sábado, 16 de outubro de 2010

Um aceno à Taça de Portugal!



Benfica 5:1 Arouca

Depois de duas semanas de interregno nas competições internas, após a ascenção da selecção, na credebilização do timoneiro e moralização da companhia, eis que o futebol regressava novamente aos relvados do país, e logo com os confrontos sempre apetecidos do povo, para a Taça de Portugal.

O tempo dava mostras de alguma temperança, mesmo com a claridade enleada pelas tonalidades do outono, a natureza ia amarelecendo na brisa solarenga e prazenteira...
Contudo, a velhice dos progenitores, que foi avançando nesta mansidão, outonos a fio, dá mostras de uma fragilidade sem igual; os dias cada vez mais sofridos, passados na enfermidade, deixam adivinhar uma acentuada friagem, momentos de alma gelada, a vinda dum temporal, sem previsão de alcance e devastação…

Apesar de tudo, o sol apresentou-nos mais um fim de semana, desbravando mais dois dias de descanso, cumprindo o rompimento outonal, frisando a nossa pobre condição. O Governo vai denunciando o desequilibrio financeiro e aumentando a austeridade social. Severas medidas sobre a economia familiar, que vão minando a estrutura e ambição da sociedade, assente em tantos sonhos e consumos, forçando alterar prioridades e modos de vida…

Mesmo assim, o Sábado amanheceu com a azáfama das actividades físicas, desportivas, educação religiosa e moral. As primeiras levaram-nos ao estádio da luz, onde pude fazer um reconhecimento do ambiente para o jogo da noite. A tarde seguiu com a romaria das visitas aos pais, separados pelo infortúnio, em instalações e estados de moléstia diversos, com os netos a darem uma força suplementar, o telemóvel a estreitar sentimentos, um amor que não chega para libertar as emoções tão reprimidas, a tristeza enorme que paira no ar…

Quando retornamos a casa, a noite começava a ocultar a cidade, a meia lua ocupava com nítidez o seu lugar celestial, mas o sossego e a ansiedade não eram tão imponentes quanto a preocupação e o cumprimento das demais tarefas caseiras e familiares. Mesmo assim, fui espreitando o jogo preparatório, com os Limianos operários a darem réplica aos intragáveis dragões, estágio para o jogo grande da noite, no estádio da luz, a mesma que vai aliviando a nossa desgraça e iluminando a nossa esperança...

Porém, uma saida programada, com hora de regresso incerto, fez-me agendar a gravação do jogo, para apreciamento, posterior, da totalidade do embate.  Na verdade, a adrenalina não era suficiente para forçar o visionamento em directo, de tal modo apenas retomei a emissão com o início da segunda parte. O resultado já dava alguma margem para fazer a gestão dos recursos e do esforço empreedido, mas a equipa mostrou-se competitiva a tempo inteiro, sentindo-se, esporadicamente, a ausência dos habituais titulares.

Os laterais foram os mais notórios, na falta de rentabilidade, apesar de ter gostado do Airton, sempre aplicado em funções defensivas, o Luis acabou por ser o elo mais fraco, de um plantel bem empenhado e organizado. O Luisão marcou um golo indefensável; o Gaitan fez uma exclente partida, com grande ritmo, culminando com um golo, numa soberba execução; o Salvio vai tentando ganhar o seu espaço, o Aimar sempre irrequieto e a pautar o jogo, com a bola nos pés, presente em cada jogada, empurrando o Benfica para a frente, com classe, estabilizando o apuramento físico; o Javi também está a subir de forma e confiança, o Kardec a chegar finalmente ao golo para conquistar mais firmeza e eficácia, o Saviola também vai recuperando a glória, enfim, apesar das ausências, foi um jogo conseguido, que nos vai regularizando os níveis de estima e confiança, com trabalho e serenidade.

A jogada do primeiro golo, com tabelinhas constantes e ao primeiro toque, já fez lembrar o jogo que vinha do ano passado, com movimentações constantes, trocas de bola intensas, um tipo de jogo que, só com uma atitude positiva e audaz é possível imprimir.

Por um lado podemos dizer, que foi um bom jogo treino, mas se calhar o Arouca também não é a equipa experiente que nos exigisse ainda uma maior entrega, mas também temos que pensar que são necessários estes jogos para haver maior entrosamento e coesão. Claro que na 4ª-feira, o Lyon será de outra dimensão, outros requisitos e gabarito, mas com a entrada dos elementos mais traquejados, e a manter-se esta dinâmica, com uma confiança e uma vontade enormes, poderemos alcançar um bom resultado…

Foi já pela madrugada, depois de assistir à gravação do jogo, que me ficaram todas estas ilações, não sei se sempre clarividentes, ou fruto de um influenciável sentimento de adepto, com um instinto e fé avassaladoras, mas quanto a isso, já pouco haverá a fazer…

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