quinta-feira, 14 de abril de 2011
O sonho é que comanda a vida...!
PSV 2:2 Benfica (Liga Europa: 1/4 final - 2ª mão)
A semana persistiu pelo caminho árido da quaresma, sob o auspício do sol, retiro ofuscado pela perturbação económica e ajuda internacional.
O espírito vai tentando resistir à aspereza das passadas, longe da realidade da antiga palestina, onde alguém, de postura serena, despojado de bens, se tornou magnificente na terra e alcançou a excelsa vitória…
As temperaturas mantiveram o país escaldante, o Abril sem vestígios de águas mil, o solo vai cedendo a sua última gota de frescura para continuar a tecer a primavera, à espera que se cumpra o provérbio, que as asas da liberdade anunciem a glória divina, assente na Páscoa, que pulsa no coração e na alma…
Depois de cumprir a noite de futebol, confronto saúdável de um grupo de atletas, a madrugada foi estendendo um novo amanhecer, uma quinta-feira repleta de claridade… os rapazes foram aproveitando as férias, com saídas de estudo e recreio, enquanto nós enfrentávamos o cerco do trabalho, como justa retribuição do reforço familiar…
Depois de atravessar o dia quente, o regresso a casa apontava já a hora do jogo. A passagem pela cozinha para a refeição comunitária, antecedeu o estacionamento na sala de estar, estarrecido com as imagens vindas de Eindhoven. Os colossos europeus mediam forças, a vantagem gorda do Benfica dava algum conforto, para me reclinar no sofá…
Para mais, apesar da mudança de um jogador, os primeiros segundos da partida, desde logo mostraram um Benfica personalizado, a esboçar jogadas de ataque, na procura do golo. Até parecia que era para nós importante marcar, quando o resultado aconselhava a um jogo mais sereno, de bola no pé, para atingir o domínio com toda a segurança…
Fomos chegando à area, em lances bem desenhados, a defesa alta ia aniquilando as investidas contrárias, a equipa parecia ter o jogo controlado, mas a lesão do Salvio começou por retirar solidez na direita, e o PSV começou a criar mais perigo no ataque, a desenvencilhar-se daquela teia; o Maxi desconcentrou-se, e o golo chegou num lance rápido, por volta do primeiro quarto de hora…
Então, o gigante adormecido, o público que enchia o estádio, começou lentamente a acordar, e naquela fase de maior ascendente, apareceu o segundo golo por volta da meia hora, para gaudio dos holandeses…
O Benfica tremeu, eu comecei a ficar inquieto, afinal bastaria mais um golo para ficarmos eliminados, e com uma hora para jogar, com a toada a manter-se, se os jogadores do Benfica não se concentrassem, unissem esforços, se reencontrassem, e não voltassem a acreditar, tudo se poderia complicar…
Mas os jogadores lutaram, perceberam que tudo se estava a desmoronar, era preciso trabalhar mais e inverter o rumo dos acontecimentos, traquejo e qualidade já tinham provado não faltar, e apesar da avalanche e do crer dos da casa, o Benfica foi tentando reequilibrar, alcançar o golo que lhe daria novo folego…
E foi já depois da hora, antes do apito para o descanso, que o Luisão, após a marcação de um livre, conquistado e marcado pelo Martins do lado direito, fez um pontapé espetacular, com a bola a entrar no angulo superior esquerdo da baliza do PSV.
Foi nesse momento que eu saltei do sofá, o golo tinha vindo no momento certo, para colocar água na fervura, acalmar as hostes benfiquistas, para fazer repor os indices de confiança e fazer-nos de novo acreditar…
Claro que podemos sempre falar na alteração tática do Jesus, sinais de fraqueza, com a ausência do Aimar ou do Martins, apostando antes no Peixoto, claro que o meio campo ficou com menos técnica e com menos bola, claro que o Benfica poderia abordar este jogo com mais expectativa, beneficiando a posse de bola, pois era ao PSV que competia atacar, e estava à nossa espera, para aproveitar o espaço em contra ataque, mas, para provar que tudo é subjectivo, perante o crer e o caracter duma equipa (que o diga o Braga, o nosso próximo adversário), o César inventou uma penalidade, depois duma jogada individual, com todo o traquejo, já ia a meio a segunda parte. O Cardozo, que estava a fazer um jogo mais acertado, não desperdiçou e repôs a igualdade no jogo, com 6-3 na eliminatória.
A epílogo da eliminatória estava consumado, no escasso tempo que restava, com 4 golos de distância, apenas estaria por resolver o vencedor da partida; foi essa motivação, depois de se levantarem da queda, que trouxe o PSV de novo para o jogo…
O Benfica, já com o Aimar em campo foi batalhando, mais calculista, por alcançar também a vantagem, criando algumas jogadas, o turbo do Coentrão ainda se fez notar, a vontade do Martins, tal como a astúcia do Peixoto, que precisa de confiança para render o talento, o Saviola lá fez por cumprir o seu papel, mas, numa altura em que Jesus poderia ter feito entrar o Jara, para chegar à vitória, porque podia arriscar, pôs o Airton para murar o meio campo, segurar, pelo menos, o empate…e nada mais se pode apontar, afinal estamos numa semi-final tantos anos depois...
Claro que a virtude está entre saber defender e atacar, marcar golos e não sofrer, articular o ataque com arte defensiva, será preferível ganhar, marcando sempre mais golos, ou antes, jogar para não sofrer, tentando sempre a vitória?!…
Só que o Benfica segue a estratégia do treinador, a táctica já está enraizada nos jogadores, procurar sempre o golo, e isso fica sempre dependente que todos correspondam, que a defesa esteja coesa ou existam as devidas compensações… mas é assim que somos, vulneráveis vencidos ou soberbos vencedores... é assim que o sonho vai alimentando a vida, deste mui nobre e pacato povo lusitano!
Agora segue-se o jogo na Luz, no próximo Domingo, contra o Beira-Mar, dia que assinala o começo da semana santa, quando os ramos aclamaram a entrada de Jesus, a mesma multidão que o iria entregar, alguns dias depois... a meio da semana, teremos o embate do Porto, num jogo que temos que encarar como crucial e de capital importância, para almejar mais uma final, no mítico acampamento do Jamor, para isso teremos que nos sacrificar, até à morte... e já no final da semana - Sábado Santo, perante o assombro do silêncio, irrompermos de novo com o anúncio da vitória, na cidade de Coimbra…
Mas temos que dar passos firmes, incutir um espirito de conquista, não deixar que os argumentos de revolta ou inferioridade dos outros nos façam vacilar, que nos intimidem ou atribuam o favoritismo, temos sempre que entrar em campo com a determinação afonsina de batalhar arduamente pela vitória, com bravura e humildade, para continuar este lindo sonho, reforço da auto estima e do nosso caminhar!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário