domingo, 28 de novembro de 2010

O Naufrago chegou à beira mar!




Beira Mar 1:3 Benfica

Depois do desaire no santo território do oriente, qual remissão dos pecados, retomámos a nossa lide no extremo ocidental do velho Continente, cabisbaixos, no cinzento ofuscante do horizonte...

O sol ansioso por férias, cansado do constrangimento outonal, ausentou-se em largos períodos de tempo, deixando reinar o frio nas profundezas de Novembro...
O fim-de-semana insurgiu-se contra a nebulosa rebelião, mas só conseguiu suster a chuva e roubar alguns lampejos dourados ao sol, que permanecia tímido e frio nas breves aparições...

No abençoado descanso familiar, vamos espreitando o piscar luzidio do natal, as figuras coloridas que iluminam as ruas e o olhar, confortam o coração, sofrido no pesar. Seguimos as rotinas habituais, infringimos o corpo dos gaiatos à actividade física, a mente à educação religiosa, levamos afectos à progenitora, e ainda restou tempo para o lazer, assistir ao jogo de Basquete entre o Benfica e o Sampaense. Depois da difícil vitória, regressámos ao calor do lar, já de mão dada com a noite…

O serão foi caseiro, o tempo e a idade também não permitem grandes veleidades, já a contar com um Domingo madrugador, com energia e disponibilidade. Era o primeiro Domingo do Advento, período propício para preparar a Vinda do Menino Salvador, a um mundo atribulado.
Manhãzinha, atravessámos novamente o Tejo, na direcção das sete colinas, contornámos o arvoredo de monsanto para alcançar as terras mais distantes e refrescantes, passando pelo Palácio de Queluz, testemunhando o acordar, invadindo o feudo daquela gente.

Depois duma extenuada partida de futebol, renhida actividade entre amigos, apesar da ferrugem latente, veio o consolado repasto em família, com a devida reposição de calorias. Voltámos para a região sul ao começo da tarde, com tempo a piscar o olho para um desvio aos confins da península. Dois dedos de conversa, um copo para o caminho, pulmões purificados com o ar da montanha, e o regresso apressado já na ténue luminosidade, com o sentido no televisor...

Na incontornável obsessão, emotividade dissimulada pelas obrigações parentais, à hora da transmissão, lá estava eu à espera do vermelho vivo, mesmo que não fosse no jeito cómodo e tranquilo que só o sofá da sala ou a paz de espírito proporcionam…
Precavendo alguma imprevisibilidade, agendei a gravação, para um visionamento posterior mais detalhado, enquanto me ia embrenhando na observação do jogo…
Depois da hecatombe de Telavive, a postura do adepto para Aveiro era mais expectante, a dos jogadores parecia ser mais empenhada e vigorante, de tal modo as ocasiões de golo foram surgindo, todavia o desperdício já frequente.

Numa altura que todos esperávamos uma metade sem golos, num ultimo folego, em mais um canto, depois de tantos mal aproveitados, eis que a incúria do defesa deu de caras com a sagacidade do juiz, e eis que um penalti, superiormente marcado, com toda a confiança, pelo regressado Cardozo, nos haveria de dar a liderança no marcador, relançar o resultado e a exibição.

O onze que iniciou a partida eram as pedras mais valiosas, a dupla Maxi e Amorim, Coentrão e Gaitan, deram bastante consistência e profundidade ao ataque, mantendo o mesmo rigor defensivo. No meio do campo, o Martins continuava fulgurante e com muita vontade, o Saviola e o Cardozo, entendidos às mil maravilhas.
Com esta dinâmica, um futebol mais apoiado, com a qualidade dos intervenientes, uma atitude mais positiva, o querer demonstrado, no computo geral, fizeram com que o jogo se tornasse mais fácil: claro está que o pontapé indefensável com que o Cardozo atirou a bola para o 2º golo também deu mais estabilidade emocional, ajudou na conquista da vitória….

Mas a postura mais aguerrida que foi imprimida desde o começo ajudou sobremaneira a conseguir os intentos, e esta vitória era importante para reparar alguma quebra de confiança, elevar os níveis de auto-estima, voltar a acreditar que podemos e devemos jogar melhor, lutar por todos os objectivos…
Com a inclusão de três suplentes na frente, por coincidência ou não, estou a lembrar-me do ultimo quarto de hora do Lyon, a equipa fraquejou em entrega e concentração, e daí a obtenção do golo caseiro, de honra para a anfitriã, de castigo para sobranceria e desplicência encarnada (uma vez mais na sequência dum lance igual ao que resultou no primeiro golo em Israel).

No futebol, cada vez mais a mentalidade é um factor extremamente importante, o correr mais que o adversário, a aplicação e o estar motivado. No clássico, um dia antes, o inexperiente Vilas-Boas (cheio de grandes falas e teorias, expulso num lance sem grande alarido), veio dizer que o equilibrio do Porto na 2ª parte derivou do grito de guerra dado ao intervalo, apelando à revolta e a uma maior agressividade, só nesses termos iriam conseguir  dar a volta à supremacia leonina.
Tal como a goleada histórica e humilhante do Mourinho, prodígio Ronaldo e restantes galáticos, em frente da constelação de Barcelona, que se apresentaram supermotivados, com uma vontade enorme de levar de vencida o grande rival, ainda por cima com portugueses.
Finalmente, o Shalk 04, que foi categórico na Liga dos Campeões perante o Lyon, sofreu uma pesada derrota interna.

Por isso, cada vez mais o limiar entre o bom e o medíocre há-de ser uma ténue força suplementar que vigora a mente, o apoio dum treinador contagiante e dinamizador, que saiba incutir ambição, uma forte estrutura psicológica para aguentar todos os embates…
A semana vai prosseguir dividida, depois do festejo da restauração, entramos definitivamente no mês que assinala o acontecimento mais desejado por toda a humanidade, o nascimento do Deus menino.

O Benfica é o primeiro a entrar em acção, na 13ª jornada, já na próxima 6ª-feira. É um jogo importante para continuar na senda das vitórias, de volta a casa, para fazer as pazes com os adeptos, preparar a recepção ao Shalk, onde devemos demonstrar o nosso orgulho e qualidade, a fibra de que é feito um campeão, a vaidade e a classe dos jogadores, a grandeza e a nobreza do clube.

Depois do começo da semana, cumprido o anúncio chuvoso que amanheceu 2ª-feira, assisti, em ecran panorâmico, de volta à sala dos espectáculos, agora remodelada, ao jogo emotivo da catalunha; já com a atenção exigida pelos pequenos, passada a azáfama requerida pelas tarefas do recolher, entregue ao entretenimento, esboçando a efémera felicidade, um futuro mais risonho...

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