sábado, 22 de janeiro de 2011

Um Benfica nacional, concerteza!

Benfica 4:2 Nacional

No compassado avanço semanal, o novo ano amealhou já mais duma vintena de dias; ultrapassado um mês após a instauração do Inverno, uma nova vaga glaciar veio fustigar este cantinho ocidental, com a graduação da temperatura pouco adequada ao bulício exterior numa amena cidade costeira…

Contudo, o esvanecimento da nebulosidade havia de descobrir a imensidão azul, restando apenas raras manchas de espuma branca a tingir o céu, sob o auspício de um rei fogoso mas empalidecido... mas o crepúsculo do fim-de-semana irrompeu cinza e cizudo, com uma claridade debotada no frio breu, acentuada ainda pela brisa fresca que nos havia de acompanhar na viagem para a concentração de basquete, que decorreu manhãzinha de Sábado, muito para além do pinhal que nos separa de Sesimbra…

Retornámos no sentido da Capital, atravessando novamente a floresta, meia península sem apeadeiros, e embalámos directamente para a Catedral, onde nos esperava uma nova actividade física, desta feita com direito ao aquecimento central das piscinas. O sol,  veio finalmente cumprimentar a terra e soube bem retribuir o cumprimento num alongado e saudoso reencontro …

A tarde continuou fria e itinerante, dividimos a miudagem entre a Catequese e uma Festa de aniversário, arranjando tempo para uma visita domiciliária à matriarca, que já se mostra mais confiante num pleno restabelecimento….
A reentrada no palácio dos sonhos meus, humilde casa no rés-do-primeiro-andar, deu-se já com a noite cerrada, gerando calor no fogo familiar que crepita do coração, no longo serão que estava pela frente, já a pensar no jogo do Benfica…

As horas foram ecoando pela casa, um abençoado tempo de descanso, marcando o ritmo do convívio e do entretenimento, sempre com o sentido na televisão. As notícias davam conta do frio que invade o continente, da semana gelada que se avizinha. No Estádio, apesar do acentuado arrefecimento, estava uma claque ruidosa, que logo encontrou motivos para festejar e aquecer de alegria…

O Benfica entrava na sua máxima força, mas o Nacional vinha de uma série de jogos sem perder, muito moralizado, com um grupo muito dinâmico e coeso, um punhado de bons jogadores, disposto a discutir o jogo, tentando o ataque num futebol positivo…

Mas, havia de ser o Benfica, ao minuto oito, depois de uma exclente jogada colectiva, pelo lado direito, que o Gaitan, depois dum remate do Saviola, haveria de marcar o primeiro golo… A equipa encarnada começou a pressionar alto, principalmente a sair com futebol apoiado, boas trocas de bola, com o Aimar a pautar o jogo...

Pela direita, o Salvio, em excelente forma física e anímica, dava que fazer, esticava o jogo sobremaneira. Mas o Nacional não queria só marcar presença, tudo fazia para importunar, de tal modo forçou o amarelo do Maxi. Do lado contrário, o Fábio, supersónico, estava em todo o lado, atacava com classe e rapidez, o Gaitan tentava acompanhar o ritmo, mas faltava-lhe objectividade, apesar do notável pé esquerdo… O Javi jogou uma enormidade, possante e a varrer o meio campo, ao seu melhor estilo. O sidney substituia o David, com classe e clarividência, apesar do seu desempenho mais discreto, mostrando-se incisivo no ataque… O Roberto esteve bem, mesmo que pudesse ter feito algo mais nos primeiros golos, evitou o terceiro...

Antes da segunda parte, sempre com o Benfica confiante, em crescendo, com a bola sempre a rodar, em alta cilindrada, haviamos de chegar ao segundo golo e mesmo que nos ultimos minutos o Nacional nos tivesse apertado contra às cordas, chegámos ao fim com uma vantagem de dois golos…

No reatamento, reaparecemos fortes, em alto rendimento, com o Salvio em grande, e num pressing maior chegámos ao 3º golo, depois de uma soberba assistência do Luisão e uma entrada oportuna do Cardoso. Depois o Benfica embandeirou em arco, continuou a jogar para o espectáculo e desprezou a solidez e consistência defensiva, ao mesmo tempo que se deve dar mérito ao Nacional que soube manter uma atitude competitiva, aproveitando o embalo do Benfica para sair em contra-ataque com muita actividade e eficácia...

A defesa é muito uniforme, o que abrilhantou mais este jogo e nos ultimos minutos, já com o Jara em campo, o Martins e o Menezes, com a vantagem mínima e o balanço moralizador dos forasteiros, ainda chegou para escladar o ambiente. Mas como os espaços eram globais, numa saída rápida, o Saviola foi até à linha e centrou para a cabeça do Jara, que apareceu a atirar para o fundo das redes e a ditar a sentença finalconsumando a segunda desforra da época, acabando com o suspense que começava a fazer-se sentir…

Foi uma boa vitória, aos poucos o Jara vai entrosando-se, constituindo-se como um bom reforço de Inverno. Se formos a fazer as contas, em relação às duas saídas, os três que entraram estão a revelar-se uns bons substitutos, o Carlos Martins está muito mais em forma que há um ano, o Coentrão nem se fala, só falta uma maior regularidade do Aimar, sendo que a diferença maior acaba por ser o sub rendimento, em vias de resolução, do Saviola...

Enfim, toda a equipa, nesta fase, está muito mais equilibrada e com maiores índices físicos e de confiança, pois até já começam a querer brindar os espectadores com nota artística, só falta calibrar ainda mais a parte defensiva, saber desacelarar o jogo, manter uma constante concentração, mesmo a ganhar por uma margem folgada, mas o Jesus já fez essa mea culpa…

No final houve um desentendimento, e não sabemos o que fez exaltar Jesus. Mas o Senhor Alves, também se viu sobre a linha no decorrer do jogo, e o convidado especial, de apelido Costa, bem quis complicar, mas o impeto e a onda encarnada foram mais fortes e estão aí para durar…

Depois das eleições, a futurologia, baseada na estatística, prevê que hajam mais cavacas para Belém - os outros candidatos não alegram o povo, nem levantam a apatia - o Benfica reaparece na 4ª-feira em Vila do Conde para disputar os 4-final da Taça de Portugal, num jogo que se prevê de grau de dificuldade acrescido, com poucos graus centigrafos, mas no qual depositamos uma fé abrasadora, a fazer fé na entrega e no crer das últimas exibições…

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