domingo, 27 de fevereiro de 2011
Com tanta paixão... por um final feliz!
Benfica 2:1 Marítimo
O final da semana chegou num apice, ainda a comitiva encarnada voava do sul da Alemanha, enquanto o sono amainava na serena madrugada de 6ª-feira. O sol reapareceu venturoso, iluminando as ruas e o espírito, aquecendo a alma do nobre povo lusitano…
As pessoas esperavam o calor na largueza das praças, juntavam-se em redor dos bancos, ocupavam as esplanadas, davam vida à cidade antiga, agarrando o tempo que passava tão veloz como o vaguear do Metro…eu rompia com ele as Avenidas, ao encontro do trabalho, e observava as caricias que a luminosidade fazia à natureza e à população…
E foi com o mesmo enlevo que o tempo nos acolheu para mais dois dias de folga, esperançados embarcar noutras viagens, com vistas mais demoradas, rendidos à preguiça matinal, do Sábado ensolarado.
Então, observámos as velas que deslizavam pelo Tejo, da comprida varanda de metal, ao encontro da Luz. O menino esbracejava nas piscinas, ao lado, espreitava a nova loja do Benfica, onde um aglomerado de gente adquiria bilhetes, antevendo a enchente do dia seguinte, mas sem ninguém contar com a suplementar emoção…
Retornámos pelo miradouro, passámos ao largo do abraço fraternal, e entrámos pelas pacatas veredas do bairro para o anonimato e conforto do lar…
Enquanto o rapaz mais crescido orava a doutrina da catequese, fomos até ao aglomerado comercial, com o mais franzino, pedincha até exaustão… entre as compras essenciais, o tempo não está para despesismos, com a máscara para o entrudo escolar, algumas serpentinas para alegoria da ocasião, algumas prendas singelas, para garantir a presença em próximas festas de aniversário…
A noite chegou veloz, o convívio entre família polvilhou o serão de açucar, enriquecemos os laços afectivos no amadurecimento dos frutos conjugais… Depois do encanto e do relaxe, o Domingo acordou cedo, com laivos de genica… grupos de dois seguiram trajectos inversos, uns para o interior da pensínsula, outros pela linha de Sintra… ao encontro do futebol. A claridade ajudou a desbravar a estrada, a alcançar o Castelo altaneiro, o folego ajudou na correria do pavilhão, pontapés contra o sedentarismo corporal… mas o metabolismo pediu logo uma imediata reposição de calorias, o convívio prolongou-se pelo café, antes do reecontro familiar…
A tarde trazia o jogo do Benfica, ainda dia, talvez por isso o afluxo de adeptos, exceder os 54.000… até o entardecer chamar para a frente do televisor, ainda fui esticar mais as pernas com os gaiatos, esvoaçar pela rua, atrás das rodas da bicicleta e do girar da bola, arbitrar a brincadeira…
Finalmente, fatigado, assentado defronte do panorâmica janela, com a excitação dos pequenos engaiolados depois do livre alvoroço, tentei fixar a atenção no vermelho carregado do televisor…
Era a equipa habitual, com o regresso do Javi, do Saviola e a entrada do Jardel, mantendo-se o mesmo equema habitual… Contudo, se o esforço não foi notório na Alemanha, a motivação é um atenuante da fadiga, o jogo começou num ritmo lento, denunciando um relaxamento, ou um decréscimo de ambição… Na verdade, a diferença pontual do Porto não dá muito alento, mas o Benfica também está viciado em vitórias e já não consegue descansar…
Mas o jogo foi descobrindo um Marítimo fechando todos os caminhos (as equipas vão precavendo-se contra o futebol demolidor), aguentando como podiam, respondendo, nem sempre com prontidão… O Benfica foi jogando pausadamente, sempre pensando que o golo surgiria, não forçando o andamento como seria de desejar… e a primeira parte, apesar do dominio de bola, não trouxe grande caudal ofensivo, apenas um remate do Gaitan ao poste e uma cabeçada do Luisão à queima roupa, em posição frontal, e nem a cotevelada na bola merecia outro desenlace…
A segunda parte começou com o Benfica a carregar mais um pouco no acelerador, o Aimar a chegar mais às imediações da área, o Salvio e o Gaitan, mesmo sem turbo, a furar pelos lados, sempre com o Coentrão de foguete, o Maxi, desta feita esqueceu-se da lambreta, e o carrocel começou a querer engrenar…
Mas o Javi, algo perro, não soltava a bola com rapidez, o Saviola bem tentava os slalons diabolicos, mas o guarda-redes contrário começou então a brilhar. Mais uma bola na trave, mais um livre do Cardozo, mais uma defesa apertada num livre do Aimar e a bola não havia maneira de entrar…
Então chegou 1 hora de jogo, os visitantes começaram a entusiasmar-se perante o nulo persistente e os espaços concedidos, o Djalma começou a correr em desaforo, o Jardel sem pernas para o acompanhar, o Gaitan estampou-se na perseguição, e teve que se ausentar… e foi nesse instante de aspiração que o Roberto, na sequência dum canto, viu bola a entrar...
Faltava cerca de um ¼ hora para o final, o Jesus em pulgas, metia toda a carga no contentor, Jara, Kardec e Martins, todos se alinhavam na frente de combate… e eu, perante o assombro do encontro e a presença dos gaiatos, ia tentando serenar o meu desconsolo, proferindo palavras de tranquilidade… Pensava eu: o campeonato vai distante, assim apontamos baterias para as batalhas das taças; explicava eu: o Benfica nunca tinha empatado! E a bola iam chegando através de raids aéreos. Até que numa incursão pela esquerda, quem mais, o Coentrão, estendeu a passadeira pela área toda para o golo do empate do Salvio junto ao poste direito…
Ainda faltavam quase dez minutos para dar a volta ao resultado, apesar do desarrumo da equipa, da obsessão turvar a clarividência, os jogadores apostaram tudo naquela missão… E eis que, depois de um golo bem anulado, por obstrução do Cardozo ao guardião, que levou o Jesus e o Rui aos fanicos, depois de muitos tombos na relva, e outras tantas substituições, de incursões maritimistas ao nosso meio campo, com o Luisão a ditar a sua lei, eis que noutra jogada de insistência, pelo ar, a bola sobrou para o Coentão, amorteceu com o esquerdo e desferiu um remate certeiro, direitinho para o fundo da baliza, mesmo em cima do apito final… para gaudio dos muitos adeptos presentes, para exuberante festejo, depois de tanta água na fervura dos nervos, soltar a minha alegria natural…
E foi assim, com tanta amargura pelo feito que estavam a alcançar no continente, com tanta felicidade estampada no rosto dos jogadores benfiquistas que terminou mais uma apoteótica festa na catedral, onde ficou já a quentura para frenética disputa da meia final com o velho e ferido rival, na próxima 4ª-feira…
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