terça-feira, 2 de novembro de 2010

Desforra, para ficar entre os campeões!



Benfica 4:3 Lyon

Ainda o alvorecer se estava a espreguiçar no nevoeiro e no esmorecido amanhecer de Sábado, quando do outro lado do telefone, requeriam a presença de um familiar para falar com o Médico. Corri na direcção do Hospital, pressentindo o inevitável e trágico desfecho, chorei compulsivamente quando me vieram confirmar a derradeira sentença.

O fim dum ser magnificente, com um empenho e uma força geradora muito para além da humilde existência. O meu pai, um heroi, combatente até à exaustão, entregando o seu corpo pela minha vida!

Sábado ficou em silêncio, a chuva caiu intensamente, o céu ficou gelado e cinzento, brados de dor que foram acentuando a nossa comiseração e o profundo desgosto.

A noite abafou a tristeza e o esmorecimento, familiares e amigos vieram mitigar connosco o trágico acontecimento, rezando pela sua alma, ajudando a superar a prostração e o embaraço. Antes da marcha funebre, demorada, numa viagem derradeira de volta ao seu recanto da beira, celebrou-se a Missa de corpo presente, mais um hino de louvor e exaltação pelo seu testemunho de vida.

O tempo continuava desconsolado, o clima estava invernoso, apesar da oração nos transmitir paz, garantir a elevação da alma muito para além das nuvens e da atmosfera, onde o astro gira, o universo brilha com todo o esplendor do Deus criador e glorioso.

A cerimónia funebre, antecedida de mais Oração, acompanhada por muitos fieis, veio a realizar-se debaixo de uma intemperie metereologica e sentimental.
Depois dessa fulminante viagem, fomos regressando à vida, ao contacto diário com a dificil habituação.

O sol voltou a estampar o seu rosto amarelo no fundo azul, gerando animo e calor, o mês continuava a sua marcha, desbravando o inesperado, envelhecendo abruptamente a vida de alguns, lentamente trazendo as melhoras para outros, cadência incompatível com a impertinência e a excelência requerida pela humanidade.

Depois de todos os Santos, já no enlevo da cidade, apelarem à religiosidade, à retrospectiva e introspecção da vida, mais um dia, surgiu derrompante, em memória de todos os finados, fieis defuntos, pessoas estimadas e que já passaram por este mundo, presença assídua e pilares da nossa vida.

Nesse dia, no entardecer nocturno, em horas ajustadas para o inverno, jogava mais uma vez o Benfica, em jogo europeu, no seu estádio, em busca de uma desforra, para manter a esperança da sua continuação entre os grande clubes campeões do velho continente.

E eis que o brio foi importante, a atitude mereceu nota boa, à excepção do último quarto de hora, quando os jogadores descomprimiram, encararam com mais facilidade, entraram para colmatar as pedras mais traquejadas, os franceses se sentiram com um trato tão desigual, para limparem a imagem de tanta vulgaridade....

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