domingo, 30 de janeiro de 2011

Vilas conquistadas, voltamos à cidade!



Aves 0:4 Benfica (Taça da Liga: Fase final grupos - 3º jogo)

Depois da noite de 4ª-feira, do voo picado da ave sobre o Rio, a semana continuou com mais instabilidade metereológica, logo na calada da madrugada...

5ª-feira amanheceu molhada e fria, de rosto triste e acabrunhado... mas os aguaceiros foram dividindo com alguns rasgos de luz o domínio da vastidão...

O final da semana, foi colorindo períodos de céu por entre as imponentes fortalezas nublosas, pintando arco-iris, aproveitando a natureza para um quadro de louvor ao Cristo Rei.... até que o entardecer de 6ª-feira ancorou numa ampla lagoa celestial, colossais nuvens delineavam as margens rochosas, num contraste único e arrebatador...

O sábado amanheceu com uma face sorridente mas traiçoeira, para quem substimou o agasalho na luminosidade da rua, pelo menos a que desceu ao circunscrito perimetro do bairro, que delimitava o condomínio, com reunião geral agendada para debater os assuntos internos...
No entanbto, o tempo chuvoso estava à espreita, ao pé do frio, ambos já tinham posto o meu filho mais velho fora da escola e do pavilhão, quedado no quartel em fase de convalescença, apenas restava o soldado raso, para continuar os exercícios fisicos dentro da piscina…

A longa tarde de sábado, depois duma escapadela até ao solarengo campo da Quinta do Conde, foi passada entre quatro paredes, em missão caseira, acompanhamento moral ao adoentado e estudo apoiado ao mais novo, enquanto redigia a acta sobre o estado daquele pequeno aglomerado e da sua vida em comunhão…
Antes do deitar ainda me inteirei do desfecho trágico do rival nortenho, afastado da Taça da Liga, do lamber de feridas que não chegam para consolar o leão, e os olhos fecharam-se cansados, ao abrir as portas dum mundo encantado, repleto de sonho e de amor….

O Domingo, deslizou por entre os raios de sol, até à janela do quarto, depois do catraio se armar em despertador, tocando sinal de arrebate. Seguimos então os dois os caminhos da linha de Sintra, desviando para ir ao encontro da actividade desportiva, qual passeio matinal de diversão… de tarde permanecemos juntos da luz solar, circundámos o quarteirão para encontrar folhagem para o herbário do pequeno corredor de trotinete…

A hora do jogo aproximava-se, a friura também já se apoderava da escassa claridade, e voltámos para o aconchego das camaratas, para a frente do televisor. Os soldadinhos estavam ali apenas para manobras de diversão, mas o estranho, é que também eu sentia um vazio, no lugar da habitual emoção…

O Benfica apresentou-se, na Vila das Aves (a viagem foi curta para o interior minhoto), desfalcado, mais propriamente, colocando em campo uma Equipa B, com o Sidnei, Aimar, o Javi e o Kardec na espinha dorsal, mais um conjunto de corpos estranhos, procurando naquela oportunidade, uma rápida aceitação, continuar com a mesma vitalidade…
A partida começou desgarrada, com o Aves na expectativa, disposto à aproveitar as sobras, os espaços que o Benfica lhe pudesse proporcionar… O Benfica não conseguia estabelecer grandes ligações, a bola ia avançando aos solavancos, ninguém sobressaía com a bola durante muito tempo, nem mesmo o Aimar…

O Aves está habituado a jogar numa Liga mais aguerrida e desordenada, onde os espaços para pensar e jogar são reduzidos… todavia, apareceu um tal Fernandez, empenhado e com boas indicações, fazendo um centro arqueado para a entrada derrompante do Javi, que cabeceou para o fundo das redes, fazendo o primeiro golo
Então, a quietude com que eu encarara o embate, acentuou-se, com desatenções mais frequentes para os companheiros de quarto, o jogo continuava morno, contagiado pela temperatura ambiente, apenas o público no estádio pulava de euforia, como forma de enfrentar o frio e felicitar a sua equipa naquele reduto da vila… saudoso para o Rui...

É mais fácil para uma equipa inferior, jogar sem responsabilidade, mas o Aves, se quisesse ter pretensões, tinha que o demonstrar com mais arrojo, e nem sempre a pressão é boa conselheira, ao contrário, os pupilos encarnados, queriam mostrar serviço, e foram conseguindo manter um ataque constante, o adversário controlado, mesmo que não fosse evidente o entrosamento e a supremacia…

Ao Kardec, também não se pode julgar a fraca produtividade, muito sozinho e com as bolas ausentes da grande área, é difícil a vida de atacante… Na segunda parte, o golo do Nuno Gomes, foi um exemplo que é mais fácil, estando no sítio certo, empurrar a bola para a baliza, desde que haja um Salvio, que rasgue a defesa e descoordene as marcações, ou que haja mais alguém que apareça no espaço, depois da recarga, como o Jara, para rematar com jeito e convicção para o fundo das redes...

Claro que não são todos os atacantes, que tabelam com tão apuro e precisão, como Nuno, entregando a bola de bandeja para a entrada derrompante do Filipe que, com espaço e posição, desferiu um potente pontapé para fazer a bola embater nas malhas centrais, sem hipoteses para o guardião…
O Filipe jogou muito melhor na segunda metade, mais solto e criativo, a jogar a bola com os companheiros, fazendo uma boa dupla com o César, rendendo mais do lado esquerdo… O outro Filipe, o Luis, não comprometeu, mesmo passados tantos jogos sem jogar e outros tantos que se adivinham...

O Jara já está noutra carruagem, com mais andamento, tal como Sidnei, jogadores com os quais se pode contar a qualquer momento. O Jardel não foi posto à prova, mas foi sério na sua exigente tarefa, serviu para se ambientar, o Moreira fez uma exibição segura, consentanea como seu estatuto e maturidade, e agora ele, e outros que tais, ficam já à espera dum duro teste, a final antecipada com o Sporting, no estádio da Luz

A dupla de trincos, que actuou na parte final, com a entrada do Airton, foi uma estratégia nunca experimentada, espero que não seja já a pensar no jogo do Dragão, o Jesus já sabe que, mesmo jogando a duas mãos, não se devem fazer alterações profundas, até porque, mesmo que deêm mais estabilidade e defendam a entrada da área, os dois são morfologicamente iguais, nenhum tem especial aptência para subir para terrenos mais avançados…

Enfim, com um resultado tão volumoso, mesmo com um adversário fraco, o pensamento dos adeptos começou a ficar logo direccionado para o próximo encontro, a meio da semana, na cidade invicta, a segunda da nação...
Já com as estrelas da companhia, almejamos fazer um bom figurão, mas infelizmente, o gabarito das personagens, não pode ser apenas baseado na fama, temos que entrar em palco com todo o afinco e entusiasmo, para convencer a audiência, para estarmos ao largo de qualquer falhanço, para gaudio dos fãs e de toda a sua dedicação!

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