidades, visando um crescimento mais compacto, processos mais intensos e sintonizados...

Lá no sul português, deste modesto cantinho ocidental, onde a competitividade anda arredada do vocabulário dos treinadores, onde amealhar pontos é palavra de ordem em detrimento do espectáculo e da procura da vitória...

Antes disso, chegava mais um fim de semana, aproximando o final do mês, a friagem das noites longas de Outubro, encurtando a durabilidade do sol, que por teimosia, ainda foi trazendo os bons dias, pela manhã, a toda a cidade…

Aproveitámos essa claridade dourada, no duplo descanso, para actividades desportivas, aceder a convites festivos, convívios familiares, fazer visitas aos doentes, os que vão perdendo as forças e vitalidade, desamparados e esmorecidos na sua lenta agonia e prostração…

Sábado, começou com a natação, no acostumado complexo da Luz, e continuou, com o almoço permeio, com um encontro de basquet, entre equipas da região, para inciação dos mini-basquetebolistas nos meandros da modalidade. Antes da noite, dos momentos de festa em alegre comunhão, partilhamos a nossa presença e carinho com o progenitor, e foi já no enlear das trevas que entregámos o ser numa doce leveza…

Domingo, espreguiçou-se na paz doméstica, apenas o bulício da formatura caseira, para os pequenos acabarem de cumprir as tarefas escolares, com ajuda superior e uma leve indisposição. O sorriso voltou aos rostos franzinos quando, pelo meio da tarde, regressámos à ribalta das festas de aniversário, ao frensim das brincadeiras, com direito a palhaços e animadores profissionais… Claro que tudo isto foi depois do cumprimento das obrigações familiares, da assistência que é devida aos mais velhos, da amizade que é preciso devolver em forma de graciosidade.

A noite chegava fria, a lua surgia na aragem campestre, num brioso círculo de brancura por detrás dos pinheiros, anunciando a magnitude e a rotatividade do tempo, espreitando o salutar convívio e alertando para a hora de regresso aos aposentos. Entre cânticos e balões, a emissão televisiva foi transmitia o calvário leonino, e  antes que assistisse ao golo da salvação, já eu vinha a caminho de outro estádio, do confortável sofá em frente do meu admirável televisor.

Cheguei mesmo em cima do apito inicial, ainda inquieto com o assentamento e a acomodação devida para este ritual, de extase e nervosismo. Os primeiros instantes trouxeram um Benfica algo receoso, vagaroso na circulaçãode bola e na construção de jogo, um ataque pouco incisivo e dinâmico na procura do golo.

Elas não matam, mas moem, o abalo de Lyon, como qualquer descalabro ou voz crítica, é sentido, no Benfica, de uma forma avassaladora. A exigência e a responsabilidade são enormes, o processo de cura e moralização são morosos, obriga a uma nova maturação. Claro que o passado recente dá-nos outro estatuto, mas o começo desta época, periclitante, trouxe de novo ao de cima, a pressão e ansiedade que está sobrejacente a esta instituição.

Contudo, o Portimonense estava demasiado defensivo, atrás da linha da bola, muralhas sucessivas e alinhadas, mas o Benfica não entrou com a confiança doutros jogos, a todo o gás, mesmo que a posse de bola fosse esclarecedora, o futebol não fluia, as disputas de bola e o delinear das jogadas não eram tão convictas. Apesar de tudo, a coesão defensiva veio ao de cima, foram visíveis os desempenhos na rectaguarda, mesmo que o Roberto não tenha sido posto à prova pela armada ofensiva de Portimão.

Um jogo deve assentar, sobretudo na solidez defensiva, é importante estabilizar esse sector para lograr outras ambições, ajustar os índices de confiança aos grandes objectivos deste clube. Tudo isto tem que ser feito à custa de uma grande entrega, mas também tranquilidade, mas nem sempre se consegue conciliar empenho com genealidade ou afinco com resultados…

Depois desta explicação metafísica, existencial, de volta à terra, à sala da minha casa, eu via os jogadores a correrem com a bola, mas não via criarem grandes oportunidades na povoada defesa. O César ia disfarçando a ausência do génio, o David fez uma demonstração do porquê canarinho, discípulo à altura do compatriota do lado, apenas quando o Javi não fechava com pericia todos os trincos da área. Os homens do meio campo, iam tentando pautar o jogo, distribuir a bola, mas o físico, o descernimento e o entrosamento não estavam muito bem afinados. O Mago, está com uma dispobilidade sem igual, mas está com defice de magia, O Martins está com muita vontade mas ainda lhe falta mais velocidade, o Gaitan está a pegar de estaca, é dos que vai conseguindo levar a bola até à area, em rasgos fulminantes, mas depois falta-lhe outra objectividade. O Saviola está a adquirir mais confiança, já consegue fazer alguns slalons mas ainda não é o suficiente para entrar pela baliza a dentro.

Muitas bolas paradas depois, lá conseguimos marcar, numa altura em que o sofá estava já superlotado, e eu fazia uma especie de relato, para suprimir as minhas apreensões. O Javi, fulgurante (fez lembrar um jogo contra a Naval, na Luz) atirou para o fundo das redes do intransponível Ventura. Logo depois (um golo faz toda a diferença), num centro de Gaitan, o Kardec podia ter consolidado a vitória, mas quis a história do jogo, que esta se fosse arrastando até final, sem alteração no marcador.

Até lá, registo para mais uma jogada, que iniciou com um passe rasgado do Gaitan para o Maxi que centrou para diante da baliza, mas o Jara não conseguiu empurrar, e noutro lance, na recarga doutra oportunidade negada ao Kardec, em que o Jara chutou para cima com a baliza escancarada.

Foi este o filme do jogo, um Portimonense que pouco arriscou, um Benfica que foi fazendo por merecer a vitória. Esta vem trazer-lhe outro alento, um pleno de quatro jogos sem sofrer golos, visando a sua recuperação anímica e pontual. Na próxima 6ª-feira todos esperamos uma atitude positiva, mais uma prova de superação com vista ao triunfo, uma dinâmica mais enérgica e dominante para repor a confiança e a motivação!

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