domingo, 16 de janeiro de 2011

Serviços mínimos garantidos!



Académica 0:1 Benfica

Depois da noite de 4ª-feira, a semana envolveu-se num manto branco, tecido pelo frio de Janeiro, arrastando o tempo até mais um final de semana. Embrulhados nessa espessa veste que se abateu sobre a cidade, fomos enfrentando o negrume do quotidiano…

6ª-feira continuou com o mesmo involucro, apesar da folga no trabalho atenuar o fastio, ainda que se afigurassem outras obrigações com a progenitora, assuntos inadiaveis que nos levaram para o saturado circuito de automobilistas que rumavam para a Capital, num ritmo encaracolado até ao interior de Lisboa... Para contrabalançar a demora no trajecto, foi célere o atendimento nos serviços de cidadania, antes da ida à consulta médica para acompanhamento da sua enfermidade…
Depois da atenção maternal, a hora de almoço ditou o corte umbilical, para me dedicar à mulher, que também vinha mais cedo de fim de semana. O ajuntamento deu-se no regaço do nevoeiro, testemunha da partilha de afectos, prolongada, a meio da tarde com a reunião dos gaiatos à saida da escola…

O Sábado estava mais uma vez na ribalta, todavia o encobrimento da neblina sobre as casas, a dissolução da atmosfera em farrapos de humidade… Mas, quais destemidos infantes, seguimos todos os compromissos físicos, no pavilhão e na piscina, deambulando na ponte, privada das priveligiadas miragens… Ainda tive tempo para visitar a Exposição do Eusébio, a grande pantera negra, valioso jogador que trouxe glória ao Benfica e prestigio para Portugal...

A tarde ainda conseguiu negociar alguns raios solares que furaram o circunspecto cenário celestial. Enquanto caminhávamos pela avenida demos de caras com o Cristo Rei a abraçar a quentura da pouca luz que incidia do céu. Mas a penumbra foi tecendo o cerco, apoiada pelo entardecer, enquanto voltávamos ao casarão, ao restrito convívio dum serão invernoso e parental…

O Domingo, amanheceu silencioso, prolongando a envolvência das névoas, não fora o petiz despertador. Todavia este 5º dia de inércia temporal, exigia medidas drásticas, e acabei por descobrir a fraqueza da gigantesca nebulosidade, em cima do tabuleiro da ponte, onde existia um enorme rasgão de claridade, como se tivessemos atravessado um buraco negro no firmamento e descoberto uma nova galáxia dentro do universo…
Desviámos para o interior, numa das estradas que segue para Sintra, ao som duma balada musical, e depois de uma intensa partida de futsal, do convívio pós esforço, para reposição líquida de calorias, extenuado, regressei aos aposentos citadinos, já com o cinzento mais recuado, fazendo guarda rasa na amplitude celestial…

Depois de almoço, levei o filho para um convívio escolar, qual baptismo nas andanças dos reecontros entre colegas de turma, do 1º ciclo, que se reagruparam com a professora, para reviver a camaradagem, com o pretexto duma colectiva ida à matiné…

A hora do jogo do Benfica deslindava-se com o anoitecer, com a família reunida no lar, ainda espreitei o jogo do Dragão, sempre esperançado que o Mozer pudesse fazer alguma “gracinha”, mas o Porto já triunfava por três bolas a zero…mas vi também um 4º periodo de uma final de Basquete, ganha com galhardia pelo Benfica ao FCP.
O Sporting não consegue impor uma regularidade, são muitos as personalidades e poucos os jogadores de qualidade ou experientes que materializem a estrutura directiva ou que mantenham a coesão dentro do campo, ou os adeptos incorrigiveis e inconformados, cada vez mais ausentes, erudito povo fadado para o sofrimento…

Finalmente, depois da janta, da preparação prévia para mais uma semana de trabalho, do uso e abuso da televisão e meios visuais, videojogos à mistura ou cantorias para afinar a veia artítica com vasto reportório nacional… Eis que estava completamente disponível para apreciar o jogo, transmitido da cidade de Coimbra…
Cidade de encantos, para quem tem que a abandonar depois do esporádico conhecimento, ou de outros encontros mais circuntanciais, distrito do meu recanto, escondido na beira serra, onde o mondego passa depois duma viagem acentuada, era o palco para mais um jogo do glorioso clube de futebol.

Nesta partida, que ditava o começo da segunda volta e onde queríamos seguir no rumo das vitórias, tirando a desforra do desaire caseiro, entrava em campo o Benfica 2011, empenhado e concentrado, trocando a bola, lateralizando, com os alas muito intervenientes, a abrir o jogo, com jogadas de encher o olho, a toda a largura, criando diversas oportunidades.
No entanto, a estatitisca começava a acumular desperdício na proporção inversa da posse de bola e dos ataques, e o golo demorava a aparecer. Foi preciso encontrar uma linha ou trajectória torta, para se escrever a direito o lance do golo, com um pontapé certeiro, numa tabela algo duvidosa…
Mas também não foram poucas as jogadas julgadas em desfavor, escritas pela ausência do apito, que justificavam outra escrita mais verdadeira. Apesar de tudo, a obtenção de mais um golo, seria o suficiente para dissipar quaisquer dúvidas, mas tal acabaria por não vir a acontecer…

O Carlos Martins quis marcar um belo golo em vez de apenas marcar o segundo, o Cardoso esteve sempre a menos para um Coentrão a mais, o Saviola parecia um pouco desgastado, tal como toda a equipa, que na derradeira meia hora já não teve gás para acelarar e atingir outro conforto no resultado…
É certo que a Académica se fechou bem, mas a redução numérica desde a meia hora, obrigava a outra atitude e a outro desempenho, que o resultado fosse mais disnivelado. Mas, como o golo na primeira parte não surgiu, os briosos começaram a acreditar que era possível suster o impeto e a vantagem encarnada, começaram a acertar com a marcação e por duas vezes pregaram um valente susto ao Benfica, que, por desleixo e excesso de confiança deixaram a Académica crescer e ficar perto do empate…

A entrada do Aimar veio estabilizar mais um pouco, o Salvio ainda foi dos mais esclarecidos na posse de bola, mas o Amorim, que tanto o auxiliou e defendeu, acabou por dar o estoiro… O relvado parecia muito escorregadio, o Benfica descansou muito cedo, talvez pressentindo que acabaria por ampliar a vantagem, mas a quebra de ritmo e concentração não deve ser apanágio de uma equipa que tem sempre que estar em alta rotação…

O Airton ainda não está rotinado o bastante para aguentar as redeas do meio campo, falta-lhe ainda mais minutos e serenidade, e se a equipa não está compacta, com o Martins ou Aimar e o Saviola a preencher o miolo, criando um colete de forças suficientemente apertado, a equipa ressente-se da ausência de domínio e da esmagadora superioridade …
No final o Coentrão ainda tirou da cartola um segundo cartão amarelo, que lhe vai permitir jogar contra o Nacional, num jogo muito importante para concretrizar mais uma desforra, no próximo fim de semana.

Antes, já 4ª-feira, o Jesus tem que começar a pensar no onze que vai apresentar diante do Olhanense, para o segundo jogo da Taça da Liga, sem que haja quebra de competitividade, num jogo em casa, que tem que ser encarado com outra dinâmica, com vista a alcançar mais um desfecho vitorioso, para ganhar mais moral, mas sempre com uma coerência e uma qualidade exibicional consentânea com o gabarito do Benfica…

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