
Benfica 3:0 Guimarães
A semana começou com a cidade oculta na fria penumbra matinal... mas, até ao final da manhã, o sol já tinha deixado tudo a reluzir...
A terça-feira voltou a esconder os prédios mais altos e o padroeiro num espesso breu... mas, desta vez, a tarde, não se viu livre da cinza, para furor de Fevereiro, desnorteado com o tempo... promovendo o convívio nocturno do frio, detectado nas caminhadas pelo meio do furtivo encontro...
A quarta-feira fez-se anunciar de madrugada, com a chuva a cair no beiral, talvez por isso a cara enfarruscada da manhã... no caotico trânsito, avistado da janela do metro, que a greve de transportes, ainda mais acentuou...
A tarde foi trazendo abertas, espelhando o calor no azul... enquanto a noite não trazia o mais esperado confronto de paises, dos futebolistas mais exuberantes da actualidade...
A expectativa era grande, o jogo começou melhor para os alvi celestes, com o Messi, saltitante e pendular, do nosso lado, o Cristiano ia impondo o futebol com rapidez, despontava Nani, com toda a sua criatividade, o Meireles, de plantão à porta... o Coentrão, sem descurar a defesa, o Martins ainda a aprender.... E foi assim que o Bento, preocupado com a gestão fisica dos jogadores, abdicou da vitória para a nação, histórica e moralizadora...
O dia a seguir chegou afoito, ciente do poder da luz, brincando às escondidas com algumas nuvens esbranquiçadas, mas sem descurar o calor...
A semana aproximava-se do fim, a nebulosidade perdurava empalidecida, a fazer guarda à cidade, com a complacência do Cristo Rei, persistência que o inverno aproveitou para reaparecer, com uma contundente chuvada, lavando telhados e chão...
Sábado amanheceu o fim-de-semana, livre da chuva, aproveitámos as espreitadelas do sol para sair da carapaça, por os corninhos de fora...
A manhã nas piscinas da Luz, a tarde no pavilhão de Almada, pelo meio uma excelente refeição caseira com vistas espraiadas para o varandim de sol...
À noite fomos ao solar da família, do leão, lá para os lados do seixal, onde assisti a uma primeira parte prometedora, mas tudo foi levado pelo vento…
O Domingo acordou com o chamamento da chuva, a roupa do estendal entrou para a marquise, e a do corpo, estremunhado, saiu pela porta principal, ao encontro da prática desportiva, lá em terras distantes, enfrentando uma copiosa chuva no caminho, para preparo físico e convívio fraternal… com o filho por companhia...
Os aguaceiros caiam na rua, os golos no pavilhão, e o retorno pelas largas vias molhadas foi mais demorado, depois de uma colisão, de três viaturas, em cima do tabuleiro da ponte…
Com o reagrupamento do clã, o temporal parecia acalmar, à medida que forrava o estômago e recupervava da canseira muscular, a tarde começou a clarear. O piscar de olho, aliciou-me para uma saida com o gaiato, frenético, tal como o vento que se fazia sentir, e rapidamente, voltámos na sua asa, para o conforto do lar…
Para mais, o jogo do Benfica estava quase a começar, a transmissão pública levou-me para o quarto, qual camarote com direito a aposentos luxuosos e vista privilegiada para o televisor… O entardecer domingueiro da Luz, tinha levado quase 55.000 mil pessoas ao estádio, estava tudo engalanado para receber o Guimarães, para assistir a mais um bom jogo de futebol…
O meu olhar de analista concentrado, afundava-se no esponjoso conforto do lugar, no cego e apaixonado encarnado… mas com toda a cadência ia observando a constituição da equipa, dando largueza ao conhecimento, sentindo que haveria razões para acreditar no melhor…
A equipa maravilha (tanto que o LFV falou nela, e tantos que não acreditaram!), começou logo a querer demonstrar o seu poder, a afirmar-se dentro do campo, na procura do golo, com todo o empenho e obstinação… O Guimarães começou na expectativa e isso ainda galvanizou mais o Benfica, a posse de bola era esmagadora, as jogadas sucediam-se no meio campo contrário, a bola andava numa roda viva, sempre a procurar a baliza, as redes e a alegria dos adeptos…
Depois de encontrar as luvas do guardião Nilson, de beijar o poste e a barra, quase elouquecia, de pé em pé, foi uma cabeçada do Sidnei, que a fez alojar no fundo das redes… depois de um canto do Aimar, o Sidnei apareceu ao primeiro poste a desviar para o primeiro golo, decorriam cerca de 25 minutos, corolário duma boa exibição. Não marcou o Luisão, mas o companheiro dedicou-lhe o festejo, no dia de aniversário, 30 anos de vida, já quase com 8, de águia ao peito, o grande baluarte da defesa, com mais encontros dos estrangeiros…
Mas o jogo ainda não tinha terminado, apesar do Guimarães não dar mostras de querer começar, e o Benfica estava mandão, com toda a supremacia, mesmo que a bola não quisesse repetir a trajectória, dar mais descanso aos adeptos, mais brilho àquela partida de futebol…
O segundo tempo continuou com o Benfica avassalador, o Sidnei retribuiu a assistência, desmarcou o Aimar, que correu para a área, amorteceu a bola e desferiu um pontapé fatal, sem hipoteses de defesa… Adivinhava-se um jogo descansado, o conforto do resultado, a motivação e a dinâmica imprimidas, faziam adivinhar que a vitória já não iria fugir, apenas a dúvida na sua expressão…
Mas uma série de factores fez com que o escore não avolumasse: uma jogada limpinha do Saviola que o Major invalidou e um penalti clamorosamente desperdiçado pelo Cardozo, que não consegue calibrar o pontapé… Mas o Machado, astuto e rezingão, mexeu na estrutura da equipa, quis finalmente entrar no jogo, disputar o resultado, já não tinha mais nada a perder e avançou a sua equipa para tentar supreender…
Mas o Jesus, que não é nada cretino, soube segurar a avalanche e a ousadia vimaranense, fez entrar o Martins para refrescar o meio campo, o Aimar maravilha, já não é nenhum puto, e trocou o Saviola pelo Jara… O Cardozo também merecia dar mais uma oportunidade ao Kardec, mas seria penoso a sua retirada, o Coentrão supersonico está pronto para Alvalade...
Até ao final, com o Guimarães mais subido e afoito, o Benfica mais cansado e disperso, ainda a bola se deu a conhecer ao Roberto, mas haveria ser o Martins e fechar a contagem, fazendo um golo de se tirar o chapéu, uma cereja no topo de uma grande exibição…
À hora que terminava em Lisboa, Braga acendia holofotes para o embate com o Dragão, mas o arsenal está fraco para derrubar a armada dianteira, fracos aliados para podermos chegar mais perto… tal como constatei, já decorria o ultimo quarto de hora, com os visitantes a ganharem por dois golos…
No coração minhoto, o Vilas Boas, no seu geito acanhado, lá foi lançando labaredas, em resposta à provocação jornalística, demonstrando que a vitimização e a inveja, são cadeiras curriculares daquela escola, pois é sempre a marca do Benfica que ecoa mais alto, enquanto são eles que se sacrificam dentro do campo…
Uma coisa é certa, já desforrámos as 4 derrotas internas, sofridas até agora, contando com o jogo da Taça da Liga e estamos num bom momento de forma...
A semana vai prosseguir, até ao cume do Fevereiro, onde esperamos encontrar o tal de Valentim, para descer abruptamente na incerta meteorologia de Inverno até às profundezas da folia, ainda distantes, e do descanso abençoado…
Na quinta feira, regressamos ao bairro de Benfica, pela mesma hora, para jogar mais uma partida importante, que nos vai guiar pelos caminhos europeus; não será preciso jogar com tanto empenho, basta que entremos determinados, confiantes no passe, clarividentes na frente, convertendo uma ou duas oportunidades, não é preciso grande exuberância, apenas um exibição segura e eficaz! Viva o BENFICA!
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