quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Mui nobre Benfica na invicta cidade!
Porto 0: 2 Benfica (1/2 final - 1ª mão - Taça Portugal)
De repente, passaram cinco finais de semana, a quinta segunda-feira, do novo ano, relançava mais uma, nos confins de Janeiro, um grande 31 para a recepção do Fevereiro, quem sabe, de neve e frio....
O sol, todavia, foi elevando a temperatura, caiando as paredes, beijando as soleiras das casas, disfarçando a timidez e inércia matinal… os filhos entraram no portão da escola, e os pais pela porta estreita da canseira, enquanto as frenéticas nuvens iam atravessando o céu...
Terça-feira acordou, então, o mais curto dos meses, mas a indolência do tempo trazia a mesma fisionomia, o Fevereiro achava que condizia com aquele rosto, obrigando-nos a usar a roupa de inverno, gorro e cachecol...As nuvens iam-se dissipando, tal como os carros nas estradas, enquanto entrava nas repartições, com a mãe, para levantamento do seu renovado estatuto de cidadã, e chegava, tardiamente, ao trabalho, como vai ser ao longo do mês. Nessa altura, já o céu se livrara dos salpicos brancos e farrapos sujos, com o sol estampado na abobada celestial…
A quarta-feira nasceu gelada, depois da noite imaculada ao relento, a cidade recebera cedo a visita solar, a caminhada pelos passeios, permitiu observar a geada que se tinha abrigado nos lameiros do parque da paz, um gelo que se ia desvanecendo na atmosfera e na face, enquanto esperava o transporte colectivo e um lugar ao sol…
Pelo caminho, espreitei os títulos dos jornais, as letras mais graúdas faziam alusão ao encontro de titãs, o 3º round duma época que ainda está a meio, entre os mais fervorosos rivais deste condado; do qual já levámos dois socos fatais, e teríamos que ter uma grande mentalidade, para enfrentar o ambiente adverso sem baquear, demonstrar a nossa força…
O calor foi mantido pelas radiantes calçadas, depois do almoço, e regresso apressado pela noite, na direcção do estádio que estava montado na minha sala de estar. Mas, eis que alguns aborrecimentos e contratempos, com o filho a retroceder na doença, a ter que prolongar tratamento, não evitaram uma atribulada chegada à frente do televisor…
Com a situação controlada, o amor paternal sempre presente, posicionei-me no lugar cativo para apreciar as emoções do futebol. O Benfica fazia uma alteração, destacava o César para o preenchimento central, ao lado do Javi, descaindo sobre a lateral esquerda, sempre que isso o justificasse. Quanto ao resto da equipa, com a substituição do David Luiz, pelo Sidnei e a do guardião da Taça, tudo resto se mantinha, com a mesma bitola e convicção…
O jogo começou dividido, com o Benfica a pressionar alto, as emoções estavam à flor da pele, como são quase todos os jogos entre rivais, principalmente no Dragão, onde os da casa conseguem manter um ritmo muito alto, apoiados pelo seu público, com toda a pujança e fervor… Mas os jogadores encarnados, defendiam que era um primor, e tentavam sair rapidos para o contra-ataque, impondo o seu futebol… E foi num desses lances de insistência que o Coentrão, acreditou e teve o ensejo de desfeitear o Helton que, numa indecisão do Maicon, permitiu ao Fabio empurrar para o fundo das redes, logo no minuto 6.
Este golo, ao mesmo tempo que desnorteava o Porto, era extremamente importante para alimentar a confiança e promover a concentração para o resto do jogo, acreditar que era possível, com todo o respeito, alcançar outro resultado, depois da humilhação anterior. Depois disso, continuamos a jogar coesos, lutava-se muito pela posse da bola, nem sempre tivemos espaço para sair a jogar, o Salvio e o Gaitan fizeram mais um jogo de sacrificio do que de inspiração, mas todos os jogadores estiverem sempre aguerridos e empenhados, em prol da equipa, até o Cardozo teve muito trabalho na frente, muito forte fisicamente, apesar do seu defice de agilidade…
E eis que, na melhor fase dos encarnados, o Javi rematava à entrada da área, depois de um alívio da defesa portista para fazer um belo golo, ampliando a diferença, para grande entusiasmo de todos os adeptos, para minha ruidosa manifestação…
O visitados, tentaram sempre chegar ao golo, quase sempre pelo Hulk, com o Belushi a dar nas vistas, com muito fulgor, mais apagado o Moutinho, o James, não me parece nome de jogador, sem uma referência na frente, sem nenhum goleador…
Havia sempre no ar essa tensão, que, se o Porto marcasse, nos minutos que antecediam o intervalo ou logo a seguir ao reatamento, a história do jogo poderia alterar, mas era sempre furia a mais para pouca produção, mesmo com o Rodriguez em campo, com mais dinâmica, nunca houve grandes oportunidades, porque o Benfica soube fechar bem os caminhos da baliza, com um exibição de luxo da dupla de centrais, o Luisão como o vinho do Porto, e o Sidnei um excelente aprendiz. O Javi, jogo com muita garra, o Saviola bem tentou, mas esbarrava no poderio dos adversários, e o Aimar veio com a intenção de acalmar o jogo, mas também não havia elementos nem frescura, no meio do campo, para o poder fazer…
O Paulo Baptista, apesar do seu traquejo, também não soube ser muito isento, mas quase sempre, naquele ambiente escaldante, ninguém consegue um desempenho melhor, O Fabio ter sido expulso é um critério muito apertado, pois o Sapunaru teatralizou a queda, mas o Belushi que encostou a mão no Fabio, não teve qualquer sanção, tal como no penalti que este “simulou”…
E foi assim, com mais de 20 minutos para o fim que ficámos reduzidos a 10, mais limitados e coesos na defesa, tentando segurar o resultado e o Porto sem muita inspiração, coração e raiva em excesso também são prejudiciais à clarividência, sem grandes oportunidades para nos fazer tremer…
Ao contrário, numa das poucas jogadas do Salvio pelo lado direito, que ainda teve pernas para o fim, resultou um lance, com o Cardozo passando pelo Aimar, a rematar para defesa apertada do Helton, com o pé.
E foi assim, com uma grande alegria, que rapidamente se tornou serenidade, que todos nós digerimos esta vitória, com uma sensação que o Jamor está ali mesmo ao lado, de Lisboa, um grande piquenicão que se avizinha, assim encaremos a 2ª mão, marcado para antes da Páscoa, com muita seriedade e devoção…
Este jogo só vem provar que no futebol, como na vida, não há ninguém insubstituível, não há jogos iguais, nem exibições individuais que atinjam brio sem a união e a força colectivas… O sidnei provou que é um grande central, sem grandes exuberâncias, tímido e discreto, mas muito eficaz.
Não há nenhuma equipa no mundo que consiga manter sempre o mesmo 11 durante muitos jogos seguidos, nessa medida, qualquer jogador é substituivel, basta que a confiança reine no grupo, que haja uma dinâmica de vitória, para o entrosamento e o rendimento virem ao de cima, caso contrário, nunca se descobririam novos jogadores…
Quanto ao César Peixoto, é jogador de selecção, mesmo que os adeptos o achem um pouco desfazado em apuro físico, já nos deu muitas alegrias e golos a marcar, esteve por ex. no jogo do ano passado contra o Porto na Luz, e tem experiência suficiente para se adaptar na equipa, nestas condições...
Achei que o Jesus poderia ter posto o Jara, mais cedo no lugar do Cardozo, porque é mais volante e na mesma possante, mas de resto foi um jogo imaculado, afinal os anos do Treinador ainda são um factor determinante…
No Domingo voltamos ao sul, mais propriamente à pensinsula de Setúbal, para defrontar os Sadinos, que estão muito bem orientados pelo Manuel Fernandes, por isso a necessidade de hastear a bandeira, ter um atitude determinante, trabalhar muito, com o mesmo entusiasmo, são imprescendíveis, para continuar a ganhar…
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