sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Mão cheia de vitórias, sem sofrer golos!



Benfica 2:0 P. Ferreira

A semana foi atrasando o crepúsculo da madrugada, comprometida já com o abandono de Outubro.
Um fim anunciado, que começou nublado e chuvoso, mas com a luminosidade dourada a voltar para aclarear as ruas e os olhares; antes do regresso impetuoso da chuva, que veio impôr a sua presença, fustigando a cidade...
O fim de semana trazia, pois, consigo, a despedida, num ritual demorado, de mais uma hora e com um dia de folga extra, para entrada assinalável no mês de Novembro.

O Benfica jogava 6ª-feira ao cair da noite, numa hora em que o temporal, feito sentir durante quase todo o dia, tinha amainado, mas a notícia de novo internamento hospitalar do meu querido pai, no final do horário laboral, atingiu a minha alma como se uma estrondosa e sonora tempestade se tratasse. Sem demora, galguei a colina, juntei o sacríficio com o imenso amor que nos faz mover montanhas, e cheguei perto do progenitor, quedado, indefeso e frágil numa cama, ligado ainda à vida, ecoando já um grito sofrego, num corpo moribundo, num aperto de mão frio, sintonia duma vida inteira, num acto tão singelo mas tão intenso duma sentida despedida…

Quando me afastei em direcção de casa, veloz e desconcertante, o Benfica já tinha iniciado o jogo, a esperança que as forças do pai ainda chegassem para suportar e prolongar mais a existência, já muito sofrida, faziam-me continuar a desviar as atenções pela superficialidade que constituie um jogo de futebol.

Enquanto esperava o metro, fui espreitar o ecran de televisão e, antes da viagem, ainda tive a oportunidade de assistir ao primeiro golo do Aimar, jogada apenas conseguida por um presdestinado com dom de magia. Já em casa, no aconchego familiar, gerador de um calor paternal, visionei o resto do jogo, com o Paços a dar muita luta, mas com o Benfica a cerregar e empenhar-se por conseguir mais uma vitória, não permitindo que a bola entrasse na sua baliza, onde esteve o Roberto, com excelentes intervenções, e um meio campo muito interventivo, apesar do entrosamento e da velocidade ainda não atingirem o ideal.

Foi assim com a noite cerrada, com a alma ferida, com uma ligeira alegria pelo resultado conseguido, qual ínfima miragem dum deserto ainda por percorrer, áridos obstáculos de inesperado sentimentos quando os laços de ternura começavam a desmoronar…

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