quinta-feira, 28 de abril de 2011
É preciso voltar a dar asas ao sonho!
Benfica 2:1 Braga (1/2 final Liga Europa - 1ª mão)
A Páscoa realçou a brancura dominical, o sol temperou os ares campestres no banquete familiar, aliança de vinho bom com a renovada esperança… um grito de liberdade pelo ressurgimento corporal, alegria expressa no fogo de artificio, ouvido no centro da cidade, ao romper da madrugada…
O dia da liberdade, foi comemorado com a pompa circunstancial, com os digníssimos presidentes a apelarem à estabilização da pátria, antes do impulso popular encher as avenidas, com as memórias revoltas deturpadas pela apreensão…
O recolhimento ofuscado pelo esmorecimento do Estado, premeditava já o regresso à roda viva escolar, à luta da labuta, com as ultimas manhãs de Abril, doces de dormir, a empurrar-nos para a alta roda…
O sol encheu os dias de claridade e calor, denunciando o bulício da cidade, nas admiráveis caminhadas para o trabalho, as esplanadas indiciam a amplidão térmica, o entardecer vai olhando de soslaio o horizonte, embelezando a natureza para a despedida de Abril…
No serão de 4ª-feira regressei ao desporto de pavilhão, para queimar amêndoas e desentorpecer a agilidade, e dei por mim a ouvir as saudosas melodias do Oceano Pacífico contornando a Lisboa amortecida e luzente…
O alvor de 5ª-feira, veio embrulhado em papel cintilante, um presente descomunal que reunia toda a gratidão e as melhores lembranças do aniversário do meu pai... o sol ajudou a desbravar do caminho, nas tarefas domésticas, no empenho no trabalho, e com a sorte dos audazes, recebi um telefonema pela manhã, a dar conta de bilhetes, para assistir à grande festa, lá mesmo, no meio da multidão, mais receosa que eufórica, mas sempre com a ânsia de nos recompormos, ficarmos já com o carimbo na mão…
O dia voou nas asas do sonho e da emoção e minutos antes do começo do jogo, lá estava eu com a bifana imperial, nas imediações da Catedral, antes da subida apressada para o terceiro céu… Quando me debrucei sobre o deslumbrante panorama já bola rolava, as bancadas quase repletas (57000), qual barril de polvora, à espera dum rastilho, duma jogada mais vistosa, dum golo para explodir… ao mesmo tempo vacilantes nas manifestações, sem conseguir contagiar os jogadores ou que estes conseguissem incendiar o ambiente…
A força descomunal da falange quase eplodia com o golo anulado ao Cardozo, mas o vão ruido emudeceu no mesmo instante, este ainda volatria a ter duas chances flagrantes, para se encontrar com os golos, para se redimir com os adeptos, mas a bola ou sobrevoava a barra e batia na base do poste, não o permitiram reconciliar…
O Braga sentia o jogo, o ambiente, mas o Benfica estava uns furos abaixo das anteriores eliminatórias, não conseguia soltar-se, as jogadas não saíam, as pernas não correspondiam e tudo era feito com muito esforço, com o Braga na expectativa, à espera dos livres do Viana, ou que o tempo passasse…
O Jardel era demasiado estático para o veloz Alan, o Cesar demasiado emperrado para furar pela extremidade, o Aimar corria que se farta, pela povoada zona central, à espera de chegar à area, contando com alguma desmarcação ou rasgo individual, mas quando a bola era perdida, havia um fosso muito grande entre o ataque e a defesa, o Martins e o Cesar nem eram verdadeiros alas, demasiado interiores, nem preenchiam o meio campo, a equipa estava desgarrada, com o Maxi e o Coentrão pouco interventivos….
A segunda parte trouxe um novo folego, uma nova chama esperava que o combustível chegasse para propagar o fogo pela assistência, eu que na primeira parte gritava com todos os jogadores, fui poupando a voz, mas o Benfica ia aumentando de volume, e numa jogada de insistência, o Jardel, à boca da baliza, faz o primeiro golo, levantando ruidosamente todos os presentes numa comemoração ensurcedora…
Depois, o apoio começou a sintonizar-se com o acerto no campo, qual efeito de bola de neve, que começava a crescer, mas eis que num livre, três minutos depois, a bola desviada à entrada da área pelo Vandinho, a defesa estava à espera dum raide aéreo e saiu um tiro curto a desviar a trajectória do atónito Roberto….
Com o balde de água fria, o Benfica voltou ao ritmo inicial, mesmo que tentassem lutar contra a maré, com uma maior velocidade, com as subidas do Coentrão, um maior envolvimento do Saviola, curto para tanto terreno, e do Aimar, cansado para tanto querer… e, num livre à medida do Cardozo, descaido para o lado direito, junto da área, eis que o seu magnífico pontapé esquerdo pôs a bola no fundo das redes, para gaudio da massa adepta, uma gritaria sem igual…
Foram dez minutos loucos, o Benfica voltava a estar na mó de cima, mas ainda não estava curado de tantos dissabores e o embalo não foi tão fulgente, no Braga entrava o Mossoró, o que veio dar mais qualidade de jogo na frente, mas entrava o Custódio e o Kaká para defender, em fases distanciadas, no Benfica trocavam-se os falsos extremos, pelo Jara e Gaitan, no final, havia mesmo de entrar o Airton, para segurar o meio campo…
O Benfica, apesar de tudo não conseguia chegar criar muito perigo, estou a lembrar-me dum lance na área do Cardoso, lento a decidir e a rematar, e o Braga tentava, a espaços, chegar ao empate, mas para o fim já não houve ânimo e pernas para qualquer das equipas arricascar, contentando-se o Jesus com a vitória e o Domingos com a desvantagem mínima…
O que é certo é que, mesmo com o resultado igual ao do PSG, nem jogámos tão bem, nem tivemos em desvantagem, por seu lado o Braga, nas anteriores eliminatorias, tinha sempre empatado fora de casa...
A final em Dublin, está em aberto, o Benfica parte em vantagem na deslocação a Braga, novamente com arbitro isento, mas não pode pensar em só defender, porque um golo fortuito pode acontecer, e talvez isso nos dê outra motivação, sempre esperando pelo ataque forçado do Braga, que tem que virar o resultado, aproveitando nós para chegar ao golo…
Segue-se o jogo no Algarve, no Domingo, dia da Mãe, dum Maio risonho e florido, com os jogadores mais frescos a ter nova chance para chamar a atenção do Treinador, e na 5ª-feira vamos todos confiantes até à cidade de Braga, carimbar com sacrificio e orgulho o passaporte para a segunda grande final da Europa…
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário